Donald Trump postou vídeo com ataque a barco

Crédito, DONALD TRUMP/TRUTH SOCIAL

Legenda da foto, Donald Trump postou vídeo com ataque a barco
    • Author, Ione Wells
    • Role, Correspondente da BBC News na América do Sul
  • Há 2 minutos

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, disse nesta quarta-feira (8/10) que indícios apontam que o último barco bombardeado pelos Estados Unidos no Caribe era colombiano e tinha cidadãos do país a bordo.

"A agressão é contra toda a América Latina e o Caribe", disse Petro em uma publicação no X, acrescentando que "um novo cenário de guerra se abriu".

"Não há guerra contra o contrabando; há uma guerra pelo petróleo e ela deve ser parada pelo mundo", continuou.

Na sexta (3/10), os EUA mataram quatro pessoas em um ataque a um barco perto da costa da Venezuela que supostamente traficava drogas, disse o secretário de Defesa americano, Pete Hegseth.

"O ataque foi realizado em águas internacionais, próximo à costa da Venezuela, enquanto a embarcação transportava grandes quantidades de entorpecentes — com destino aos Estados Unidos para envenenar nosso povo", escreveu Hegseth no X.

Hegseth afirmou que o ataque ocorreu na área de responsabilidade do Comando Sul dos EUA, que cobre a maior parte da América do Sul e do Caribe.

"Esses ataques continuarão até que os ataques contra o povo americano acabem!!!!"

Mais tarde, no mesmo mês, dois ataques separados, com poucos dias de diferença, mataram um total de seis pessoas.

Segundo o governo Trump, todos estavam envolvidos no "narcotráfico" da América Latina aos EUA. No entanto, os americanos não apresentaram provas e detalhes sobre quem ou o que estava a bordo.

Os ataques têm provocado condenação em países como Venezuela e Colômbia, e alguns juristas internacionais os classificam como uma violação do direito internacional.

No fim de semana, o presidente dos EUA, Donald Trump, também confirmou o ataque em sua plataforma Truth Social, dizendo que o barco transportava drogas "suficientes para matar de 25 a 50 mil pessoas".

O caso estremece ainda mais as relações entre EUA e Colômbia.

No fim de setembro, o governo Trump anunciou que revogaria o visto do presidente Petro, depois que ele pediu a soldados americanos que desobedecessem Trump durante um discurso em um protesto pró-Palestina em Nova York.

O Departamento de Estado dos EUA disse que os comentários de Petro foram "imprudentes e incendiários".

À BBC, Petro já havia falado que os ataques dos EUA a supostos barcos com drogas no Caribe era um ato de tirania.

Gustavo Petro fez um discurso em protesto pró-Palestina em Nova York na sexta-feira

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Gustavo Petro fez um discurso em protesto pró-Palestina em Nova York

EUA em 'conflito armado não internacional'

Na última quinta-feira, um memorando confidencial enviado ao Congresso — revelado pela mídia americana — informou que o governo dos EUA havia decidido que agora se encontrava em um "conflito armado não internacional" com os cartéis de drogas.

Isso é significativo porque a legislação obriga o governo a notificar o Congresso quando pretende usar as Forças Armadas, o que sugere que há planos para novas ações militares.

Enquadrar a situação como um conflito armado ativo parece ser uma forma de Trump justificar o uso de poderes de guerra mais extremos — por exemplo, matar "combatentes inimigos" mesmo que não representem uma ameaça violenta, ou deter pessoas indefinidamente.

Esses são poderes semelhantes aos aplicados à Al-Qaeda após o 11 de setembro.

Os EUA justificaram seus ataques contra supostos barcos de drogas como "autodefesa", embora muitos juristas questionem a legalidade dessas ações.

Trump não explicou o motivo pelo qual parece estar classificando o tráfico de drogas e crimes relacionados como um "ataque armado", nem especificou quais cartéis ele acredita estarem atacando os EUA.

Ele já designou diversos cartéis — inclusive no México, Equador e Venezuela — como organizações terroristas, o que concede às autoridades americanas poderes ampliados para agir contra eles.

Alguns legisladores americanos estão tentando questionar o uso das Forças Armadas no Congresso.

O senador democrata Tim Kaine publicou no X que forçará "uma votação para bloquear o uso das Forças Armadas pelo presidente Trump para realizar ataques contra embarcações no Mar do Caribe. O Congresso não autorizou esses ataques. Eles são ilegais e arriscam arrastar os EUA para outra guerra."