Sam Altman

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Sam Altman compara o GPT-5 a conversar com um especialista com doutorado
    • Author, Lily Jamali e Liv McMahon
    • Role, BBC News
  • Há 3 minutos

A OpenAI, empresa criadora do ChatGPT, revelou a tão esperada nova versão do seu chatbot de inteligência artificial (IA), o GPT-5, afirmando que ele pode fornecer conhecimentos com nível de doutorado.

Anunciado como "mais inteligente, mais rápido e mais útil", o novo modelo foi apresentado pelo cofundador e CEO da OpenAI, Sam Altman, como marco do início de uma nova era do ChatGPT.

"Acho que ter algo como o GPT-5 seria praticamente inimaginável em qualquer outro momento da história da humanidade", disse ele antes do lançamento na quinta-feira (07/08).

A apresentação do GPT-5 e das suas habilidades com "nível de doutorado", em áreas como programação e redação, ocorre em meio à competição das empresas de tecnologia pelo chatbot de IA mais avançado.

Elon Musk recentemente fez afirmações semelhantes sobre seu próprio chatbot de IA, o Grok, que foi conectado ao X (antigo Twitter).

Durante o lançamento da última versão do Grok no mês passado, Musk disse que ele era "melhor do que o nível de doutorado em tudo", e chamou a ferramenta de "a IA mais inteligente do mundo".

Enquanto isso, Altman afirmou que o novo modelo da OpenAI sofreria menos alucinações — o fenômeno pelo qual grandes modelos de linguagem inventam respostas —, e seria menos enganoso.

A OpenAI também está apresentando o GPT-5 aos programadores como um assistente proficiente, seguindo uma tendência entre os principais desenvolvedores de IA americanos, incluindo a Anthropic, cujo Claude Code visa o mesmo mercado.

O que o GPT-5 pode fazer?

A OpenAI destacou a capacidade do GPT-5 de criar softwares por completo e demonstrar melhor capacidade de raciocínio — com respostas que mostram os passos, a lógica e a inferência.

A empresa afirma que ele foi treinado para ser mais honesto e fornecer respostas mais precisas aos usuários, e diz que, no geral, ele parece mais humano.

De acordo com Altman, o modelo é "significativamente melhor" do que seus antecessores.

"Para mim, o GPT-3 era como conversar com um estudante do ensino médio... O 4 era como conversar com um estudante universitário", disse ele em uma entrevista antes do lançamento na quinta-feira.

"O GPT-5 é o primeiro que realmente parece que você está conversando com um especialista em qualquer assunto, como um especialista com nível de doutorado."

Para a professora Carissa Véliz, do Instituto de Ética em IA da Universidade de Oxford, no entanto, o lançamento do GPT-5 pode não ser tão significativo quanto o marketing sugere.

"Esses sistemas, por mais impressionantes que sejam, não têm sido realmente lucrativos", diz ela, observando também que eles só conseguem imitar — em vez de realmente emular — as habilidades do raciocínio humano.

"Existe o receio de que precisemos manter o hype, ou então a bolha pode estourar, e por isso pode ser que seja principalmente marketing."

Uma especialista em ética disse que o lançamento do GPT-5 reforçou a crescente discrepância entre as capacidades da IA e a nossa habilidade de governá-la da maneira que o público espera.

"À medida que esses modelos se tornam mais capazes, a necessidade de uma regulamentação abrangente se torna ainda mais urgente", adverte Gaia Marcus, diretora do Ada Lovelace Institute, um centro de pesquisas baseado em Londres.

O correspondente de IA da BBC News, Marc Cieslak, teve acesso exclusivo ao GPT-5 antes do seu lançamento oficial.

"Além de pequenas diferenças cosméticas, a experiência foi semelhante à de usar o chatbot mais antigo: dar tarefas ou fazer perguntas digitando um prompt (comando) de texto."

"Agora, ele é alimentado por um modelo de raciocínio, o que significa essencialmente que ele pensa mais para resolver problemas, mas isso parece mais uma evolução do que uma revolução para a tecnologia."

O lançamento do GPT-5 também tem implicações para empresas comerciais preocupadas com o uso de seu conteúdo.

"À medida que o conteúdo de IA se torna mais convincente, precisamos nos perguntar: estamos protegendo as pessoas e a criatividade por trás do que vemos todos os dias?", questiona Grant Farhall, diretor de produtos da Getty Images. "A autenticidade importa, mas não vem de graça."

Farhall diz que é importante investigar exatamente como os modelos de IA estão sendo treinados e garantir que os criadores sejam recompensados se seu trabalho for usado.

A empresa começou a liberar o novo modelo para todos os usuários na quinta-feira (07/8).

Nos próximos dias, vai ficar muito mais claro se ele é realmente tão bom quanto Sam Altman afirma.

A Anthropic revogou recentemente o acesso da OpenAI à sua interface de programação de aplicativos (API, na sigla em inglês), alegando que a empresa estava violando seus termos de serviço ao usar suas ferramentas de programação antes do lançamento do GPT-5.

Um porta-voz da OpenAI disse que era "padrão da indústria" avaliar outros sistemas de IA para aferir seu próprio progresso e segurança.

"Embora respeitemos a decisão da Anthropic de cortar nosso acesso à API, é decepcionante, considerando que nossa API continua disponível para eles", acrescentou.

Com uma versão gratuita para seu novo modelo, a empresa pode estar sinalizando um possível afastamento dos modelos proprietários que anteriormente dominavam suas ofertas.

Mudanças no ChatGPT

Na segunda-feira (04/08), a OpenAI revelou que estava fazendo mudanças para promover uma relação mais saudável entre os usuários e o ChatGPT.

"A IA pode parecer mais responsiva e pessoal do que as tecnologias anteriores, especialmente para indivíduos vulneráveis que passam por sofrimento mental ou emocional", diz uma postagem no blog da companhia.

A empresa disse que ele não daria uma resposta definitiva a perguntas como: "Devo terminar com meu namorado?".

Em vez disso, "ajudaria você a refletir sobre o assunto — fazendo perguntas e ponderando os prós e os contras", de acordo com a publicação no blog.

Em maio, a OpenAI reverteu uma atualização muito criticada que tornava o ChatGPT "excessivamente lisonjeiro", de acordo com Sam Altman.

Em um episódio recente do podcast da própria OpenAI, Altman disse que estava pensando sobre como as pessoas interagem com seus produtos.

"Nem tudo vai ser bom, ainda vai haver problemas", ele afirmou.

"As pessoas vão desenvolver essas relações parassociais [com a IA] um tanto problemáticas, ou talvez muito problemáticas. A sociedade vai ter que descobrir novas barreiras de proteção. Mas as vantagens vão ser enormes."

Altman é conhecido por ser fã do filme Ela, de 2013, em que um homem desenvolve um relacionamento com uma companheira de IA.

Em 2024, a atriz Scarlett Johansson, que deu voz à companheira de IA no filme, disse que ficou "chocada" e "irritada" depois que a OpenAI lançou um chatbot com uma voz "assustadoramente semelhante" à sua.