Esse componente é o vilão do seu FPS e você nem percebe

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A memória RAM é uma tecnologia presente em computadores, celulares e outros dispositivos eletrônicos, responsável por manter disponíveis, em tempo real, as informações que o sistema precisa acessar com rapidez. Em outras palavras, ela “guarda” tudo o que está sendo “usado” naquele momento, permitindo que programas, jogos e o próprio sistema respondam rápido aos comandos do usuário.

A sigla RAM vem de “Random Access Memory”, ou memória de acesso aleatório. Como o próprio nome sugere, sua característica principal é a capacidade de acessar qualquer dado armazenado nela de forma direta e instantânea, sem precisar seguir uma ordem fixa. Logo, com uma boa quantidade de memória RAM, o sistema consegue alternar rapidamente entre tarefas, carregar informações complexas com mais eficiência e evitar atrasos perceptíveis durante o uso, especialmente em aplicações pesadas como games e editores de vídeo.

Em um PC gamer, isso significa guardar dados que estão sendo utilizados durante a partida, como cenários, personagens, texturas, efeitos visuais e mais. Essa agilidade impacta diretamente a estabilidade do FPS, reduzindo engasgos, quedas bruscas de desempenho e atrasos na resposta aos comandos.

Diferentemente do SSD ou do HD, que servem para armazenar arquivos de forma permanente — como fotos, vídeos e jogos instalados —, a RAM trabalha apenas enquanto o computador está ligado. Ela existe para ganhar velocidade, evitando que o sistema precise buscar informações em dispositivos mais lentos a cada ação do jogador. Portanto, quanto maior for a quantidade de memória RAM disponível, mais dados podem ficar “à mão”, prontos para serem usados sem atrasos. Porém, ela não é importante apenas para jogos. A tecnologia também precisa suportar aplicativos abertos em segundo plano, como Discord, navegadores ou softwares de captura, o que torna a capacidade disponível ainda mais importante.

Não existe uma quantidade ideal de memória RAM, já que ela depende diretamente do seu perfil de usuário e, no caso de um PC gamer, de quais jogos você pretende jogar. Atualmente, segundo a Intel, 8 GB de RAM devem ser encarados apenas como o mínimo para um PC de uso geral. Há poucos anos, esse patamar era de 4 GB — número ainda adotado por muitos computadores de entrada —, mas, com o avanço dos sistemas operacionais e dos motores gráficos, especialistas apontam que essa quantidade já não é mais recomendada para garantir uma experiência fluida, especialmente em tarefas mais exigentes.

Ainda segundo a Intel, 8 GB de RAM podem até permitir a execução de jogos mais leves ou antigos, mas a experiência pode incluir carregamentos mais longos, quedas de FPS e travamentos quando o sistema precisa lidar com múltiplas tarefas ao mesmo tempo. Em jogos modernos, especialmente os de mundo aberto, como GTA 5 ou Cyberpunk 2077, esse número está longe de ser adequado.

Para uma boa fração dos jogadores casuais, 16 GB de RAM são uma quantidade razoável. Segundo a empresa de peças Crucial, essa capacidade permite rodar jogos com mais segurança — mesmo que, às vezes, em configurações gráficas mais baixas —, além de manter aplicativos em segundo plano, como Discord, sem comprometer tanto o desempenho. Logo, podemos considerar 16 GB de RAM como uma quantidade adequada para PCs gamers intermediários.

No entanto, segundo a Kingston, 32 GB de RAM estão se tornando o novo padrão recomendado para quem busca uma experiência realmente fluida em jogos AAA recentes. Títulos com mapas extensos, texturas em alta resolução e recursos com inteligência artificial exigem essa folga de memória para gameplays mais estáveis, reduzindo grandes quedas de FPS e atrasos no carregamento de elementos do cenário.

No Windows 11, ver a quantidade de memória RAM do PC é bem simples. Basta seguir o caminho Iniciar -> Configurações -> Sistema -> Rolar para baixo -> Sobre. Nessa página, o sistema exibirá informações como a memória RAM instalada, o processador, o tipo de sistema (32 ou 64 bits) e outros dados básicos do computador. No macOS, o caminho é diferente: toque no menu da Apple no canto superior esquerdo da tela e selecione "Sobre Este Mac". Na aba Visão Geral, o sistema mostra imediatamente a quantidade de memória instalada, além do chip ou processador e da versão do sistema operacional.

Como dito anteriormente, a memória RAM é a pecinha em que o computador mantém tudo o que está sendo usado naquele momento. Em jogos, isso significa que quanto mais dados conseguem permanecer carregados na RAM, menos o sistema precisa recorrer ao SSD ou HD durante a partida.

Com isso, uma quantidade adequada de memória RAM ajuda a manter o FPS mais estável. Segundo análises de fabricantes como a Kingston e a Lexar, quando há pouca RAM disponível, o sistema passa a transferir dados constantemente entre a memória e o disco, processo que gera travamentos conhecidos como stutter, além de quedas repentinas de frames.

Mesmo que, no seu jogo, a taxa de FPS pareça aceitável, essas oscilações comprometem a imersão no game e, inclusive, a resposta aos comandos. Esse segundo ponto é especialmente importante para jogos competitivos, como Counter-Strike 2 (CS2) e Valorant, em que centésimos de atraso podem fazer a diferença entre acertar um ataque no inimigo ou não.

Além disso, a RAM influencia diretamente o tempo de carregamento e a responsividade dos jogos. Com mais memória disponível, mapas, texturas e elementos do cenário podem ser carregados com antecedência, reduzindo telas de loading, atrasos na renderização e o famoso “pop-in”, quando o game carrega texturas ou elementos do cenário depois de o seu personagem chegar ao local.

Vale destacar, por fim, que ter uma boa quantidade de memória RAM não é benéfico apenas para jogos, já que ela também melhora o desempenho geral do PC, garantindo mais fluidez para, por exemplo, deixar várias abas abertas ao mesmo tempo. Além disso, tarefas como edição de vídeos e fotos, programação, produção musical e outros usos de softwares mais exigentes também são beneficiados com mais RAM.

Dizem que o brasileiro é um improvisador nato, especialista em resolver problemas com “gambiarras”. Quando o PC tem pouca memória RAM disponível, ele acaba sendo obrigado a imitar os brasileiros e improvisar para continuar funcionando. Nesse cenário, o sistema passa a redistribuir dados e a recorrer a soluções menos eficientes para dar conta das tarefas em execução.

A principal “gambiarra” do sistema é o uso intensivo de memória virtual — ou seja, quando parte do SSD ou do HD é utilizada como uma extensão da RAM. Embora essa estratégia evite que o computador pare completamente, esse armazenamento é muito mais lento, o que se reflete em engasgos, quedas de desempenho e comportamentos imprevisíveis, como fechamento forçado de aplicativos ou redução da qualidade gráfica nos jogos.

Em situações mais extremas, a falta de memória RAM também pode ser uma das causas da temida tela azul da morte — que está sendo substituída. Isso acontece quando o computador opera constantemente no limite, usando memória virtual de forma excessiva ou lidando com falhas ao gerenciar dados entre RAM, armazenamento e aplicativos. Por isso, contar com uma quantidade adequada não é apenas uma questão de desempenho, mas de estabilidade, garantindo partidas mais fluidas e um PC gamer preparado para lidar com as exigências dos jogos modernos.