Antes de participar do AWS Summit, a executiva responsável por serviços profissionais e agentes de IA na AWS falou à coluna sobre o potencial do Brasil, nuvem soberana, agentes de IA e habilidades para navegar nessa nova realidade. Também comentou sobre a parceria entre OpenAI e Amazon, que levou os modelos da dona do ChatGPT à plataforma da empresa de Jeff Bezos para desenvolvedores criarem aplicações.
"A era dos agentes de IA já começou. Os agentes de IA não apenas raciocinam, mas também planejam e se adaptam para buscar metas pré-definidas, inclusive completando tarefas por humanos ou outros sistemas. Isso muda fundamentalmente a forma de construir aplicações"
Francessca Vasquez, vice-presidente da Amazon
Brasil, IA e nuvem
Radar Big Tech: Como você avalia o potencial do Brasil para desenvolver inteligência artificial?
Francessca Vasquez: Considero o Brasil um dos países mais inovadores no uso de dados, que é pilar fundamental para tornar a IA verdadeiramente útil. Os casos observados no Brasil e em toda a América Latina são inspiradores, como os do iFood e do PicPay. Muitas empresas globais acompanham o que companhias brasileiras estão fazendo e buscam replicar tudo rapidamente. Volto ao Brasil pela segunda vez, pois acredito que há uma quantidade imensa de inovação feita por aí e isso impacta não apenas o país, mas todo o globo. Há alguns exemplos: junto com o Centro de Inovação de IA Generativa, o PicPay transformou seu sistema de vendas e usou a colaboração multi-agente para aprimorar o planejamento e as compras de produtos financeiros, o que resultou em ganho de produtividade, eficiência e experiência do cliente melhor.
Radar Big Tech: O governo federal brasileiro está prestes a mudar as regras para o armazenamento de dados públicos no país. Informações com sigilo fiscal, bancário, comercial, empresarial, contábil e de direitos autorais terão que ser armazenadas na nuvem do governo. A AWS é um grande provedor de serviços do setor público no Brasil. Como a empresa vê essa mudança?
Francessca Vasquez: Reconheço a importância de uma estratégia mais abrangente de nuvem soberana para alguns países. A AWS já anunciou uma nuvem soberana europeia, que incorpora controles de ponta a ponta, armazenamento de dados, processos e pessoal, tudo localizado no país. Esse conceito, portanto, não é novo para a AWS.
A era dos agentes de IA
Radar Big Tech: A onda do momento são os agentes de IA, robôs que podem tomar decisões por você. Mas essa é uma área em que muito é falado e pouco é feito de fato. Você tem indícios de que a era dos agentes de IA já começou?
Francessca Vasquez: A era dos agentes de IA já começou. O software está evoluindo rapidamente, com o conhecimento sendo incorporado diretamente em diversos modelos de IA. Os agentes de IA não apenas raciocinam, mas também planejam e se adaptam para buscar metas pré-definidas, inclusive completando tarefas por humanos ou outros sistemas. Isso muda fundamentalmente a forma de construir aplicações.
Essa tendência já é visível em pesquisas, transações (como pagamentos de contas) e gerenciamento de aplicativos corporativos. Na minha própria área, eu consigo hoje mobilizar agentes para executar tarefas que me tomariam cerca de 12 horas. No próximo ano, a expectativa é aumentar para 24 horas. Dados da indústria corroboram a crescente penetração dos agentes: cerca de 60% das empresas globais estão criando o cargo de Chief AI Officer focados na implementação de agentes.
Radar Big Tech: Segundo a Gartner, 40% dos projetos de agentes de IA podem falhar em 2027, porque não são viáveis financeiramente. O que Isso sinaliza para você?
Francessca Vasquez: Para mitigar a taxa de falha dos projetos de agentes de IA, é indispensável um plano estratégico ou projeto muito bem elaborado. Quatro elementos são cruciais para esse sucesso, como Acesso a Modelos fundacionais, Definição de Novas Arquiteturas Semânticas, Implantação e Operações e Mecanismos de Descoberta e Aquisição. Esses quatro componentes são essenciais para reduzir a taxa de falha mencionada pelo Gartner.
Radar Big Tech: Você vê um futuro em que as empresas terão que ter uma IA para ser o 'tutor' de outros agentes de IA?
Francessca Vasquez: Eu definitivamente vislumbro um mundo com um "agente governante". No entanto, também antevejo um cenário com muita intervenção humana. Embora a IA Generativa e outras formas de IA prometam ganhos substanciais de eficiência e produtividade, as empresas não podem negligenciar aspectos cruciais como a identidade dos agentes, a segurança, a governança, a arquitetura e a observabilidade.
Radar Big Tech: É uma tarefa difícil fazer um modelo do Google, por exemplo, conversar com outro modelo da OpenAI hoje em dia?
Francessca Vasquez: A capacidade de agentes de diferentes empresas interagirem é vista como o novo padrão aberto para agentes. Dois protocolos de interoperabilidade permitem isso, o MCP (Model Context Protocol) e o Agent-to-Agent (A2A), ambos com muitos colaboradores, como Anthropic, Meta e a própria AWS.
Críticos para a missão, esses códigos conectam modelos a diversas fontes de dados e facilitam a conexão para qualquer desenvolvedor. Eles facilitam a utilidade dessas aplicações. Exemplo do aumento da interoperabilidade é o recente lançamento dos modelos OpenAI no Bedrock da AWS. As empresas ainda estão definindo suas arquiteturas, pois a maioria delas usa múltiplos modelos. Raramente é só um.

Radar Big Tech: A chegada dos modelos da OpenAI ao Bedrock põe fim à exclusividade da Microsoft. Mas a IA por trás do ChatGPT é um rolo compressor e bastante popular. Ela vai tirar espaço de outros modelos dentro da plataforma da AWS?
Francessca Vasquez: Eu não interpreto a chegada dos modelos OpenAI como o fim da exclusividade da Microsoft ou uma ameaça aos demais modelos no Bedrock. Eu a enxergo como uma expansão fundamental da escolha de modelos, um dos pilares essenciais para uma experiência de IA Generativa eficaz. Clientes utilizam modelos distintos para tarefas variadas, e a inclusão dos modelos "open-weight" (pesos abertos) da OpenAI atende à demanda por essa diversidade.
Sempre haverá casos de uso específicos onde determinados modelos serão mais eficazes, seja para criação de conteúdo (imagens, texto), resumo, entre outros. Para otimizar a eficácia e o custo-benefício, tem um recurso chamado destilação de modelo, que permite aos clientes aproveitar um submodelo menor derivado de um modelo maior para tarefas específicas, com escalabilidade em todas as opções disponíveis. A escolha é a principal demanda dos clientes devido à natureza de seus negócios, e eu ainda não encontrei um cliente que utilize exclusivamente um único modelo.
Radar Big Tech: Do ponto de vista da AWS, passar a oferecer os modelos da OpenAI é uma arma adicional na corrida da nuvem contra a Microsoft?"
Francessca Vasquez: Não vejo a chegada da OpenAI como uma competição direta contra a Microsoft, mas, sim, como uma escolha de caso de uso. A personalização é um fator crucial, e os modelos "open-weight" da OpenAI permitem que os clientes os transformem com seu próprio pré-treinamento, ajuste fino ou RAG (Geração Aumentada de Recuperação, na sigla em inglês). Isso proporciona flexibilidade para todos os clientes, desde setores altamente regulamentados como serviços financeiros (que exigem controle sobre a personalização) até organizações digitalmente nativas. E essas aplicações se estendem para além de resumos de texto ou criação de imagens, abrangendo aplicações como detecção de fraude e processos de fabricação manual.
Radar Big Tech: A AWS vem treinando milhares de pessoas em IA no Brasil. Que habilidades esses profissionais precisam desenvolver?
Francessca Vasquez: Com base na minha experiência e nas observações junto aos clientes as habilidades essenciais são capacidades de Resolução de Problemas, habilidades Fundamentais em Nuvem e capacidade de interagir com Novas Ferramentas de Desenvolvimento, como Kiro, QCLI e Cursor.
Eu sublinho que a indústria está democratizando a IA, tornando-a mais acessível a todos e não se limitando só a especialistas em machine learning ou a cientistas de dados, permitindo que todos participem da jornada da IA.

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4 meses atrás
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