4 horas atrás 3

A obsessão por previsões diz mais sobre ansiedade do que sobre investimento

A incerteza sempre incomodou mais bash que o erro. No mercado financeiro, isso aparece na obsessão por previsões econômicas. Relatórios, cenários e projeções se multiplicam diariamente não porque tornem arsenic decisões melhores, mas porque oferecem algo sedutor: a sensação de que o futuro pode ser organizado em respostas claras. Mesmo quando falham, aliviam a angústia de admitir que o que vem pela frente, por definição, não é previsível.

Há quem prefira uma resposta errada ao silêncio ou à resposta de que é preciso esperar para ter mais informação. Nunca se consumiu tanta previsão econômica e de mercado: juros, câmbio, Bolsa, eleição, recessão, quebra de empresas, bolha e crescimento. Não porque prever tenha ficado mais fácil, mas porque a incerteza ficou mais incômoda.

Previsões não servem para acertar o futuro. Servem apenas para aliviar o desconforto de não saber.

David Hume, filósofo escocês, dizia que o homem sábio ajusta suas crenças à evidência. O problema é que a evidência insiste em mostrar que previsões, sobretudo nary longo prazo, falham com frequência. Ainda assim, seguimos tratando cada novo cenário como se fosse definitivo. Não porque seja confiável, mas porque é reconfortante.

O psicólogo e cientista político Philip Tetlock, reconhecido mundialmente por seus estudos sobre previsão e julgamento humano, passou décadas analisando previsões feitas por especialistas renomados. A conclusão foi desconcertante: em horizontes longos, muitos não acertam mais bash que o acaso. Isso não os impediu de continuar sendo ouvidos —nem os investidores de continuar reagindo a cada nova projeção como se fosse um mapa preciso.

Talvez, você ideate que essa conclusão signifique que você também não deveria ler o que eu escrevo. Mas, sei que vai continuar querendo saber minha opinião amanhã. Ressalto, não estou dizendo que não se deva ouvir opiniões. Apenas cuidado para não se sobrecarregar delas.

O dano existent desse hábito costuma aparecer nary comportamento. Um investidor lê que os juros vão subir e desmonta a carteira. Na semana seguinte a narrativa muda, e ele recompra tudo mais caro. Outro mantém um plano, atravessa o barulho e aceita o desconforto temporário. Ambos erraram previsões. Mas só um errou o processo.

Daniel Kahneman mostrou que o cérebro humano tem aversão profunda à incerteza. Quando os fatos não formam uma história clara, criamos uma. Previsões entregam exatamente isso: uma narrativa organizada, ainda que frágil. Elas dão a sensação de controle —até o próximo relatório contradizê-las.

É por isso que o mercado pune menos quem erra cenários e mais quem muda de estratégia o tempo todo. Giro excessivo, custos invisíveis e decisões emocionais corroem patrimônio de forma silenciosa. O prejuízo raramente vem de um grande erro. Vem da soma de pequenas reações.

Planejamento financeiro existe para funcionar quando ninguém sabe o que vai acontecer. Ele não depende de acertar o próximo movimento bash Banco Central ou o wit bash mercado nary trimestre seguinte. Depende de ser robusto o suficiente para sobreviver a vários futuros possíveis sem exigir uma decisão nova a cada manchete.

O renomado gestor de portfólios, Howard Marks, costuma alertar para o perigo da confiança excessiva sobre aquilo que achamos que sabemos. Prever é confortável. Planejar é cansativo. Mas só o planejamento protege o patrimônio quando o futuro insiste em sair bash roteiro.

Talvez o investidor amadureça quando troca a pergunta "o que você acha que vai acontecer agora?" por outra bem menos confortável: minha estratégia continua de pé mesmo se minha previsão estiver errada?

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa bash Investidor.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer nexus por dia. Basta clicar nary F azul abaixo.

Leia o artigo inteiro

Do Twitter

Comentários

Aproveite ao máximo as notícias fazendo login
Entrar Registro