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Brasileira morre na Alemanha após vazamento de gás na casa onde morava; família tenta repatriar corpo e trazer filhos

O caso aconteceu na cidade de Cölbe, segundo Larissa Kevlyn Sares da Silva, filha da vítima. A família começou a desconfiar de que algo havia ocorrido quando Luciana parou de responder a mensagens e ligações. Em meio ao luto, os parentes estão preocupados com a tutela dos filhos da pernambucana e com os custos para a repatriação do corpo, que podem chegar a R$ 100 mil (saiba mais abaixo).

"Minha mãe é uma pessoa que fala constantemente comigo, então a minha avó estranhou ela não ter falado, no final do domingo (14) e na segunda (15). E aí eu tive a notícia, na terça-feira (16), que ela tinha falecido, quando eu estava me arrumando para trabalhar. [...] Quem me disse foi o companheiro dela, que também foi hospitalizado, mas estava na UTI. Ele só conseguiu me falar na terça-feira porque tinha ido para a CTI [Centro de Terapia Intensiva] do hospital e conseguiu pegar o celular", disse a filha.

Veja os vídeos que estão em alta no g1

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Luciana morava na Alemanha, com os filhos Kauã Emanuel Soares da Silva, de 8 anos, fruto de um relacionamento anterior, e Maria Khatarina Soares da Silva, de 2 meses, filha do companheiro que estava hospitalizado após o vazamento de gás.

"Minha mãe foi morar na Alemanha em janeiro deste ano. Ela já tinha ido várias vezes, mas passava três meses e voltava. Até que ela conseguiu o visto e conseguiu também autorização para colocar meu irmão na escola", contou Larissa.

Após a confirmação da morte, a família entrou em contato com o Consulado Geral do Brasil em Frankfurt para obter informações sobre o corpo de Luciana e sobre a situação das crianças. Segundo a representação brasileira, o consulado está desde terça-feira (16) em contato com os parentes (veja nota mais abaixo).

"Ele [o companheiro de Luciana] falou com a gente, mas estava muito sedado, muito dopado, então ele falou e sumiu. E a gente ficou desesperado, sabe? [...] A gente foi atrás do Consulado Alemão e foi aí que a gente conseguiu ter a confirmação do óbito da minha mãe, confirmou a entrada deles no hospital. Depois, ele [o companheiro] conseguiu falar aos poucos e disse que Kauã e Maria, que são os meus irmãos, estavam sendo apenas medicados, mas que estavam bem, e ele ainda estava muito mal", afirmou Larissa.

Sem outros parentes na Alemanha e preocupados com a situação das crianças, a família buscou ajuda de amigos e do hospital para obter informações.

"Muitos conhecidos na Alemanha começaram a ligar para o hospital, uma amiga que é enfermeira, só que eles não passam informação para quem não é parente. [...] Quando foi ontem [quarta-feira, dia 17 de dezembro], ele [o companheiro de Luciana] saiu do CTI, ele foi para para um quarto, e ele conseguiu ligar por chamada de vídeo para o meu pai ver Kauã", declarou Larissa.

À esquerda, Larissa, Luciana e Kauã Soares da Silva; à direita, Luciana com os filhos Kauã e Maria — Foto: Reprodução/WhatsApp

Ainda de acordo com ela, a família tenta viajar para a Alemanha o mais rápido possível, já que não há responsável legal pelas crianças: Kauã é filho apenas de Luciana, e Maria ainda não foi registrada pelo pai alemão. Larissa relata, ainda, que o consulado informou que o irmão mais velho está em um lar temporário, mas a família não conseguiu confirmar se a bebê está no mesmo local.

"Quando ele [o companheiro de Luciana] recebeu alta, ele voltou para casa para pegar o celular de Kauã e deixar com ele para ter o contato direito com a gente, já que o companheiro da minha mãe não poderia ficar com ele porque não é filho dele. Só que quando ele voltou lá, Kauã já não estava mais lá. Eu não sei como é que se chama, mas vou falar do jeito que eu entendo. Ele estava no Conselho Tutelar, na Vara da Infância, e eles tinham levado meu irmão e a menina", contou.

Além da angústia por não ter contato com as crianças, a família busca reunir ajuda financeira para custear a ida de parentes à Alemanha e o translado do corpo de Luciana para o Brasil.

"A gente não tem nenhum contato mais com meu irmão. A gente não sabe quem é essa família, a gente não sabe onde está essa família. O corpo da minha mãe, saiu o óbito hoje [quinta-feira, dia 18 de dezembro] pela manhã, que provavelmente um gás que esquenta a casa vazou pela lareira. [...] O que me conforta, o que me consola, é que minha mãe morreu dormindo, ela não sentiu dor. Eu acho que ela desmaia e vai adormecendo", disse Larissa.

Em nota, o Consulado Geral do Brasil em Frankfurt informou que está:

  • realizando "todos os esforços possíveis e cabíveis dentro de sua atribuição legal e institucional";
  • em contato com autoridades policiais, de saúde e de tutela dos menores locais;
  • informando e instruindo a família sobre "como agir e proceder em relação ao caso, tanto da repatriação do corpo quanto do monitoramento da situação dos menores brasileiros envolvidos".

Ainda de acordo com o Consulado, o processo da guarda provisória dos menores e a apuração sobre as circunstâncias da morte de Luciana cabem exclusivamente às autoridades competentes alemãs.

Com a morte de Luciana Soares da Silva, a família precisa repatriar o corpo para o Brasil. Ao g1, a advogada especialista em Direito de Família e Sucessões, Luciana Brasileiro, explicou que o processo de repatriação do corpo pode custar cerca de R$ 100 mil.

"A repatriação é você trazer o corpo de uma pessoa que faleceu de volta para o seu lugar de origem preservando, obviamente, regras que são regras de ordem sanitária. Mas também, a questão da dignidade do corpo humano. A gente tem um um princípio basilar no direito, que é o princípio da dignidade humana. Precisa ser utilizado com muito cuidado, mas que ele tem um valor imenso, que é o fato de você lançar luzes sobre a dignidade de qualquer pessoa em qualquer circunstância", disse.

Ainda de acordo com a advogada, no processo de repatriação de um corpo é preciso que a família entre em contato com o consulado ou embaixada do local para onde precisa ser transportado para solicitar algumas declarações e, assim, contratar um translado para o corpo. Entre os documentos necessários, estão:

  • certidão de óbito;
  • laudo médico informando as causas da morte;
  • declaração sanitária para o transporte do corpo;
  • autorizações das autoridades internacionais ou da família.

"A rigor, essa essa repatriação, ela não é um ato gratuito, nem é responsabilidade do consulado ou eventualmente da embaixada fazer essa repatriação. Os custos devem ser arcados efetivamente pela família. [...] As hipóteses que eu consigo vislumbrar, que autorizariam essa repatriação, digamos assim, de maneira gratuita ou de maneira custeada, é quando, de fato, há uma justificativa plausível ou quando há uma prova de que, efetivamente, a família não teria como fazer essa repatriação, porque não é barato", disse.

O texto também estabelece as seguintes exceções:

  • se a família comprovar incapacidade financeira para o custeio das despesas com o translado;
  • se as despesas com o translado não estiverem cobertas por seguro da pessoa que morreu;
  • se o falecimento ocorrer em circunstâncias que causem comoção; e
  • se houver disponibilidade orçamentária e financeira.

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