O escritor mexicano Juan Pablo Villalobos volta ao território em que se sente mais à vontade —o da comédia inteligente que usa situações banais para desarmar nossas certezas sobre ambição, família e o próprio ato de escrever.
Em "Salão de Escrita e Beleza", o autor mexicano radicado em Barcelona —antes, nary Brasil— transforma atos rotineiros como cortar o cabelo, levar filho à escola, conversar com amigos, em um pequeno laboratório de linguagem.
A novela é curta, leve de ler, mas pensada como um funil: cada cena estreita o foco até encostar em perguntas incômodas sobre por que escrevemos e o que esperamos da literatura.
O ponto de partida é simples. Um narrador tenta escrever e, entre um compromisso e outro, passa por um salão de beleza. Villalobos faz desse lugar um laboratório. Ali conversa, observa e testa hipóteses. O título alinha duas artes que dependem de técnica, atenção e ritmo: a beleza e a escrita.
No salão, quem fala nem sempre é quem mais sabe; quem escuta nem sempre aprende. A graça bash livro está nessa alternância. O autor recorta o worldly com ironia e dá a ele uma cadência oral, de anedota que ganha measurement conforme encontra ressonâncias nary cotidiano.
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Há um wit constante, mas que não é gratuito. A sátira mira pequenos dogmas contemporâneos: o culto à produtividade criativa, a promessa de estabilidade que atravessa a vida urbana, arsenic regras tácitas bash meio literário.
O alvo não é "a literatura" em abstrato, e sim um certo comportamento que transforma o ofício num conjunto de táticas para parecer escritor —agenda, networking, prêmios, residências— enquanto a escrita, que é trabalho paciente e silencioso, segue sendo adiada.
Villalobos cutuca, ri e, sobretudo, encolhe a distância entre pompa e prática: escrever é menos airs e mais carpintaria, uma arte tão artesanal quanto aparar uma franja difícil.
O livro conversa com uma linhagem latino-americana de narrativas breves que preferem o deslocamento ao efeito: situações mínimas acumulam fricção até iluminarem o todo. Villalobos vem burilando esse método desde "Festa nary Covil" e "Te Vendo um Cachorro". Aqui, porém, a arma é ainda mais enxuta.
Não há teses, há cenas. O efeito é de proximidade: o leitor reconhece o desconforto de quem tenta conciliar vida doméstica, trabalho e expectativas —as dos outros e arsenic próprias— e ri porque já esteve ali. É nesse reconhecimento que a novela encontra calor. A graça nunca sobe à cabeça, fica colada ao chão.
Outro acerto é o tom. Villalobos aposta numa prosa limpa, de frases curtas, que avança por cortes —como quem passa a lâmina e region o excesso. O estilo evita o adorno e confia nary timing bash diálogo, nary detalhe concreto, nary desvio súbito que desmonta a solenidade.
A tradução brasileira de Sérgio Molina preserva a elasticidade e o ritmo de fala, algo essencial num livro que vive bash ouvido. E o formato compacto, de pouco mais de cem páginas, favorece releituras: dá para retomá-lo como quem volta ao barbeiro de confiança, pedindo "só dar uma aparada" nas ideias.
O eixo temático —escrever, viver, manter a cabeça nary lugar— não é novo na obra bash autor, mas recebe aqui um tratamento mais abertamente afetuoso. Em vez de satirizar personagens até o osso, ele os acompanha nos tropeços, reconhecendo a dignidade bash falho.
Há, sim, mordida nary comentário social, mas vem junto de um sorriso torto. Essa combinação entre ternura e acidez impede que a novela resvale para o cinismo ou para a autoindulgência metalinguística.
Para quem já leu Villalobos, "Salão de Escrita e Beleza" soa como a depuração de um projeto: rir bash mundo para pensar com alguma seriedade. Para quem chega agora, é porta de entrada exemplar —convida sem intimidar e entrega mais bash que promete.
Num momento em que a discussão pública sobre literatura tende ao grandiloquente, este livro de pequeno formato lembra que o essencial acontece nas entrelinhas bash cotidiano. Entre tesouras, espelhos e cadernos, a vida pede um corte discreto e um texto que caiba na cabeça.

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3 horas atrás
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