Os investidores no mercado financeiro brasileiro ficaram preocupados com uma potencial deterioração do Orçamento do país caso se concretize a ideia de tornar gratuito o transporte público em todo o Brasil. O deputado Tatto disse, em audiência pública sobre a implementação do programa Tarifa Zero em Diadema (SP), que o presidente Lula determinou ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que "prepare estudos para implementar e lançar ainda neste ano" um programa federal semelhante ao da prefeitura da cidade da Grande São Paulo para todos os modais de transporte coletivo de passageiros. O custo estimado para manter um serviço do tipo é de R$ 100 bilhões por ano.
Embora a chance de a proposta sair do papel seja considerada remota por fontes da área econômica ouvidas pela "Agência Estado", os ruídos em torno da medida influenciaram nos preços dos ativos brasileiros, ao ampliar a cautela sobre o quadro fiscal do país. "O mercado discutiu o custo dessa eventual medida. Vimos números que vão de R$ 35 bilhões a R$ 100 bilhões, ninguém sabe como vai ser financiado, o tamanho do programa, quantos dias da semana seriam ao certo de gratuidade. Isso gerou uma incerteza grande", disse um participante do mercado à agência, mencionando também, em segundo plano, o ambiente externo também mais avesso a risco desta quinta-feira (2).
Na área fiscal, o mercado está receoso, ainda, com os efeitos da isenção do IR para as faixas de renda mais baixas. Embora estejam previstas compensações para a perda de receita com essa medida, como a alíquota mínima de 10% para rendas anuais acima de R$ 1,2 milhão e a tributação de dividendos, há dúvidas sobre o peso dessa mudança no Orçamento da União e seus eventuais impactos sobre a inflação no Brasil.
O economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, disse que o clima de "gastança" no Executivo e no Legislativo, com o receio de que mais pautas populistas venham à tona às vésperas da eleição majoritária de 2026, pressionou os ativos no mercado. A indisciplina fiscal pode levar a um aumento da inflação e a um risco maior de que o governo tenha dificuldade de honrar seus compromissos.
A renúncia no projeto do IR é certa, mas a compensação é incerta. A preocupação fiscal voltou à tona, e ainda o 'mood' eleições. Vale lembrar que nenhum projeto que cria ou amplia benefícios pode ser feito em 2026 por causa da legislação eleitoral, então há forte receio de que projetos populistas ganhem tração neste último trimestre.
Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos
O shutdown do governo americano também está contribuindo para aumentar a tensão no mercado financeiro ao ameaçar atrasar a divulgação de indicadores econômicos importantes para balizar as expectativas. Amanhã, é esperada a publicação da taxa de desemprego e do ritmo de criação de novas vagas no mercado de trabalho (o relatório payroll), dados usados pelo Fed (Federal Reserve, o banco central do país) para tomar decisões sobre o rumo das taxas de juros. Mas, como a administração pública está parada pelo impasse sobre o Orçamento, é possível que os números não saiam, deixando o mercado sem referenciais. Nesta tarde, o presidente da filial de Chicago do Fed disse que o BC norte-americano está "operando às cegas" sem a divulgação indicadores econômicos em razão do shutdown.

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2 meses atrás
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