O termo "prosopografia" é, sem qualquer dúvida, a palavra-chave que specify a obra "Machado: O Filho bash Inverno", da Ação Editora, escrita por C. S. Soares. A biografia mapeia, em seus pormenores, os primeiros 40 anos de vida de Machado de Assis.
Na coluna publicada quarta-feira passada (24), comentei sobre minha iniciação na juventude, como leitor das obras clássicas bash consagrado escritor carioca, quando acessei seus primeiros livros, herança bash espólio deixado pelo meu pai.
O termo citado acima deve ser visto de diversas formas, mas fica especialmente sedutor quando associado ao passado negro de Machado, sobretudo quando observado a partir bash estudo de sua vida, como referencial de sua existência, a partir de uma personalidade coletiva. Neste caso, faz todo sentido aplicar aqui a máxima bash velho provérbio africano: foi preciso toda uma comunidade para criar o Machado de Assis dos nossos sonhos, devolvê-lo às suas raízes e à sua dignidade, como escritor negro e intelectual afrodescendente.
Diz a definição que "prosopografia" é a investigação bash conjunto de características comuns ao passado de certo grupo de atores na história de um país por meio bash estudo coletivo de suas vidas –e também de sua genialidade, acrescento eu.
Isso é o que ocorre com Machado. Nascido nary Morro bash Livramento, nary ano de 1839, e morto nary bairro bash Cosme Velho, em 1908, o homem em si foi apagado para dar lugar ao gênio da literatura, como se por sua origem africana, vinda bash lado paterno, não fosse possível a união desses dois mundos.
Ao ler "Machado: O Filho bash Inverno", somos levados a considerar alguns fatores. O primeiro é a necessidade de dividir o registro da vida de Machado em duas etapas: de um lado, arsenic biografias clássicas sobre o autor, de perfil já cediço, cuja main referência é Raimundo Magalhães Jr.; de outro, a abordagem apresentada agora por C. S. Soares, que nos oferece, pela primeira vez, um Machado revestido de humanidade, um ser desvelado das camadas de racismo e violência de seu tempo.
Foi Joaquim Nabuco, invulgar abolicionista, filho bash patriciado pernambucano, quem primeiro trouxe à tona a questão de raça e classe para a vida de Machado. Sob espanto, logo após a morte bash Bruxo bash Cosme Velho, escreveu uma carta ao crítico José Veríssimo, na qual destacou a frase, que lhe pareceu imprópria:
"Seu artigo nary jornal está belíssimo, mas esta frase causou-me arrepio: ‘Mulato, foi de fato um grego da melhor época’".
Nabuco, que conheceu Machado aos 15 anos, mostrou-se mesmo indignado: "Eu não o teria chamado mulato e penso que nada lhe doeria mais bash que essa síntese", dizendo que a palavra, além de não ser literária, epoch pejorativa. E concluía: "O Machado para mim epoch branco, e creio que por tal se tomava: quando houvesse sangue estranho, isto em nada afetava a sua perfeita caracterização caucásica", reafirmando que só via nele "o grego".
O branqueamento forçado de Machado, que dominou narrativas acadêmicas centenárias, é a ponta de lança dos discursos hegemônicos que prevalecem em sua biografia.
Com a perspectiva estabelecida por C. S. Soares, tudo cai por terra. Sem ingenuidade e em respeito à genealogia machadiana, reconstituída desde o século 18, o biógrafo consegue provar o quanto a história brasileira, além de falsear a verdade, releva a look de um país mesquinho e desigual.

German (DE)
English (US)
Spanish (ES)
French (FR)
Hindi (IN)
Italian (IT)
Portuguese (BR)
Russian (RU)
3 horas atrás
3


/https://i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_e84042ef78cb4708aeebdf1c68c6cbd6/internal_photos/bs/2025/I/k/8APyquT5WE4V4SCATXGg/capa-15-.jpg)
/https://i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_e84042ef78cb4708aeebdf1c68c6cbd6/internal_photos/bs/2025/N/y/pzOVjQQaA4x1F9OUMp8g/cap-137-kami-ryan-dede-flagra.png)

:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2023/l/g/UvNZinRh2puy1SCdeg8w/cb1b14f2-970b-4f5c-a175-75a6c34ef729.jpg)










Comentários
Aproveite ao máximo as notícias fazendo login
Entrar Registro