João Zambelli, 18, filho da deputada Carla Zambelli (PL-SP), acompanhou no plenário, nesta quarta-feira (10), a votação da Câmara que contrariou a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) e manteve o mandato da parlamentar. O placar foi de 227 a 170 —eram necessários 257 votos para cassá-la.
Ele diz à Folha que, mesmo detida na Itália e condenada a dez anos de prisão, ela não vai renunciar ao mandato até atingir o número de faltas que ensejam uma cassação —o que deve ocorrer só em fevereiro de 2026, segundo cálculo da Mesa Diretora da Câmara.
O filho da deputada desmentiu o advogado Fábio Pagnozzi, que representou Zambelli durante a sessão. Na tribuna, o defensor afirmou que, caso ganhasse a votação, a deputada renunciaria ao mandato, pois já não tem condições de exercê-lo presa na Itália.
"A deputada Carla Zambelli foi muito clara. Quando ela ganhasse a votação neste plenário, ela vai pedir renúncia, porque ela não quer incomodar os seus colegas parlamentares. A Carla Zambelli só quer dignidade", disse o advogado.
Segundo João, porém, a renúncia foi cogitada apenas como uma ideia, que serviria para negociar apoio de deputados contrários a ela, do PT e do PSOL, o que não foi necessário, pois só os votos da direita foram suficientes para salvá-la.
"Não é [verdade que ela vai renunciar]. Esse acordo não aconteceu nunca. Isso foi uma hipótese que a gente criou, mas que não chegou a oferecer para ninguém. A gente sabia que poderia conseguir vencer sem ajuda do PT, PC do B, PSOL, sem fazer nenhuma troca de votos", disse João.
O filho de Zambelli elogiou a articulação de deputados do PL a favor da deputada e disse que ele ajudou. "Eu também fiz esse trabalho, a gente conversando com todo mundo, todo mundo aqui da oposição, o pessoal do centro", declarou.
O argumento de que, na prática, não há sentido em manter o mandato de Zambelli e os gastos da Câmara relativos a ele, foi o que embasou o relatório a favor da cassação, que acabou derrotado no plenário.
Deputados da esquerda também argumentaram em seus discursos no fato de que a deputada, que aguarda decisão sobre sua extradição ao Brasil, já está impedida de exercer o mandato.
João, no entanto, diz que a mãe poderia exercê-lo por meio de manifestações escritas, como cartas, e pela mídia.
A votação que salvou Zambelli se estendeu pela madrugada desta quinta-feira (11), dia em que João completa 18 anos.
"Pedi a Deus o mês inteiro para ele me dar um presente digno disso. Deixei de ir visitar minha mãe no meu aniversário para estar aqui e digo que valeu a pena. [...] Foi simplesmente inesquecível. Vou fazer questão de contar aos filhos dos meus filhos, eu vou contar."
João disse ainda que já visitou a mãe na Itália, que tem se comunicado com ela por email e que ela está sendo bem tratada na prisão. "Ela está forte, está uma leoa como sempre, uma guerreira", completou.
Zambelli foi condenada pelo STF à perda de mandato duas vezes, uma por invasão do sistema do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), com pena de 10 anos de prisão, e outra por porte ilegal e constrangimento ilegal com emprego de arma de fogo, com pena de a 5 anos e 3 meses de prisão em regime inicial semiaberto.
A deputada fugiu do país, passando pela Argentina e Estados Unidos antes de desembarcar na Itália. Depois de cerca de dois meses foragida, Zambelli foi presa na Itália no fim de julho.

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