"Ao celebrarmos o aniversário do Google hoje, relembramos nosso humilde começo como um projeto de pesquisa em uma garagem — a prova de que momentos decisivos podem começar em lugares comuns", diz a empresa.
O primeiro projeto visual da gigante de tecnologia foi idealizado por uma brasileira, a designer Ruth Kedar.
Ela lecionava nas turmas de design da Universidade de Stanford, em meados dos anos 1990, quando foi procurada pelo jovem Larry Page. Ele e o colega de classe Sergey Brin estavam começando uma nova empresa e procuravam alguém que pudesse projetar o logotipo, como lembra a designer.
“A intenção era criar uma empresa como nenhuma outra, sem o desejo de seguir noções preconcebidas sobre como as coisas deveriam ser feitas. Eles não desejavam seguir os passos de nenhuma outra empresa. Mesmo sendo uma startup, eles queriam se destacar e deixar sua marca”, disse Ruth em entrevista recente ao g1.
Ruth conta que Larry e Sergey sempre pensaram no projeto como algo a longo prazo. Assim, era preciso que a marca tivesse a consistência necessária para atravessar décadas.
Ruth Kedar, a brasileira do interior de São Paulo que criou o logotipo do Google — Foto: Arquivo Pessoal
Ruth Kedar é uma brasileira designer, diretora de arte, mentora e palestrante, com trabalho reconhecido, principalmente, nos Estados Unidos.
Entre o final dos anos 1920 e o início de 1930, os avós de Ruth deixaram a Polônia para escapar da perseguição enfrentada pelos judeus. “Eles estavam em busca de um refúgio seguro, uma terra onde pudessem vislumbrar um futuro mais brilhante e seguro para seus filhos”, diz ela.
O Brasil foi o destino escolhido. Seguindo os costumes da época, um membro da família partiu primeiro para encontrar a cidade ideal. Campinas, no interior do São Paulo, já possuía uma pequena comunidade judaica e acabou se tornando o lar dos familiares da designer.
“Meus pais eram crianças pequenas quando chegaram a Campinas e foi lá que passaram seus anos formativos, receberam sua educação, frequentaram a universidade e iniciaram suas carreiras. É onde eles se conheceram, se apaixonaram, começaram uma família e onde eu nasci”.
O casal e a filha se mudaram para a capital paulista quando ela tinha 2 anos, mas continuaram visitando Campinas. “Minha infância foi preenchida com fins de semana e férias na casa de minha tia e tio, criando laços com meus primos, fazendo passeios de bonde até a loja deles na Rua 13 de Maio”.
Pouco antes dos 16 anos, Ruth e a família se mudaram mais uma vez. O pai recebeu uma oferta de emprego na Universidade de Tel Aviv, em Israel, e ela precisou embarcar em uma jornada de aprendizados. Novo idioma, novo alfabeto, costumes desconhecidos e uma cultura bem diferente.
Apesar dos desafios, a campineira concluiu o ensino médio e foi para a faculdade. Começou a formação como arquiteta e fez cursos de design. Por um tempo, passou a ser vista como superqualificada pelas companhias do setor, enquanto as de arquitetura não tinham muito interesse nela. Acabou fundando a própria empresa.
“Cinco anos depois do início de minha carreira, dois fatores decisivos convergiram: o conflito no Líbano e a tenra idade de meus filhos [então com 5 e 1 ano]. Meu marido e eu começamos a discutir a ideia de seguir nossos estudos de pós-graduação nos Estados Unidos”.
Ruth Kedar, o marido e os dois filhos foram embora para a Califórnia, onde ela passou a estudar e, depois, a trabalhar na Universidade de Stanford. Também passou pela Adobe Systems, multinacional norte-americana de softwares de edição, e se tornou diretora de arte. Anos depois, abriu o próprio estúdio de design.
🏠 Nascida no Brasil, ela voltou ao país pela primeira vez aos 24 anos, com a própria família, e afirma que as visitas à terra natal, se tornaram uma tradição anual. “Sempre ficávamos na casa da minha tia em Campinas. Mesmo após todos esses anos, Campinas ainda ocupa um lugar especial em meu coração e parece ser meu lar”.
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