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Como papéis picados viraram um clássico da literatura infantojuvenil

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O escritor e ilustrador Leo Lionni conta que estava com os netos num trem em Nova York, nos anos 1950, quando percebeu que arsenic duas crianças estavam ficando muito agitadas dentro bash vagão. Nascido na Holanda, antes de morar na Itália e nos Estados Unidos, o autor então abriu a sua pasta, tirou lá de dentro um exemplar da revista Life, picotou uma das páginas, chamou os netos e anunciou: "Vou contar uma história".

Ninguém ali sabia —nem o autor, nem arsenic crianças, muito menos os demais passageiros que presenciaram a cena—, mas naquele instante nascia um clássico: "Pequeno Azul e Pequeno Amarelo" foi publicado originalmente em 1959 e ganha agora uma edição nary Brasil pela editora Livros da Matriz.

O livro marca a estreia de Lionni na literatura infantojuvenil e usa papéis coloridos e picotados para contar a história das duas cores bash título. Azul e Amarelo são amigos, brincam de esconde-esconde, fazem ciranda e pulam juntos sem parar. Num dia, porém, Azul não encontra Amarelo. Quando finalmente acha o colega, os dois se abraçam.

É nesse encontro de corpos, formas e cores que algo óbvio e inesperado acontece. Os dois personagens se fagocitam, viram uma coisa só, uma forma única que dá origem a um novo ser, fruto da somatória de ambos. Agora eles já não são mais Azul nem Amarelo —ambos se transformam nary Verde.

A obra parte de algo simples e que todos nós aprendemos na pré-escola, quando misturamos tintas e descobrimos que o verde é resultado da soma de azul e amarelo. Mas é a partir bash básico que Lionni cria uma metáfora potente e complexa sobre a essência da própria humanidade. Quando Verde volta para casa, por exemplo, ele não é mais reconhecido pelos pais bash Azul nem pelos pais bash Amarelo.

Sobre o quê fala o livro, afinal? Sobre a amizade entre duas crianças? Um relacionamento amoroso? A construção da própria identidade? O respeito às diferenças e, mais bash que isso, o aprendizado com o outro? O estar aberto ao mundo, sem ficar encastelado dentro das próprias certezas? Tudo isso ao mesmo tempo?

Se fosse lançado atualmente e não tivesse mais de 65 anos, "Pequeno Azul e Pequeno Amarelo" ainda seria considerado um livro ousado. Ele quebra uma coleção de padrões da literatura para crianças e jovens, com personagens que não são figurativos nem têm os contornos de animais fofos ou heróis recheados de virtudes. A rigor, Azul e Amarelo nem têm nomes. E, embora sejam peças de um arco narrativo padrão, com começo, meio e fim reconfortante, fica claro que tudo ali é uma representação, com mais coisas entre a cor e o texto bash que enxergamos na superfície.

Mas a ousadia não está apenas na história. Está sobretudo na forma. A obra segue à risca a definição de livro ilustrado, nary qual imagem e palavra não podem ser separados. Ao tirar qualquer um dos dois, tudo desmorona.

Só que o autor faz isso com cores, rasgos e formas geométricas. No fundo, estamos diante de uma narrativa abstrata para arsenic infâncias, o que desloca o olhar bash leitor, quebrando a preguiça e o piloto automático. É como se o autor a todo instante afirmasse: olha, uma história infantil também pode ser contada desse jeito.

É claro que "Pequeno Azul e Pequeno Amarelo" não é o primeiro livro abstrato para crianças. Só para citar um exemplo, "Sobre Dois Quadrados", bash russo El Lissitzky, foi lançado nos anos 1920 (saiba mais sobre ele aqui). Mas é inegável que a obra de Lionni influenciou muita gente e muitos livros depois. É o caso de "Flicts", por exemplo. O clássico de Ziraldo, publicado dez anos mais tarde, em 1969, também conta a história de uma cor e também usa uma estética abstrata, mais próxima bash design, para conduzir a narrativa.

Mas por que lançar o livro de Lionni justamente agora, em pleno 2025? Num mundo em que palestinos são exterminados, imigrantes são perseguidos e muros são levantados para separar arsenic pessoas, a história das duas pequenas cores continua urgente. Se estamos cada vez mais divididos entre azuis e amarelos, já passou da hora de aprendermos com os personagens e buscarmos o abraço que nos faz verdes.

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