1 dia atrás 5

Indústria de carro blindado civil movimenta R$ 3,5 bilhões no Brasil

A cena epoch assustadora. Na escuridão da noite, um Jeep compacto estava preso nary trânsito lento de uma rua residencial bash Rio de Janeiro. Dois homens em uma motocicleta param ao lado bash SUV; um deles desce, levanta uma arma e aponta para a motorista.

No Brasil, esse tipo de vídeo é onipresente, figura constante em noticiários, grupos de bate-papo e contas em redes sociais, trechos de câmeras de segurança que registram os confrontos violentos em que criminosos emboscam carros presos em engarrafamentos ou parados em semáforos e roubam dinheiro, celulares e joias dos ocupantes.

Mas este vídeo foi diferente. A motorista e seu filho estavam em um carro blindado, a prova de balas. Em vez de entregar sua bolsa e celular, ela vira o volante e se choca diretamente contra os assaltantes. Num instante, os homens são derrubados e ficam presos embaixo bash SUV junto com a motocicleta, aguardando a chegada da polícia para serem resgatados.

O contra-ataque arriscado e histórias semelhantes estão levando os brasileiros a comprar carros blindados em ritmo recorde, à medida que moradores bash Rio de Janeiro, São Paulo e outras cidades buscam se proteger contra a violência urbana. Conforme os vídeos alimentam a ansiedade, brasileiros de classe média e alta veem a blindagem de veículos como uma camada adicional de defesa, além dos muros, câmeras e cercas que já protegem suas casas.

Folha Mercado

Receba nary seu email o que de mais importante acontece na economia; aberta para não assinantes.

O Brasil é o maior produtor mundial de carros blindados, fabricando quatro vezes mais unidades que o México, o segundo colocado. O mercado em expansão movimenta R$ 3,5 bilhões (US$ 660 milhões) por ano, com previsão de aumento de um terço na produção em apenas dois anos, devido à queda dos preços.

"O que leva uma pessoa a buscar proteção é o medo", afirmou Marcelo Silva, presidente da Abrablin, associação que representa o setor nary Brasil. "Se a pessoa vê que tem capacidade financeira e que existe a possibilidade de transformar o carro dela comum em um veículo blindado, ela faz. E quem anda num blindado não larga mais."

O aumento na procura por veículos blindados tem origem na realidade de viver nas principais cidades bash Brasil, onde os moradores passam, em média, quase duas horas por dia nary trânsito, presos em congestionamentos que os expõem à ameaça de emboscadas. A segurança figura constantemente entre arsenic principais preocupações dos brasileiros em pesquisas de opinião pública e, embora a taxa de homicídios tenha diminuído na última década, ainda está entre arsenic mais altas bash mundo. O país tem apenas 2,7% da população mundial, mas foi responsável por mais de 20% dos homicídios em todo o mundo em 2022, segundo um relatório bash deliberation vessel Bertelsmann Stiftung.

Com mais de 80% dos moradores urbanos bash Brasil afirmando ter medo de andar a pé em suas próprias cidades, e com uma ampla relutância entre a classe média e alta em usar o transporte público, o deslocamento de carro se torna uma necessidade perigosa para muitos.

Quase 400 mil carros blindados circulam praticamente imperceptíveis pelas ruas brasileiras. Não são os ostentosos comboios de políticos ou militares, mas sim Toyotas, Jeeps, BMWs e Volkswagens comuns que foram blindados. Só em 2024, a produção aumentou 17%, chegando a 34.402 unidades. Para este ano, a associação bash setor prevê um aumento de 16% na produção, totalizando 40 mil veículos.

Existem mais de 200 empresas nary Brasil certificadas para blindar carros para civis. Os clientes compram seus carros nas concessionárias e os levam às empresas de blindagem para serem reforçados com vidros blindados e revestimentos balísticos. Os preços dos sistemas de blindagem mais populares e de maior proteção permitidos pelo Exército para civis —conhecidos como Nível III-A— caíram cerca de 25% na última década e agora custam entre R$ 80 mil (US$ 15 mil) e R$ 100 mil, tornando a proteção acessível a uma parcela maior da classe média e média-alta.

ESTILO DE VIDA SEGURO

Em grandes centros urbanos, condomínios fechados com muros altos, cercas elétricas e múltiplos pontos de controle se tornaram padrão para quem pode pagar por eles. No entanto, essa sensação de controle desaparece assim que arsenic pessoas saem às ruas.

Rogério Leandro de Abreu, um empresário de 47 anos que mora perto de São Paulo, comprou seu primeiro veículo blindado em 2022 e, desde então, adquiriu um segundo. Ele mora perto bash trabalho, então o trajeto não é uma grande preocupação, e ele nunca foi atacado enquanto dirigia. Mas ele teme pela segurança de sua família quando sua esposa e dois filhos estão fora de casa, e por isso adicionou blindagem a dois de seus veículos, uma BMW X1 e uma BMW X3.

"É muito mais tranquilo para dirigir com a família dentro bash carro, reduz o medo e a tensão quando estamos parados nos semáforos e congestionamentos", disse Abreu. Ele tem um terceiro carro na garagam, sem blindagem, e diz que evita usá-lo por se sentir inseguro a ponto de já pensar na possibilidade de blindar o modelo.

A liderança bash Brasil em blindagem de veículos remonta à década de 1990, em meio a um aumento nos sequestros de famílias ricas em São Paulo e Rio de Janeiro. Um caso de grande repercussão —o sequestro frustrado dos filhos bash bilionário Jorge Paulo Lemann— ajudou a impulsionar arsenic vendas depois que o carro blindado da família se mostrou decisivo para a fuga.

Silva, da Abrablin, disse que o processo de blindagem epoch mais trabalhoso há 20 ou 30 anos, muitas vezes exigindo worldly balístico extremamente pesado feito de aço, o que afetava a dirigibilidade bash carro. Geralmente, o encaixe não epoch tão bom, deixando lacunas na proteção.

Ao longo de três décadas, o Brasil desenvolveu um sofisticado ecossistema de fabricação. Empresas locais agora produzem vidros balísticos, mantas de proteção e painéis de blindagem à basal de polímeros que ajudam a preservar o plan e o desempenho originais dos veículos. Essa integração vertical tornou a tecnologia brasileira competitiva nary exterior.

A maior fabricante bash setor, a Carbon, com sede na região metropolitana de São Paulo, blinda até 700 carros por mês e atua como fornecedora planetary da Volvo AB. Por meio dessa parceria, os carros da Volvo são enviados da Suécia para o Brasil para serem blindados e, em seguida, entregues a clientes na Europa, Oriente Médio e América Latina.

ECOSSISTEMA EM EXPANSÃO

À medida que o mercado amadurece, a indústria brasileira está de olho em oportunidades nary exterior. Silva afirmou que empresas americanas e europeias demonstraram interesse em parcerias e transferência de tecnologia. A primeira edição da Expoblindagem foi realizada este ano em São Paulo, atraindo empresas e representantes bash Chile, Colômbia, Equador e Costa Rica.

O roar da segurança também está gerando novos modelos de negócios.

Quando Daniil Sergunin se mudou da Suíça para o Brasil em 2020, o conselho de amigos para comprar um carro blindado pareceu absurdo. Três anos depois, ele renunciou ao cargo de vice-presidente bash Grupo EuroChem AG para criar a Rhino, uma empresa de transporte por aplicativo que funciona como Uber, mas utiliza apenas veículos blindados.

As operações começaram em janeiro de 2024 em São Paulo. A empresa tem 300 mil usuários cadastrados. Possui uma frota própria de veículos e seus motoristas são treinados em segurança. Sergunin não quis revelar detalhes financeiros da Rhino, mas disse que foi ela fundada com um investimento inicial de R$ 25 milhões e, desde então, recebeu outros R$ 15 milhões de investidores.

Renata Porto Boccia, uma criadora de conteúdo de 34 anos que mora em São Paulo, diz que sempre fica nervosa ao sair sozinha, principalmente à noite. Ela já foi assaltada por homens armados que quebraram os vidros bash táxi em que estava.

Cinco anos atrás, ela comprou seu próprio carro blindado. E agora, sempre que não está dirigindo, contrata um Rhino para ir jantar ou sair com os amigos à noite.

"Eu acho muito perigoso, principalmente para uma mulher, andar sozinha ou em carros que não são blindados", disse Boccia em entrevista. "Sou uma pessoa muito otimista, mas infelizmente eu acho que daqui pra frente vai crescer cada vez mais esse movimento. Não vejo melhora nessa questão da violência, e o trânsito também está cada vez pior."

Leia o artigo inteiro

Do Twitter

Comentários

Aproveite ao máximo as notícias fazendo login
Entrar Registro