Crédito, Stretto di Messina
- Author, Laura Gozzi
- Role, BBC News
Há 9 minutos
O governo da Itália deu aprovação final para um projeto de 13,5 bilhões de euros (cerca de R$ 99,5 bilhões) para construir a ponte suspensa mais longa do mundo, ligando a ilha da Sicília à região da Calábria, na ponta da Península Itálica.
Os projetistas afirmam que a ponte — que será construída em uma das áreas com maior atividade sísmica do Mediterrâneo — será capaz de resistir a terremotos.
Esta é a mais recente tentativa das autoridades italianas de lançar o projeto da Ponte de Messina — várias tentativas foram feitas ao longo dos anos, mas os planos foram posteriormente descartados devido a preocupações com os custos, danos ambientais, segurança ou possível interferência da máfia.
A primeira-ministra do país, Giorgia Meloni, admitiu que o projeto não tem sido fácil.
No entanto, ela afirmou na quarta-feira (06/08) que o considera um "investimento no presente e no futuro da Itália".
"Gostamos de desafios difíceis quando eles fazem sentido", disse Meloni.
Crédito, Planet Observer/Universal Images Group vía Getty Images
Os benefícios do projeto
De acordo com o projeto aprovado, a ponte sobre o estreito de Messina vai ter 3,3 quilômetros de extensão, e vai se estender entre duas torres de 400 metros de altura, com duas linhas de trem no meio e três faixas de tráfego em cada lado.
Roma espera classificar a ponte como um gasto militar para que ela entre como parte da meta da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) de destinar 5% do Produto Interno Bruto (PIB) para defesa.
O ministro dos Transportes, Matteo Salvini, líder do partido de direita Lega e aliado de Meloni, comemorou o marco, afirmando que o objetivo era concluir a ponte entre 2032 e 2033.
Ele também disse que a ponte geraria 120 mil empregos por ano e levaria crescimento econômico para a região. As regiões da Sicília e da Calábria são duas das mais pobres da Europa.
Além da ponte, o projeto contempla a construção de 40 quilômetros de estradas e ferrovias, explicou Salvini.
A previsão é de que seja cobrado um pedágio de menos de 10 euros (cerca de R$ 64) por carro para atravessar a ponte.
Crédito, Stretto di Messina
Obstáculos a serem superados
Mas o projeto ainda vai precisar ser aprovado pelo Tribunal de Contas italiano, assim como por agências ambientais, tanto a nível nacional quanto da União Europeia.
Os moradores locais de ambos os lados do estreito cujas propriedades podem ser expropriadas para o projeto também vão ter de ser consultados — e podem contestar legalmente a decisão, o que significa que a construção da ponte pode ser adiada ou até mesmo paralisada por completo.
Não seria a primeira vez que a construção da ponte é adiada. Desde que os primeiros planos foram elaborados, há mais de 50 anos, várias ideias tiveram que ser arquivadas por diversos motivos, e o projeto enfrenta forte oposição há muito tempo.
Isso incluiu temores de que enormes quantias de dinheiro dos contribuintes seriam desviadas pelas máfias da Sicília e da Calábria, que têm ampla influência sobre a política e a sociedade no sul da Itália.
Crédito, Gabriele Maricchiolo/NurPhoto via Getty Images
Na quarta-feira, alguns políticos locais reiteraram sua insatisfação com a decisão do governo.
O senador Nicola Irto, do Partido Democrático (PD), classificou o projeto de "controverso e divisionista", afirmando que desviaria "recursos cruciais que seriam destinados ao transporte local, à infraestrutura, a escolas seguras e centros de saúde de qualidade".
Giusy Caminiti, prefeita de Villa San Giovanni, perto de onde a ponte seria construída na costa da Calábria, disse que sua cidade seria gravemente afetada, e pediu mais tempo para as consultas.
O comitê popular da Calábria "Não à Ponte" criticou o anúncio de quarta-feira, argumentando que se tratava de uma manobra política, e não do resultado de uma avaliação técnica minuciosa.
Grupos locais que se opõem à ponte também afirmam que sua construção consumiria milhões de litros de água por dia, enquanto a Sicília e a Calábria lutam regularmente contra a seca.
Atualmente, a única maneira de os trens atravessarem o estreito é transportando os vagões em balsas, numa viagem de 30 minutos.
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