Vladimir Putin e Masoud Pezeshkian em 17 de janeiro de 2025

Crédito, AFP via Getty Images

Legenda da foto, Embora Moscou tenha enaltecido sua parceria com o Irã, o acordo não exige que a Rússia ajude militarmente Teerã
  • Author, Steve Rosenberg
  • Role, Editor de Rússia
  • Há 24 minutos

Ainda assim, a mídia russa foi rápida em enfatizar possíveis pontos positivos para Moscou.

Entre eles, estavam:

  • O aumento nos preços globais do petróleo, que, segundo as previsões, deve encher os cofres da Rússia;
  • O desvio da atenção global da guerra da Rússia contra a Ucrânia. "Kiev foi esquecida" foi o título de uma notícia do jornal Moskovsky Komsomolets;
  • E se a oferta do Kremlin de mediar o conflito fosse aceita, a Rússia poderia se apresentar como um ator importante no Oriente Médio e como um pacificador, apesar de suas ações na Ucrânia.

No entanto, quanto mais tempo durar a operação militar de Israel, maior será a percepção de que a Rússia tem muito a perder com os atuais acontecimentos.

"A escalada do conflito traz sérios riscos e custos potenciais para Moscou", escreveu o cientista político russo Andrei Kortunov no jornal Kommersant na segunda-feira (16/6).

"O fato é que a Rússia não conseguiu impedir um ataque em massa de Israel contra um país com o qual [a Rússia] assinou uma parceria estratégica abrangente há cinco meses."

"Claramente, Moscou não está preparada para ir além de declarações políticas condenando Israel, nem está pronta para fornecer ajuda militar ao Irã."

O acordo de parceria estratégica assinado pelo presidente russo, Vladimir Putin, e pelo presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, no início deste ano, não é uma aliança militar.

Ele não obriga Moscou a sair em defesa de Teerã.

Na época, no entanto, Moscou enalteceu o acordo.

Em entrevista à agência de notícias Ria Novosti, o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, observou que o acordo dava "atenção especial ao fortalecimento da coordenação em prol da paz e da segurança a nível regional e global, e ao desejo de Moscou e Teerã de estreitar a cooperação em segurança e defesa".

Um drone Shahed de fabricação iraniana sobrevoando a Ucrânia

Crédito, Reuters

Legenda da foto, A Rússia dependeu fortemente nos drones Shahed do Irã em sua guerra na Ucrânia, mas agora os fabrica localmente

Nos últimos seis meses, Moscou já perdeu um importante aliado no Oriente Médio, Bashar al-Assad.

Após a deposição do líder sírio em dezembro do ano passado, ele recebeu asilo na Rússia. A perspectiva de mudança de regime no Irã e a simples ideia de perder outro parceiro estratégico na região vão ser motivo de grande preocupação para Moscou.

Ao comentar sobre os acontecimentos no Oriente Médio na terça-feira (17/6), o jornal Moskovsky Komsomolets concluiu: "Na política global, neste momento, estão ocorrendo grandes mudanças em tempo real, que vão afetar a vida em nosso país, direta ou indiretamente."

Vladimir Putin vai passar grande parte desta semana em São Petersburgo, onde acontece o Fórum Econômico Internacional da cidade, realizado anualmente.

O evento já foi chamado de "Davos da Rússia", mas o rótulo não se aplica mais.

Nos últimos anos, os CEOs de grandes empresas ocidentais têm mantido distância — especialmente desde a invasão em larga escala da Ucrânia pela Rússia.

No entanto, os organizadores afirmam que, neste ano, representantes de mais de 140 países e territórios vão estar presentes.

É quase certo que autoridades russas vão usar o evento para tentar demonstrar que as tentativas de isolar a Rússia por causa da guerra na Ucrânia fracassaram.

Pode ser um fórum econômico, mas a geopolítica sempre está por perto.

Vamos observar de perto todos os comentários que o líder do Kremlin fizer sobre o Oriente Médio e a Ucrânia.