Ar-condicionado portátil para carros: como escolher e qual comprar

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No mercado brasileiro, não existem sistemas de ar-condicionado portáteis para serem usados em veículos. A ideia de um aparelho dessa categoria é realizar a normalização da temperatura de um ambiente fechado, a partir de processos de troca de calor entre o ambiente que se deseja condicionar e o exterior. Por isso, é irreal existir algum tipo de modelo que consiga funcionar de forma portátil dentro de um carro.

Os produtos intitulados como “ar-condicionado portátil para carro” são, na realidade, ventiladores bem simples, mas sem lâminas (chamados de “sem folhas” por algum erro de tradução de anúncios originais em inglês de lojas chinesas). Há também vários "mini ares-condicionados portáteis" a venda, que também não são potentes a ponto de receberem esse nome.

Esses produtos, independente do funcionamento, são ligados ou por USB (em geral limitada a 5 volts) ou pela saída de energia do veículo, que vai oferecer 12 volts. O produto não poderá ser usado dentro do carro se ele não puder ser alimentado de uma dessas duas maneiras.

Não. O motivo principal é algo que citamos antes: esses aparelhos não atuam trocando calor com o exterior, de forma que, na prática, eles não baixam a temperatura média do veículo. Eles podem gerar algum tipo de conforto térmico em dias quentes por algum tempo? Sim. Mas é importante que você entenda as limitações desse conforto, tanto em intensidade como em tempo.

No caso dos ventiladores sem lâminas, não há mistério: eles circulam o ar e podem ser direcionados para o motorista ou passageiro. O aparelho dá uma sensação de frescor quando o vento que ele produz incide na pele e atua na evaporação da umidade da pele, removendo calor e dando uma sensação de frescor. A limitação é que essa capacidade é limitada em ambientes muito quentes – o vento quente vai fazer você sentir mais calor – e em climas muito úmidos.

Esses ventiladores são bem compactos por não possuírem lâminas, tornando-os viáveis de usar dentro do carro. Além disso, muitos deles têm algum tipo de resistência para aquecer o ar e funcionar como aquecedores em dias frios. Porém, como você já deve ter percebido, essa combinação de ventilador e aquecedor está presente mesmo nos carros mais simples há décadas.

Existem também modelos que usam o mesmo conceito por trás dos chamados mini ares-condicionados portáteis. Nesse caso, o aparelho consiste em um ventilador, uma estrutura para circular água e um reservatório. A ideia é simples: você abastece o reservatório de água ou gelo e liga o dispositivo na saída de energia do carro.

O funcionamento desse tipo de produto é por evaporação. A princípio, você realmente vai sentir um ar mais gelado saindo do acessório. Mesmo assim, como a água vai sendo consumida e liberada no ar da cabine, com o tempo, o mini ar perde a capacidade de refrigerar o vento expelido pelo ventilador.

Em climas muito úmidos, essa combinação de evaporação constante e mais umidade carregada no ar vai até piorar a sua sensação de calor. Além disso, pode potencialmente deixar seu carro com um clima constantemente úmido, o que tende a causar mau cheiro e desgaste de superfícies.

Como vimos acima, não. Os produtos vendidos por aqui apelam para a desinformação do consumidor e emprestam termos que não são adequados, causando confusão e frustração para quem precisa encontrar uma forma de combater o calor enquanto dirige. No mercado norte-americano, em que os trailers e motorhomes são bem comuns, é comum que usuários adaptem sistemas de ar-condicionado portátil.

Para você não se confundir, e não acabar jogando dinheiro fora, vale uma dica para separar o que é ar-condicionado de verdade do que não é: um sistema de ar-condicionado precisa realizar um processo de troca de calor, e isso só é possível quando o aparelho está de alguma forma ligado ao ambiente externo de onde a saída de ar está instalada. Se não tem essa capacidade, não é ar-condicionado.

Como você já pode ter imaginado, não há muita comparação entre um sistema e outro: o ar-condicionado de verdade, que equipa o automóvel, é muito mais eficiente e vai proporcionar um conforto maior. Entretanto, ar-condicionado tem custo: o uso do recurso representa consumo maior de combustível e carros com ar-condicionado são naturalmente mais caros (embora sejam mais fáceis de vender depois).

No resumo, um sistema de ar-condicionado é um aparelho que realiza um processo de troca de calor. O ar do interior entra em contato com superfícies resfriadas por um fluido que, em estado líquido, tem uma temperatura bem baixa. Esse ar resfriado é liberado no interior do ambiente em que o aparelho está instalado.

O fluido, ao gelar o ar, troca calor com ele e aquece, ficando gasoso. No formato de gás, o fluido circula para o exterior, onde passa por processo de condensação e/ou compressão para ficar líquido de volta. Nesse processo, ele acaba liberando calor no meio externo. Líquido de volta, esse fluído circula para dentro do carro, justamente para reiniciar o processo e manter a cabine na temperatura desejada.

O ventilador é mais simples: é um sistema de motores elétricos que movem ar em uma determinada direção. Não há nenhum fenômeno termodinâmico ocorrendo aqui, o ar não perde calor em nenhum momento. O ventilador dentro do carro — seja um embutido no painel ou algo que você compre separadamente — pode dar uma sensação de frescor quando em contato com a pele, mas há limitações.

Mesmo automóveis mais baratos são vendidos com sistemas de ventilação e aquecimento, de forma que é bem discutível até que ponto você precisa de um sistema adicional. Porém, talvez seu modelo de carro tenha ventilação de menor intensidade ou você resida em uma região de clima muito seco e alto calor. Nesses casos, um sistema de que aumente a umidade até pode ser uma boa ideia.

Independente do mérito dos produtos vendidos como ar-condicionado portátil para carros, é inegável que eles não são tão caros. No Mercado Livre, encontramos um modelo de ventilador sem lâminas por R$ 66 (em compra internacional). Já um climatizador de ar que você pode ligar no carro fica em R$ 54.

Para comparar, existem sistemas de ar-condicionado automotivos que podem ser instalados em diferentes modelos de automóveis. Encontramos um completo com compressor, tubulação e painel no Mercado Livre com 20.000 BTUs de capacidade a R$ 3.794. Esse custo que não considera o serviço de instalação, que precisa ser feito por um profissional especializado.