Desde que explodiu o caso Felca aqui no Brasil, o silêncio das marcas tem sido ensurdecedor. Mas vamos aos fatos. O que afinal as marcas poderiam fazer?
Um boicote? Elas fizeram, mundialmente, um boicote ao Twitter quando Elon Musk transformou a rede num vale tudo cibernético. Por meio da Global Alliance for Responsible Media (GARM), diversos grandes anunciantes deixaram de investir na plataforma por conta da preocupação com discursos de ódio e falta de moderação de conteúdo. Elas fizeram uma cartilha com diretrizes para restringir anúncios em conteúdos relacionados à exploração infantil, abuso, etc. E o que aconteceu? Tomaram um processo bilionário do Elon Musk nos Estados Unidos. Só de custo com advogados a GARM já está gastando milhões.
Além disso, outro dia mesmo, o órgão antitruste americano colocou uma condição para aprovar a fusão entre Omnicom e IPG (dois dos maiores grupos publicitários e donos de marcas de agências famosas no Brasil como Africa, Almap, DM9 ou WMcCan): eles não podem incentivar clientes a promover boicote às redes sociais porque, segundo entendimento do governo americano, seria uma faceta político-ideológica das marcas.
Deixar de anunciar por si só? Há um mês, vários CEOs de agências de publicidade brasileiras apareceram em depoimentos elogiosos nas redes da Meta em entrevistas promovidas pela própria Meta. (sim, um merchant). Fui perguntar a alguns sobre esse merchant e a resposta foi bem clara, direta e transparente: A Meta está entre os 3 maiores veículos do país, para onde vai boa parte da audiência e, portanto, do dinheiro dos clientes. O Whatsapp (que também é da Meta) é a coisa mais importante da vida das marcas e uma das ferramentas mais importantes que uma agência pode oferecer em 2025 para os clientes. Então, que marca deixaria de fazer anúncios nessas redes, perdendo em vendas? Not gonna happen.
Poder de barganha. Sabe aquele meio trilhão de faturamento por ano da Meta no mundo? Estima-se que de 75% a 80% venha de anúncios de pequenos e médios anunciantes. Então, apesar de investirem muito em propaganda nessas redes, as grandes marcas não têm exatamente muito poder de barganha para exigir alguma coisa.
O que fazer? Alô, marcas, não dá para botar seus lobistas trabalhando no Congresso pela regulação das redes sociais, especialmente pelo PL 2628 (que foi amplamente discutido com a sociedade civil e já aprovado no Senado, só faltando a Câmara)?
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