Inflação, trabalho e IR fazem BC manter cautela com juros, diz economista

Sung observa que o Copom já nota melhora nas expectativas de inflação, mas prefere manter cautela. Para ele, só com mais segurança sobre os indicadores será possível iniciar cortes nos juros.

Na medida em que o cenário é delineado da forma esperada, o comitê dá prosseguimento ao estágio em que opta por manter a taxa inalterada por um período bastante prolongado, então, mantém ainda aquele posicionamento de manter os juros em 15% por um tempo ainda necessário, mas, e aqui é o ponto novo, com maior convicção de que a taxa corrente é suficiente para segurar a convergência de inflação para a meta.
Gustavo Sung

O impacto da ampliação da isenção do imposto de renda é visto como incerto, segundo Sung, mas pode aumentar o consumo e pressionar a inflação. O BC deve acompanhar esses efeitos de perto.

Tem outra novidade, o final do parágrafo 12, em que ele cita que o comitê optou por já incorporar uma estimativa preliminar do impacto da medida de ampliação da isenção do imposto de renda. Qual o impacto? Que as pessoas vão ter mais renda disponível, aquelas que ganham R$ 5.000,00 que serão isentas e as que ganham R$ 7.350,00, que terão desconto. Essa renda disponível extra poderia ser utilizada para consumo, e isso tem impacto direto sobre a atividade econômica.
Gustavo Sung

Então, o comitê considera que tal estimativa é bastante incerta e acompanhará os dados para calibrar os seus impactos. Essa opção, por uma postura conservadora e dependente dos dados, é reforçada por exemplos recentes de medidas fiscais e creditícias que poderiam levar a uma discrepância em relação ao cenário alinhado, mas não provocaram divergências relevantes em relação ao que se esperava.
Gustavo Sung

No curto prazo, o BC reconhece pequenas melhoras, mas mantém o cenário básico inalterado.