A Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) estuda adotar uma série de medidas de segurança após uma mensagem com ameaças ter sido enviada aos emails institucionais das deputadas da Casa. O autor do texto afirmou que iria "estuprar, matar e queimar" todas as 24 deputadas, citando nominalmente algumas delas. As deputadas de todos os partidos representados na Alesp receberam o texto no último sábado (31).
O texto detalhava o ataque, incluindo o modelo das armas que seriam usadas. Também direcionava parte das agressões a bandeiras defendidas por elas, como a causa animal, além de conter ofensas racistas e capacitistas.
A mensagem estava assinada com o nome de um homem de 29 anos que se identifica como "masculinista" (suposto oposto ao feminismo) e incluía seu número de CPF. Ele afirmava ainda que o conteúdo estava "criptografado".
A polícia apura a suspeita de que o caso envolva o que foi descrito às deputadas como uma "briga de hackers", e que a mensagem tenha sido enviada por uma terceira pessoa com o objetivo de incriminar o homem citado no texto.
Ele foi detido e ouvido pela polícia na segunda-feira (2), mas negou envolvimento no crime. O homem teve computador e celulares apreendidos. A polícia apurou que ele vinha provocando outro homem na internet. Uma das linhas de investigação é a de que esse terceiro possa ter sido o autor das ameaças.
Ainda no sábado, o homem identificado na mensagem postou em sua conta no Instagram um texto dizendo que seu nome estava sendo usado por criminosos.
As deputadas iniciaram a reação à mensagem ainda no fim de semana. Além de acionarem a polícia e a presidência da Alesp, o grupo articulou uma nota pública conjunta em que afirmavam que não seriam silenciadas.
Treze delas também apresentaram uma queixa-crime e pediram providências a dois órgãos da Polícia Civil. A operação que apreendeu o material com um dos suspeitos aconteceu logo após essa movimentação.
O presidente da Alesp, André do Prado (PL), recebeu uma comissão de deputadas na tarde desta terça-feira (3) para tratar do tema, acompanhado de representantes das polícias Civil e Militar.
A reunião foi suprapartidária e contou com a presença de nomes como Dani Alonso (PL), Ana Carolina Serra (Cidadania), Andrea Werner (PSB), Monica Seixas (PSOL), Beth Sahão (PT) e Leci Brandão (PC do B).
Além de apresentar o trabalho de investigação feito até o momento, André do Prado ofereceu um treinamento específico para reação a atentados. Os policiais solicitaram que as deputadas deixassem disponíveis os computadores em que receberam a mensagem, para eventual perícia.
As deputadas pediram que fosse oferecida escolta policial àquelas que se sentirem ameaçadas. O argumento foi que, apesar das suspeitas preliminares apontarem para uma briga virtual, parte do grupo relatou ter ficado traumatizada com a violência da mensagem.
O presidente da Assembleia tratou as ameaças como "graves" e disse que estudará medidas para aumentar a segurança. "O envio desses emails deixou todos nós abalados, inconformados, e vamos até as últimas consequências para chegar aos autores dessas ameaças", afirmou.
Sobre o pedido de escolta, disse que o tema será analisado caso a caso, pois não foi um requerimento do conjunto da bancada, mas poderá ser atendido "de acordo com cada vulnerabilidade".
Ele lembrou que o regimento interno já permite que as deputadas tenham carro blindado, custeado pela verba de gabinete, e afirmou que, embora o prédio da Assembleia já conte com controles de acesso —como detectores de metal e registro biométrico facial de todos os visitantes—, as medidas de segurança serão revistas.
Embora o aumento do efetivo policial na Casa tenha sido descartado, as deputadas propuseram que os PMs que atuam no Legislativo façam mais rondas internas.
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