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Exportações do agro brasileiro alcançam recorde de US$ 15,6 bi em julho

O agronegócio brasileiro sustentou, no acumulado entre janeiro e julho de 2025, uma performance robusta, com exportações que se mantiveram estáveis em torno de US$ 97,5 bilhões, patamar semelhante ao do mesmo período de 2024. E o mês de julho foi especialmente expressivo: o setor alcançou US$ 15,6 bilhões, o maior valor para o mês na série histórica. O resultado superou junho em 7,2% e foi 1,47% maior que o registrado em julho de 2024, com aumento tanto em volumes embarcados quanto nos preços.

Destaque para os negócios com a China, que seguiram em ritmo consistente, consolidando a posição do País como principal fornecedor de soja e carnes para o maior comprador mundial desses produtos. A disputa comercial envolvendo Estados Unidos e China, reacendida pelo pedido do presidente norte-americano Donald Trump para que Pequim quadruplicasse suas compras de soja dos EUA, não altera, no curto prazo, a condição confortável do Brasil nos embarques para o mercado asiático, avaliam analistas.

Em 2024, o Brasil exportou 72,6 milhões de toneladas de soja em grão para a China, o equivalente a 73% de todas as vendas externas brasileiras do produto. Os Estados Unidos embarcaram 26,8 milhões de toneladas para o mesmo destino, 48% das exportações do país. A Argentina, terceira colocada, enviou 3,7 milhões de toneladas, correspondentes a 88% de suas vendas totais. Os números ilustram a distância que separa o Brasil dos concorrentes e a dificuldade de Washington em recuperar espaço diante da preferência chinesa pelo grão brasileiro.

Mesmo com eventuais negociações, é muito difícil que os EUA consigam, num prazo curto, substituir volumes tão grandes vindos do Brasil. Há questões de logística, preço e qualidade que pesam na decisão da China”, afirma Fernando Iglesias, analista do setor carnes da Safras & Mercado.

Nesse segmento, a China manteve o papel de maior destino da proteína bovina brasileira. Entre janeiro e junho de 2025, foram importadas 928,8 mil toneladas, ou 43,7% de todo o volume exportado pelo Brasil, somando US$ 3,2 bilhões. Desse total, 237 mil toneladas foram comercializadas em julho, recorde histórico, com alta de 17% no volume e preços 26% superiores aos de julho de 2024 — a tonelada ficou em US$ 5.551.Os Estados Unidos ficaram na segunda posição, com 290 mil toneladas (13,6% do total) e US$ 1,038 bilhão em compras.

Segundo Iglesias, o desempenho das carnes suína e de frango também confirma a importância da China. No caso da carne suína, a demanda chinesa segue relevante para o equilíbrio de preços internos e para o escoamento da produção nacional, ainda que outros mercados asiáticos, como Filipinas e Vietnã, tenham ampliado suas compras. Na avicultura, a China figura entre os principais destinos, mas a diversificação de mercados — com destaque para Oriente Médio e Japão — reduz a dependência de um único comprador.

O coordenador de Inteligência de Mercado da Hedgepoint, Luiz Fernando Roque, lembra que as relações comerciais entre Brasil e China nunca estiveram tão intensas. No caso da soja, observa, a consistência da oferta brasileira ao longo do ano, aliada à capacidade logística e à competitividade de preços, consolidou a posição do País.

A China tem no Brasil um fornecedor seguro, com volume e regularidade. Essa relação foi construída ao longo do tempo”, avalia.

 De janeiro a julho de 2025, o Brasil exportou 58 milhões de toneladas de soja para a China, ou 75% do total de embarques. Somente em julho, foram exportadas 12,3 milhões de toneladas do grão para aquele mercado.

Enquanto isso, Brasil e Estados Unidos vivem um momento de distanciamento diplomático e comercial. Roque observa que, embora o setor agrícola norte-americano mantenha forte capacidade de produção, a disputa tarifária com a China e as oscilações políticas internas têm dificultado a retomada de participação no mercado chinês.

O pedido de Trump, feito no domingo (10) por meio da rede Truth Social, para que Pequim quadruplicasse as compras de soja dos EUA antes do fim de uma trégua tarifária, foi recebido com ceticismo por analistas internacionais. Para atingir o objetivo, seria necessário que a China importasse a maior parte de sua soja dos EUA, substituindo volumes expressivos do Brasil — cenário considerado improvável.

Para Iglesias, a tendência é de manutenção da liderança brasileira.

O Brasil colhe safras grandes e tem conseguido embarcar volumes recordes, aproveitando janelas de oportunidade. Não vejo mudança estrutural no curto prazo”, conclui.

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