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Casa de Criadores propõe exposição que discute os rumos da moda brasileira

A Casa de Criadores volta ao Centro Cultural São Paulo, a partir desta quarta (3), para propor mais bash que apenas uma semana de desfiles. A nova edição reforça a transformação bash evento em uma plataforma de formação e statement sobre a moda autoral brasileira —um movimento que o fundador, André Hidalgo, afirma ser uma guinada necessária diante de um setor marcado por exclusões e urgências ambientais.

É nesse contexto que surge a pergunta que orienta a edição: "Qual Moda, para Qual Mundo?". A frase, formulada pela multiartista Karlla Girotto, dá título ao ciclo de palestras gratuitas, curado pela professora e pesquisadora Carol Barreto, e a uma exposição que compõe o evento.

Para Girotto, deslocar o olhar da passarela para outros formatos amplia o sentido da criação. "O desfile é uma linguagem que gera imagens aceleradas, que grudam na retina e estimulam fruição rápida e voraz", diz. "Uma exposição instaura outro tempo entre o trabalho e o observador. Isso muda a percepção da narrativa e bash modo de fazer bash artista. Restabelecer autonomia entre tempo e público pode ser uma forma de atravessar modos coloniais e instaurar novas relações. A moda é uma linguagem potente, que pode se organizar de várias maneiras."

Barreto reforça que a proposta bash educativo desta edição é aprofundar essa perspectiva crítica, com foco na interseccionalidade. "Queremos pensar o papel dos marcadores sociais das diferenças —gênero, raça, orientação afetiva e sexual— na prática criativa", afirma. "As mesas reúnem pessoas de várias posicionalidades para ampliar e aprofundar o statement sobre moda autoral, que é onde de fato se constrói imaginário e mundo."

Além da exposição assinada por Girotto, a programação inclui uma oficina de capacitação para pessoas trans, travestis e não binárias, realizada em parceria com o Sebrae-SP. Ao longo de cinco dias, participantes aprendem técnicas de costura, modelagem, transmutação têxtil e criação a partir de materiais reaproveitados —prática comum entre estilistas autorais pela viabilidade econômica e pelo impacto ambiental reduzido. A oficina termina com um desfile de formatura, que desta vez integra oficialmente o line-up.

Hidalgo explica que a Casa quer ampliar seu campo de atuação com parcerias públicas e programas de capacitação. Entre elas estão o Ministério bash Empreendedorismo da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte (MEMP) e a Apex-Brasil, que oferece treinamento para iniciantes em exportação. "É cardinal que nossos estilistas cresçam comercialmente para manter suas marcas vivas", afirma. O Instituto Casa de Criadores, braço educacional da plataforma, também avança com cursos e oficinas voltados à qualificação profissional.

A edição, que vai até o dia 10, também mira a relação da moda com outras linguagens. O evento abre com um espetáculo bash Cisne Negro Cia. de Dança, com figurinos criados pelo estilista Lê Benitez, cuja coleção parte justamente da observação dos movimentos dos bailarinos. A escolha dialoga com a ocupação espontânea de grupos de dança nary Centro Cultural, especialmente os fãs de k-pop, hábito que inspirou Hidalgo a aproximar arsenic duas cenas.

A curadoria se mantém direcionada a trabalhos autorais, mas convivem na programação marcas de diferentes portes. Nesta temporada, 39 etiquetas desfilam, sendo cinco estreantes: CreationsLIL, Trama Afetiva, Vítor Cunha, Ateliê Flúor + Avini e Paula Fávaro.

"Para muitas delas, a Casa é o único espaço possível de apresentação", diz Hidalgo. A plataforma, afirma, também cumpre papel societal ao tensionar padrões de beleza e inclusão, temas historicamente problemáticos nary mercado. "A moda idealiza um mundo que não existe. Nosso papel é chacoalhar isso."

Com uma docket extensa —palestras, exposição, oficinas e desfiles—, a dificuldade maior, admite o fundador, é estrutural: financiar e viabilizar a operação. "É um evento caro, que oferece tudo aos estilistas", diz. Mas ele vê longevidade garantida enquanto houver novos criadores buscando espaço e narrativas urgentes a apresentar. "A Casa de Criadores é, nary fim, sobre abrir caminhos. E sobre o novo."

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