O deputado estadual Delegado Olim (PP), novo presidente do conselho de ética da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), diz que pretende pautar a análise da denúncia de violência doméstica contra o deputado Lucas Bove (PL) em poucas semanas, mas já descarta cassação.
Ele é acusado de agressão pela influenciadora Cíntia Chagas e nega o ato de violência.
"Cassação? Esquece. Ela [Chagas] já está até com outro", afirmou Olim, ao ser perguntado pela coluna se há clima no colegiado para o afastamento do deputado. "Mas não quero nem saber, vou pôr na pauta e o que decidir, decidiu. Só vou esperar todo mundo ler", completou.
Após a publicação deste texto, Olim enviou nota ao Painel em que afirma que seu papel é de coordenar os trabalhos, "não tendo poder para definir sozinho o resultado de qualquer processo". "As decisões do colegiado são tomadas por maioria de votos dos seus membros", acrescentou.
Ele disse também que o processo ainda não passou pela fase de admissibilidade e tramita sob segredo de justiça.
"Portanto, nenhum de seus membros, seja da atual ou da antiga composição, está autorizado a divulgar seu conteúdo ou qualquer análise de mérito. Por fim, salienta-se que também há um procedimento criminal em curso, o qual poderá influenciar diretamente a condução e eventual desfecho do processo ético-disciplinar em questão."
Chagas registrou boletim de ocorrência contra o deputado em setembro de 2024, acusando-o de abusos físicos e psicológicos, o que gerou uma medida protetiva e uma investigação pela 3ª Delegacia de Defesa da Mulher, que corre sob sigilo.
O caso desencadeou uma guerra de versões entre o casal. A deputada Mônica Seixas (PSOL), então, protocolou uma manifestação contra Bove no conselho de ética, pedindo sua cassação.
Olim, que assumiu o colegiado no último dia 13 de maio, diz que pretende "limpar a pauta" primeiro e depois priorizar o caso de Bove. Antes dele, só há mais uma representação na fila, contra o deputado Capitão Telhada (PP), que concedeu uma medalha a um médico condenado por estupro, caso revelado pelo Painel.
O tema estava na agenda da reunião desta terça (3), mas não houve quórum, como já aconteceu diversas vezes nos últimos meses. "Quero ver se eu mato logo isso. Já era para ter matado o do Capitão de Telhada", afirma Olim.
"O clima na Assembleia não é de punição, então para ele [Bove], quanto antes for pautado, melhor. Todo mundo finge que não tem nada acontecendo, muito diferente da época do Mamãe Falei [cassado em 2022 por áudios sobre ucranianas]", critica a deputada Paula da Bancada Feminista (PSOL), única mulher na comissão, junto a oito homens.
Bove diz querer que o tema seja analisado o mais rápido possível e também espera que o caso seja arquivado. Ele defende que sequer foi acusado na Justiça até o momento, que os deputados que leram os autos viram que não há provas contra ele e que não é possível ser cassado "com base em prints".
Também nega que haja um acordo da base para ajudá-lo e afirma que a Alesp tem um histórico de justiça em ocorrências de machismo, como as de Mamãe Falei e Fernando Cury, que apalpou o seio de uma colega em 2020. "Sou inocente, e quem não deve não teme", declarou ele à coluna.
Para evitar vazamentos, apenas os membros da comissão podem ter acesso aos autos, em uma sala no gabinete do Delegado Olim. Eles só podem entrar sozinhos, sem assessores nem celulares, apenas com papel e caneta. Segundo Olim, esta será a praxe agora para casos que envolvam famílias de deputados.
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