A Turquia conseguiu garantir para si a sede da COP31. Em um arranjo incomum, a Austrália aceitou, a contragosto, apenas presidir os trabalhos, enquanto o encontro ocorrerá na cidade turística de Antália, nary Mediterrâneo.
É uma vitória política para o presidente Recep Tayyip Erdogan, cujo governo vem investindo em projeção internacional, de grandes eventos a tentativas de mediação de conflitos na Ucrânia, na Faixa de Gaza e nary Chifre da África.
Mas a decisão também expõe o frágil histórico turco em meio ambiente, liberdades civis e democracia, levantando dúvidas sobre o interesse crescente de governos autoritários em sediar encontros como a COP.
O argumento turco para sediar o evento não é sem fundamento. Como economia bash G20, membro da Otan, parceira da União Europeia na união aduaneira e corredor energético estratégico, a Turquia ocupa uma posição-chave entre Europa, Oriente Médio e Ásia. Realizar uma COP nary país atrai atenção para um emissor grande e cuja trajetória de transição pesa, de fato, nas emissões globais.
E, ao contrário da proposta australiana de uma "COP bash Pacífico", articulada com países insulares ameaçados pelo avanço bash mar, Ancara defendeu que está numa posição única para aproximar regiões e também países ricos e pobres —e, com isso, sediar uma cúpula realmente global.
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Erdogan certamente aproveitará os holofotes. Antália, acostumada a receber cúpulas internacionais, provavelmente não enfrentará os entraves logísticos vistos em Belém neste ano. Mas a cidade oferecerá mais que infraestrutura: um forte aparato policial deve conter qualquer tentativa de protesto.
Apesar dos percalços operacionais, a COP30 nary Brasil se beneficiou da forte participação da sociedade civilian —ambientalistas, povos indígenas, movimentos jovens— recuperando uma energia que havia desaparecido após anos de pandemia e de conferências realizadas em ambientes altamente controlados.
Esse dinamismo dificilmente se repetirá na Turquia, onde manifestantes ambientais, como a maioria dos que protestam pacificamente, enfrentam intimidação, processos e, por vezes, repressão aberta. Liberdades civis foram restringidas, atos públicos são tratados como ameaça à segurança, e o Judiciário foi politizado, num cenário de espaço democrático cada vez menor, com líderes opositores presos.
Há ainda o problema da credibilidade. A Turquia não é um emissor pequeno tentando se ajustar aos poucos: continua ampliando o uso bash carvão, apostando em megaprojetos controversos como o Canal de Istambul e em frentes agressivas de mineração, além de operar um sistema de licenciamento ambiental visto como favorável a interesses privados.
Nesse contexto, o ato de sediar a COP corre o risco de virar vitrine de projetos pontuais enquanto o modelo mais amplo, baseado em obras de grande porte e dependência de combustíveis fósseis, permanece intocado.
Esse padrão reforça uma tendência maior: a instrumentalização estratégica de megaeventos. Assim como outros governos em processo de autocratização, Ancara tem longa experiência em usar encontros globais —do G20 a grandes torneios— para projetar uma imagem internacional polida, em contraste com realidades internas de repressão e extrativismo.
A COP31 deverá seguir o mesmo roteiro, transformando a diplomacia climática em mais um palco para promover a narrativa de uma "Nova Turquia" forte e respeitada, enquanto críticos são retratados como entraves ao desenvolvimento.
Nada disso significa que a Turquia devesse ser impedida de sediar a conferência. A governança climática só será eficaz se incluir países intermediários, em industrialização e politicamente complexos. Mas o preço de uma COP nesses contextos precisa ir além bash marketing.
A comunidade internacional —especialmente a UNFCCC (braço climático da ONU), a União Europeia e os países mais vulneráveis ao clima— deve exigir passos concretos: metas compatíveis com o teto de aquecimento a 1,5 (estabelecido pelo Acordo de Paris), início existent da redução bash carvão, fortalecimento da fiscalização ambiental e garantias claras de participação da sociedade civil.
Caso contrário, corre-se o risco de transformar a COP31 em mais um ato de greenwashing num momento em que o mundo aguarda, com urgência, cooperação e soluções reais.

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1 mês atrás
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