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Como as baratas podem ser solução para a indústria energética

Ainda que consideradas sujas e indecentes, as baratas guardam um “segredo” que pode remodelar o modo como pensamos a produção de bioenergia. É isso que sugerem pesquisadores do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em artigo publicado na revista científica BioEnergy Research, a capacidade digestiva desses insetos é analisada a fundo: como, historicamente, as baratas desenvolveram um metabolismo “coringa”, capaz de processar com muita eficiência uma ampla gama de alimentos, e como essa habilidade pode ser aplicada em soluções mais econômicas e sustentáveis de produção de energia.

Em entrevista ao Jornal da USP, Marcos Buckeridge, professor do Instituto de Biociências da USP, explica a intenção da pesquisa: “Ao compreender como plantas e animais processam matéria orgânica, é possível identificar funções metabólicas que podem ser adaptadas para uso industrial”. O estudo utilizou a barata Periplaneta americana – a mesma espécie encontrada em ruas de ambientes urbanos. “O objetivo não seria criar usinas lotadas de baratas, mas entender como elas fazem uma digestão tão completa para podermos reproduzir isso em escala industrial”, afirma. Para o acadêmico, inspirar-se nas baratas pode ser a chave para aproveitar melhor o bagaço de cana-de-açúcar na indústria, por exemplo.

 Reprodução/ Pixabay Marcos Buckeridge: “O objetivo não seria criar usinas lotadas de baratas, mas entender como elas fazem uma digestão tão completa" — Foto: Reprodução/ Pixabay

O inseto é muito importante ecologicamente. Tirando como exemplo o processo de degradação das fibras de cana, o intestino da barata funciona como uma linha de produção. Na primeira fase, existe uma espécie de mastigação, em que estruturas de quitina (os “dentes” da barata) trituram as fibras. Em seguida, proteínas encontradas na câmara digestiva do inseto quebram e absorvem a biomassa do produto. É nessa etapa que a maioria dos açúcares é quebrada - e é aí que mora o interesse da indústria bioenergética. Por fim, a biomassa chega à “casa dos microrganismos”, onde bactérias e residentes do intestino finalizam a digestão. Essa sequência é aquilo que, nos estudos, intriga os especialistas.

A viabilidade econômica é o grande desafio para reduzir a emissão de poluentes: o processo ainda possui um custo muito alto – financeiro, industrial e espacial. E é nesse cenário que a replicação do coquetel de enzimas (proteínas aceleradoras de reações químicas) produzido no trato intestinal de baratas pode acelerar e aumentar a eficiência da produção de energia limpa, diminuindo o custo final.

“Isso seria uma boa resposta para a procura por uma alternativa sustentável, barata e eficiente para produção do bioetanol (sem produtos químicos agressivos e com temperaturas moderadas) que minimizassem os impactos ambientais da indústria bioenergética”, completa Marcos Buckeridge, que considera a pesquisa um possível marco para a ciência.

Com informações de Jornal da USP e BioEnergy Research

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 Divulgação/Um Só Planeta Um Só Planeta atualizado — Foto: Divulgação/Um Só Planeta

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