Lembro-me de um dia, quando ainda era o CEO da Iron Mountain na Espanha, em que minha integridade foi colocada à prova de forma inesperada. Eu conduzia, junto com um diretor e a diretora de RH, o processo de seleção para uma posição estratégica. Após várias etapas e uma entrevista final comigo, todos concordamos: Maria Calvo era a escolha certa. Maria recebeu a notícia com entusiasmo, e nós estávamos ansiosos para tê-la na Equipe.
Dias depois, Maria ligou para a diretora de RH com uma notícia importante: ela estava grávida. Maria explicou que agradecia profundamente pela oportunidade, mas que só poderia construir uma relação profissional baseada em total transparência. Mesmo sabendo que isso poderia custar-lhe a vaga, ela precisava nos contar. Naquela época, há muitos anos, ela sabia que essa revelação poderia comprometer suas chances em diversas empresas, mas aceitou o risco para preservar sua integridade.
Logo após a ligação, a diretora de RH e o diretor entraram na minha sala em meio a uma discussão acalorada. "Maria Calvo está grávida", disseram.
De um lado, o diretor argumentava: "Paulo, não podemos contratá-la agora. Como você bem sabe, temos operações críticas nos próximos meses, e não posso ficar sem ela por um período prolongado. Precisamos de alguém que esteja disponível integralmente". Do outro lado, a diretora de RH defendia: "Paulo, Maria não tinha obrigação de nos contar, mas contou mesmo assim. Essa honestidade precisa significar algo! Honestidade é um dos nossos valores, não pode ficar só na parede. É exatamente esse tipo de profissional que vale a pena ter conosco."
Reconheço que essa discussão parece absurda nos dias de hoje, mas era (infelizmente) um dilema comum no passado. Refleti por alguns instantes e, sem hesitar, respondi: "Nós vamos contratar Maria Calvo".
Não tomei essa decisão porque me considerava uma pessoa iluminada ou moralmente superior. Essa escolha veio de um lugar mais profundo: a integridade foi um dos legados mais preciosos que meu pai, Seu Pedro, e minha mãe, Dona Delfina, me deixaram.
Mas é importante deixar claro: Maria Calvo não foi contratada por compaixão ou benevolência. Ela foi contratada porque era, objetivamente, a melhor candidata entre mais de uma dezena de profissionais que participaram do processo seletivo. Sua competência técnica, experiência e fit cultural eram superiores. E a gravidez não mudou esse fato.

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1 mês atrás
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