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Entidades do setor privado estavam igualmente estupefatas. Haddad tratou como se fosse algo casual, uma "revisão de decreto após diálogo com o setor produtivo e financeiro para evitar boataria e fake news". Mas, em mensagens privadas com associações, ouvi coisas do tipo: "que absurdo sem fim esse governo".
Indaguei a um dos secretários da Fazenda se o impacto de um aumento tão abrangente do IOF na indústria de fundos e remessas para o exterior não foi ponderado de antemão. Ele me respondeu que sim. Mas acrescentou: "Uma medida como essa não pode ser debatida com agentes de mercado". Segundo ele, o recuo aconteceu pelas "dúvidas técnicas que nos foram chegando, que se iniciaram já na coletiva, nos chegaram via associações como a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais) e outros grupos organizados. E, para evitar uma abertura de mercado muito ruim, dado o potencial de fake news".
Nas redes sociais, circularam mensagens de próceres da oposição como os senadores Rogério Marinho e Sérgio Moro chamando atenção para o aumento de impostos e colando novamente no ministro Haddad a pecha de Taxxad. Nomões do mercado financeiro questionavam se o aumento do IOF para operações de câmbio seria o início de um controle cambial, quando o governo taxa a remessa de dinheiro para evitar a desvalorização do real. O efeito é o inverso, porque todo mundo entra em pânico e o dinheiro sai.
Kelly Massaro, presidente da Abracam (Associação Brasileira de Câmbio) rebate a ideia de equalização e "fechamento de brechas", como alega a Fazenda, com a uniformização do IOF em 3,5% para operações com cartão de crédito, débito e compra de dinheiro em espécie. "A norma anterior previa redução gradual do imposto em operações com moedas estrangeiras até 2029, conforme compromisso com a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) em 2022", explica. "A alteração do cronograma de zeragem do IOF Câmbio afeta negativamente o mercado devido às dificuldades fiscais".
Ela conta que técnicos passaram horas virando o sistema para o novo IOF —que passaria a valer hoje— e quando estavam finalizando ajuste, tiveram que voltar tudo para como era antes. Menos mal que o recuo aconteceu a tempo. Ainda assim, deixou mais um arranhão na imagem e credibilidade da Fazenda e do governo.
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