A crise no fornecimento de energia em São Paulo na última semana agravou a relação de Tarcísio de Freitas (Republicanos) e do prefeito Ricardo Nunes (MDB) com Alexandre Silveira (PSD), ministro de Minas e Energia no governo Lula (PT).
O presidente da República, inclusive, foi acionado por Tarcísio e Nunes durante encontro descontraído na inauguração do canal SBT News, na sexta-feira (12), em Osasco.
Ao ser interpelado no evento, Lula tentou suavizar a tensão dizendo que "a culpa era de Tarcísio", mas Nunes não entrou na brincadeira e prosseguiu com o seu pedido de ajuda, mostrando a tela do celular no qual apontava para quase 500 mil imóveis sem energia na noite de sexta.
"Eu sei que o senhor se preocupa com o povo", disse Nunes, enquanto Tarcísio defendia novos "instrumentos regulatórios".
Antes da conversa informal, o prefeito já havia se dirigido ao presidente durante o seu discurso na cerimônia de lançamento.
"Eu espero que na segunda-feira, na estreia, presidente, a gente não tenha ainda a cidade de São Paulo com a Enel", disse Nunes, que defende a intervenção do governo federal.
Lula, então, prometeu enviar Silveira a São Paulo para se reunir com Nunes em busca de uma solução.
O ruído da relação entre Tarcísio, Nunes e Silveira teve seu ápice no começo de novembro, quando o ministro afirmou que os governadores paulistas poderiam chorar, mas que o contrato com a Enel, que vence em 2028, poderia ser renovado apesar de todas as críticas ao serviço da concessionária na região metropolitana.
"Se estiver certo, vamos renovar. Se estiver errado, dá um despacho lá, tem coragem de fazer, enterra e acabou. Não vamos pedir a favor de ninguém, mas não vamos politizar e deixar dubiedade para o setor privado, que precisamos tanto atrair investimentos", afirmou o ministro, em novembro.
Tarcísio e Nunes relembraram tais declarações de Silveira na semana passada. Nunes chegou a afirmar que o ministro defende interesses escusos.
"A dubiedade é do ministro que ao invés de atender a população fica preocupado em antecipar a discussão de uma renovação de contrato que vai vencer em 2028", rebateu Nunes, na quinta.
"Em 2023, 2024, 2025 tivemos caos. E você [Silveira] defendendo interesse desta empresa. Está muito claro quem defende interesses da população e quem defende interesses escusos, que é o ministro de Minas e Energias do governo federal", completou o prefeito.
Cobrado pela situação dos paulistas ainda sem energia, Tarcísio, que costuma adotar tom mais técnico, fez críticas ao contrato de concessão, defendeu a necessidade de investimentos na automatização da rede de energia e, para isso, voltou a pedir intervenção.
"Todo evento climático vai ter problema, e isso eu falei e teve crítica do ministro dizendo que estava querendo fazer política. Quanto a essas pessoas que estão sem energia em casa, quando a energia vai ser restabelecida? Este estabelecimento vai levar alguns dias", afirmou o governador.
Apesar da dificuldade da Enel em reduzir, de forma mais rápida, a quantidade de imóveis sem energia, Silveira não baixou a guarda diante das investidas de Tarcísio e Nunes.
"Enquanto o governador de São Paulo e o prefeito da capital do estado preferem transformar um episódio climático extremo em disputa política, o governo do Brasil mantém o foco naquilo que realmente importa: restabelecer a energia elétrica para a população com rapidez e segurança", disse Silveira, em nota enviada à Folha, na sexta.
O ministro também afirmou que, em razão das rajadas de ventos superiores a 110 km/h que prejudicaram várias cidades paulistas, acionou a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) para reforçar a fiscalização sobre a Enel e instalou uma sala de situação para monitoramento contínuo.
A Enel não quis se manifestar diante do entrevero dos políticos. A empresa tem dito que mobilizou mais de 1.600 equipes para agilizar a recomposição do sistema.
Já os advogados da concessionária elevaram o tom em entrevista à coluna da Mônica Bergamo. Henrique Ávila, sócio do Bermudes Advogados e representante da Enel, disse que a crise decorre de falhas da gestão municipal, sobretudo manutenção e poda de árvores.
"O prefeito age como o marido traído que coloca a culpa no sofá. Ele que assuma suas responsabilidades e reconheça que o caos se instalou em razão do não cumprimento das suas obrigações de podas de árvores", disse Ávila.

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