Acusada de apropriação cultural, Prada fará sandália de R$ 5 mil na Índia

Prada foi acusada de apropriação cultural. A polêmica começou há seis meses, quando a Prada apresentou em Milão sandálias semelhantes às Kolhapuri chappals, calçados artesanais do século 12, descritas apenas como "sandálias de couro". A apresentação gerou forte reação de artesãos e políticos indianos. Diante da repercussão, a grife admitiu a inspiração em estilos tradicionais da Índia e iniciou negociações para uma colaboração local.

A Prada assinou acordo com duas entidades estatais, a LIDCOM e a LIDKAR, responsáveis por promover o patrimônio do couro na Índia. A parceria, prevista para durar três anos, inclui programas de capacitação para artesãos no país e períodos de treinamento na Academia da Prada, na Itália.

Kolhapuri, calçado tradicional indiano, em uma loja em Nova Déli Imagem: Adnan Abidi - 27.jun.2025/Reuters

Produzidas à mão por comunidades frequentemente marginalizadas, as Kolhapuri chappals enfrentam queda de demanda e concorrência de imitações baratas. Artesãos esperam que a parceria aumente a renda, atraia jovens para o ofício e ajude a preservar o patrimônio cultural. "Quando a Prada endossa esse artesanato como produto de luxo, o efeito dominó tende a aumentar a demanda", afirmou Prerna Deshbhratar, diretora da LIDCOM. Segundo Bertelli, o projeto e o programa de treinamento devem custar "vários milhões de euros", com a garantia de remuneração justa aos artesãos envolvidos.

Anúncio da parceria vem após avanços legais na Índia. Depois do desfile da Prada, a Câmara de Comércio de Maharashtra decidiu patentear as Kolhapuri para evitar cópias futuras. Embora o calçado já conte com selo de indicação geográfica no país, o caso chegou ao Judiciário indiano, com fabricantes preparando uma ação contra a grife na Alta Corte de Bombaim, segundo a emissora Al Jazeera.

Com informações da Reuters e da DW