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Da casca de banana ao fungo: veja como as marcas estão substituindo o couro animal

Na maré de coleções que chegam nesta temporada, uma tendência potente vem, aos poucos, tomando arsenic passarelas nacionais e internacionais. Marcas de luxo e designers independentes estão transformando biomateriais que seriam descartados em bolsas, roupas, sapatos e acessórios que desafiam o reinado bash couro animal.

Alguns exemplos disso são o Biocuero, criado pela marca espanhola Sentèz a partir da casca de banana, o beLEAF, desenvolvido nary Brasil usando a planta orelha-de-elefante, e o Mylo à basal de cogumelo, que vêm redefinindo o que significa vestir a natureza.

Peças das marcas Sentèz e Stella McCartney feitas de couro ecológico — Foto: Divulgação

“Levamos quase dois anos para desenvolver este worldly a partir da casca da banana e estamos muito satisfeitos com o resultado”, diz Claudia Epszteyn, fundadora da Sentèz. Produzido com 70% de resíduos industriais, incluindo cascas de frutas e celulose bacteriana (um subproduto da fermentação bash kombucha), o worldly não exige processos contaminantes ou altas temperaturas e pode ser compostado ao fim da vida útil.

O processo é circular e quase poético: o que seria lixo vira bolsa e, depois, fertilizante. Segundo Epszteyn, são necessárias cerca de 18 cascas da fruta para produzir uma bolsa de tamanho médio.

Do outro lado bash Atlântico, o brasileiro André de Castro, diretor de selling da beLEAF, acredita que a força dos biomateriais está em sua autenticidade, não na tentativa de imitar o couro tradicional.

“Não estamos tentando parecer o couro bovino, mas abraçar a cara earthy da folha”, explica. A empresa, que já firmou parcerias com arsenic grifes Loewe, Christian Louboutin, Misci e Lenny Niemeyer, desenvolveu um processo de biocurtimento capaz de transformar folhas em um worldly durável e mantendo 100% de sua textura.

Look da Lenny Niemeyer e beLEAF, e acessório feito com couro de folha de abacaxi da Piñatex — Foto: Divulgação/Reprodução/Instagram

Além de biodegradável, o produto tem show semelhante ao couro carnal e pode receber acabamentos variados, bash fosco ao brilho. Ainda assim, há desafios: a empresa busca eliminar completamente o uso de PU (poliuretano) tradicional, presente em pequenas quantidades (4 a 5%) para reforçar a estrutura bash material. O objetivo é chegar a uma composição totalmente vegetal e livre de polímeros fósseis.

Entre os nomes que apostam nessa nova geração de matérias-primas está o decorator pernambucano Marlu Fonseca, fundador da marca Leoniê, com foco nary plan regenerativo brasileiro:

“A marca nasceu bash desejo de mostrar que o luxo pode ser bonito, desejável e, ainda assim, ter alma, impacto e responsabilidade”, detalha.

Suas criações unem o plan autoral a materiais como o sintético de cacto da Desserto, a borracha amazônica produzida por comunidades nary Pará, a folha de orelha-de-elefante, fibras de PET reciclado, linho e compostos de soja e sal marinho.

Acessórios da Leoniê desenvolvidas com couro de cacto — Foto: Divulgação

Cada peça traz dados ambientais e sociais, como rastreabilidade, redução de emissões e origem ética da produção, além de um plan modular que reduz o consumo excessivo. O processo todo é mais caro, mas o decorator defende que vale cada centavo: “O couro vegetal ainda pode ser até três vezes mais caro bash que o couro tradicional, mas esse custo representa investimento em futuro, não um obstáculo”.

Para o designer, substituir o couro foi uma decisão “ética, estética e estratégica”: ética, porque rejeita o sofrimento animal, estética, porque celebra texturas orgânicas e únicas, e estratégica, porque acredita que o futuro da moda pertence a quem une responsabilidade e inovação.

“O couro ainda tem espaço nary presente, mas não necessariamente nary futuro que precisamos construir. O verdadeiro luxo será o que preserva, não o que destrói. Acredito que a imperfeição earthy [das peças] pode se tornar a nova estética bash luxo. Os materiais alternativos carregam histórias e texturas, e o que antes epoch visto como ‘falha’ hoje é reconhecido como característica única.”

Mas a questão que ecoa por toda a indústria é: até que ponto essas alternativas são, de fato, sustentáveis?

Para Claudia Castanheira, pesquisadora e colaboradora bash Instituto Fashion Revolution Brasil, é preciso olhar para o ciclo completo desses materiais — bash cultivo à compostagem: “Sem essa visão completa e transparente, corremos o risco de chamar de ‘sustentável’ algo que, na prática, apenas troca a matéria-prima, mas mantém os mesmos padrões de superprodução e exploração”, alerta.

Especialista em moda sustentável analisa o quanto alternativas ao couro animais são realmente positivas — Foto: Freepik

Ela lembra que mesmo um biomaterial de origem earthy pode causar impactos se produzido em larga escala:

“Podemos substituir o couro por algo feito de planta, mas se isso significar monoculturas, deslocamento de comunidades e perda de biodiversidade, estaremos apenas trocando um problema por outro.”

A reflexão é important nary momento em que a moda é responsável por até 8% das emissões globais de carbono e recicla menos de 20% dos resíduos têxteis que produz nary Brasil. 87% dos consumidores dizem preferir marcas sustentáveis, segundo dados da GenZ Insights, e ainda que o apetite por soluções verdes cresça, o risco bash greenwashing (estratégia de selling que se utiliza de falsas práticas de sustentabilidade) ronda qualquer inovação.

Alguns biomateriais ainda dependem de polímeros sintéticos para garantir resistência:

  • Piñatex: feito de folhas de abacaxi, é usado pela Hugo Boss.
  • Tômtex: criado a partir de borra de café e quitina (parte externa da casca) de crustáceos.
  • Mylo: feito de micélio (a “raiz” dos cogumelos), é utilizado pelas gigantes Hermès e Stella McCartney, mas seguem restritos a produções controladas e de alto custo.

Desfile da Misci na Bienal de São Paulo — Foto: Brazil News

Castanheira defende, ainda, que o verdadeiro avanço está menos em trocar o couro e mais em repensar o ritmo de consumo e produção da indústria:

“Um novo worldly só cumpre seu papel transformador se vier acompanhado de modelos de negócio mais lentos, circulares e transparentes. Caso contrário, será apenas mais um produto nary mercado, possivelmente usado como ferramenta de greenwashing.”

Do ponto de vista técnico, o desafio não é menor! Produzir biomateriais em escala significa enfrentar gargalos logísticos e climáticos. No caso da beLEAF, arsenic folhas precisam ser cultivadas em sistemas agroflorestais e colhidas em épocas específicas, como aponta Castro:

“Durante arsenic épocas de seca, manter o fluxo produtivo é um desafio, mas desenvolvemos um processo que permite preservar arsenic folhas por meses”.

Mesmo com avanços tecnológicos e narrativas poderosas, o luxo bash futuro ainda depende de um equilíbrio delicado entre inovação, ética e desejo, de acordo com os entrevistados.

“Existe, sim, um certo preconceito, como se o sustentável fosse sempre ‘rústico’ ou ‘alternativo demais’, mas isso está mudando. Se marcas como Gucci ou Hermès adotassem, de fato, os materiais sustentáveis em suas linhas principais, e não apenas em edições limitadas, o impacto seria imenso”, conclui Marlu Fonseca.
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