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Essas fotos foram feitas por IA e você não percebeu; entenda riscos

Com a popularização das imagens feitas por inteligência artificial, ficou cada vez mais difícil distinguir o que é real do que foi criado artificialmente. Fotos ultrarrealistas circulam diariamente nas redes sociais e, muitas vezes, passam despercebidas até mesmo para usuários experientes. Esse avanço acelerado tem provocado episódios curiosos, embaraçosos e até perigosos, mostrando que a fronteira entre fotografia e ficção visual nunca foi tão tênue.

Nos últimos anos, casos envolvendo celebridades, autoridades e até infraestruturas críticas chamaram a atenção para os riscos da desinformação visual. Imagens falsas já geraram pânico, mobilizaram equipes de emergência, influenciaram debates públicos e expuseram pessoas a crimes digitais. Ao mesmo tempo, fóruns e comunidades online seguem produzindo conteúdos incrivelmente convincentes, reforçando o alerta: identificar o que é real está se tornando um desafio diário. A seguir, confira algumas fotos feitas por IA, mas que você não percebeu.

Os efeitos de imagens falsas não é algo que se limita a internet. Uma imagem falsa, gerada por inteligência artificial, levou ao cancelamento temporário de trens no noroeste da Inglaterra após circular nas redes sociais logo após um tremor real de magnitude 3,3. A foto mostrava a ponte Carlisle, em Lancaster, supostamente destruída, o que levou a Network Rail a suspender as operações por uma hora e meia para inspeções de segurança.

A manipulação foi confirmada por um jornalista da BBC com ajuda de um chatbot e a ponte estava intacta, mas o alerta falso provocou atrasos em 32 serviços ferroviários e exigiu a mobilização de equipes técnicas — um esforço que gera custos ao contribuinte e sobrecarrega trabalhadores, segundo a própria operadora. Especialistas e autoridades alertaram sobre o impacto de compartilhar imagens fabricadas, que podem prejudicar passageiros e até comprometer compromissos críticos, enquanto a Polícia Britânica de Transporte foi notificada, embora não tenha aberto investigação.

Outro caso que ganhou notoriedade foi o da cantora Taylor Swift, alvo de pornografia falsa gerada por inteligência artificial. As imagens explícitas da artista foram espalhadas nas redes sociais em 25 de janeiro de 2024, levando fãs a mobilizarem a tag Protect Taylor Swift para denunciar em massa perfis e bots que compartilhavam o conteúdo — medida que fez o X (Antigo Twitter) remover parte das postagens, embora sem conseguir conter totalmente a propagação. O caso reacendeu o alerta sobre abusos envolvendo deepfakes sexuais, prática que, no Brasil, é crime tanto para quem cria quanto para quem apenas compartilha esse tipo de material, com base nos artigos 216-B e 218-C do Decreto-Lei nº 2.848, que preveem penas que vão de detenção a reclusão e multa.

Já um caso que ganhou notoriedade graças a seu teor inusitado foi o da foto do Papa Francisco usando um casaco “puffer” estiloso. A imagem viralizou em março de 2023 e confundiu milhares de pessoas nas redes sociais, que chegaram a acreditar que o pontífice havia adotado um visual urbano ou contratado um estilista. No entanto, a foto era totalmente falsa e havia sido criada com o MidJourney AI, demonstrando como imagens geradas por IA podem rapidamente ganhar tração e serem tomadas como reais.

As fotos por IA chamaram atenção até de fotógrafos profissionais. O artista alemão Boris Eldagsen venceu a categoria criativa do Sony World Photography Award com uma fotografia intitulada de "Pseudomnesia: The Electrician" — um retrato em preto e branco gerado por IA — e, após revelar o truque, recusou o prêmio para provocar um debate sobre a fronteira entre fotografia e imagens sintéticas.

A organização afirmou ter sido enganada sobre o nível de uso de IA, embora a categoria aceitasse práticas digitais experimentais. Os especialistas destacaram como até profissionais experientes podem ser confundidos por deepfakes cada vez mais sofisticados. O episódio reacendeu discussões éticas e legais sobre autoria, transparência e a necessidade de categorias separadas para obras criadas com inteligência artificial.

Além dos casos que ganharam destaque na mídia, redes como X (antigo Twitter) e Reddit estão repletas de exemplos de imagens ultrarrealistas criadas por IA, muitas vezes indistinguíveis de fotografias reais. As criações vão de retratos humanos impecáveis a cenas urbanas, animais e paisagens, todas fabricadas por modelos como Midjourney, Stable Diffusion e o mais recente Nano Banana.

Esses conteúdos viralizam rapidamente e demonstram o quão avançadas estão as ferramentas de geração, evidenciando que a criação de imagens convincentes já não exige conhecimento técnico profundo. Isso amplia tanto o potencial criativo quanto os riscos de desinformação e uso malicioso.