Janitor AI: como usar a ferramenta para criar assistentes de tratar dados

Por outro lado, o Janitor AI também é uma das poucas ferramentas de IA gratuitas disponíveis para criação de conteúdos adultos, principalmente de cunho sexual. Ainda que a plataforma não tenha recursos embarcados para geração de imagens, diversas das artes utilizadas por outros criadores em seus bots são consideradas inapropriadas para o ambiente de trabalho. Além disso, há riscos em potencial de se trabalhar com dados sensíveis em uma plataforma pública integrada a internet. A seguir, o TechTudo preparou um guia explicando o que é o Janitor AI, quais suas utilidades e se realmente compensa adotar a ferramenta para realizar o tratamento de dados.

O Janitor AI é uma plataforma gratuita que utiliza modelos LLM próprios ou de terceiros, que permite criar chatbots personalizados para as mais diversas finalidades. A ideia é garantir que desenvolvedores moldem a personalidade dos robôs, incluindo os comportamentos, áreas de especialidade e contextos de interação. Dessa forma, a plataforma consegue gerar desde um apaixonado por games capaz de opinar sobre o mercado de jogos até um assistente personalizado para assuntos avançados.

A maior diferença técnica do Janitor AI é a possibilidade de expandir as funcionalidades da plataforma para integração com APIs externas. Outro diferencial da plataforma é a capacidade nativa de filtragem, identificação e até reconhecimento de dados, o que possibilita realizar algumas tarefas complexas de tratamento de dados.

O Janitor AI atua como um assistente pessoal capaz de preparar grandes datasets para usos com recortes específicos. Assim, a plataforma não gasta horas na análise de planilhas com milhares de linhas e não precisa utilizar ferramentas avançadas do Microsoft Excel, como o Power Query. Com isso, a ferramenta despertou o interesse de pequenos negócios por oferecer uma alternativa gratuita para implementar assistentes de IA especializados em análise de dados.

A configuração e implementação das APIs não é exatamente simples. É preciso baixar ferramentas como o Kobold AI para criar um proxy reverso e permitir que o Janitor acesse modelos e arquivos localmente da máquina do usuário ou do servidor na nuvem. Em compensação, o processo tampouco é complicado a ponto de exigir uma equipe de tecnologia da informação especializada em IA, o que serve como uma alternativa com custo operacional relativamente baixo.

Entretanto, para atender demandas de diferentes nichos de mercado, a ferramenta é bem mais flexível em relação ao tipo de interações possíveis. A ferramenta não restringe a geração de conteúdos de cunho sexual. Enquanto serviço isolado, o Janitor AI se tornou uma plataforma repleta de chatbots com conteúdo adulto, com um site altamente impróprio para o ambiente de trabalho.

A maioria dos bots mais populares entre a comunidade, sugeridos com mais frequência, são capazes de trocar mensagens que remetem a nudez e a outros conteúdos sensíveis. O serviço em si não oferece ferramentas embarcadas para geração de imagens, mas a capacidade nativa de rodar APIs remotas viabiliza que usuários mais investidos implementem bots capazes de produzir conteúdo adulto. Naturalmente, essa possibilidade torna o Janitor AI um serviço que abre margem para a violação de uma série de diretrizes de conduta no ambiente de trabalho.

É possível acionar um “modo seguro” nas configurações de perfil, mas até a funcionalidade ser ativada os usuários ficam expostos ao material. Muitas vezes, o sistema de indicação de criações da comunidade expõe bots com artes bastante sugestivas. Exclusivamente do ponto de vista trabalhista, sugerir que um funcionário utilize o Janitor diretamente da página oficial pode gerar constrangimento e abre precedentes para processos de assédio.

Dessa forma, o Janitor só é aceitável como ferramenta profissional se a empresa criar e treinar chatbots exclusivamente em ambiente web de terceiros. Isso permitiria que tanto as equipes de desenvolvimento quanto os demais colaboradores tenham acesso aos bots em interfaces que apenas utilizem os modelos LLM, mas não direcionem para a página da plataforma. Ainda assim, dependendo de como o bot for treinado, algumas respostas inapropriadas podem ocorrer eventualmente.

Além disso, não é possível bloquear conteúdos específicos da ferramenta por meio de whitelists, porque para utilizar as funcionalidades de integração com APIs é preciso ter uma conexão direta com o Janitor AI por meio de um proxy reverso. Vale lembrar que sites públicos são invariavelmente mais vulneráveis e suscetíveis a ataques que ambientes seguros em redes privadas. A interface com APIs em ambientes remotos deixa ao menos parte do tráfego exposto ao manter uma porta aberta para, no mínimo, interceptação de informações potencialmente sigilosas.

Mesmo que os arquivos-fonte utilizados para preparar datasets e as próprias conversas sejam privadas, como descrito nos termos de uso do Janitor AI, o aumento de popularidade da ferramenta pode ser um chamariz para usuários mal-intencionados realizarem ataques maliciosos ao domínio principal, com acesso a conteúdos processados na plataforma.

Para a maioria dos casos, o Janitor AI é gratuito. A plataforma oferece recursos básicos com algumas limitações de uso ao selecionar o modelo proprietário JanitorLLM Beta, ou com APIs próprias rodando em integração via proxy. Quem preferir também pode optar pelo modelo GPT, com integração nativa e créditos para até 500 mensagens. A cobrança virá sob demanda diretamente na plataforma de gerenciamento da OpenAI.

Cada 1 milhão de tokens de entrada (prompt) custa US$ 3 no modelo GPT-3.5-turbo, com mais US$ 6 para 1 milhão de tokens de saída (respostas). Já no GPT-4o, mais caro e mais recente, os valores sobem para US$ 5 e US$ 15, respectivamente.

No entanto, para quem está interessado em criar um chatbot para um negócio pequeno, focado em questões pontuais exclusivamente com informações públicas, como tabelas atualizadas de preços de produtos ou serviços, não há muitos problemas em optar pelo Janitor AI como uma solução. Nesses casos, o uso do modelo em si é gratuito, mas a implantação depende da integração por meio de empresas intermediárias, como a Alltius AI. Serviços desse tipo são geralmente pagos, pois estabelecem ambientes web para deploy de chatbots e utilizam apenas a infraestrutura e modelos do Janitor AI, sem acessar a página da plataforma.

O Janitor AI vale a pena se formos considerar exclusivamente o potencial da ferramenta para servir de infraestrutura para chatbots simples, com uso de outros intermediários para a integração em páginas ou serviços. Isto se dá porque a ferramente oferece um modelo LLM gratuito. Naturalmente, isto também inclui capacidades de criar assistentes de IA para preparação de dados, desde que as informações a ser trabalhadas sejam públicas e não incluam dados sensíveis, como informações pessoais de clientes, dados bancários, entre outros.

Não necessariamente utilizar serviços desse tipo oferece riscos diretos. Contudo, como a infraestrutura por trás dos modelos é a mesma da página pública de chatbots, cada novo intermediário entre seus dados e os servidores nos quais eles são processados acaba sendo uma nova brecha de segurança em potencial. Nesses casos, é mais interessante contratar serviços específicos de ciência de dados do que expor informações sigilosas e arriscar ter um prejuízo a longo prazo.

Para quem tinha planos de adotar o Janitor AI direto da página do serviço rodando APIs locais, além dos riscos no quesito de segurança da informação, ainda será preciso ficar constantemente desviando de recomendações de bots adultos toda vez que abrir a página da plataforma. Esse é um cenário bem distante do ideal em ambientes de trabalho.

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