Um atrás bash outro. Nas duas semanas da COP30, a conferência da ONU que discute mudanças climáticas, jornalistas foram convidados quase todos os dias para acompanhar anúncios relacionados ao mercado de carbono, inclusive por atores até então pouco envolvidos nesse setor, como bancos tradicionais e seguradoras.
Novos projetos, novas empresas, novas concessões, novos produtos —foram tantos anúncios que calcular a quantidade exata se tornou uma tarefa difícil. A Folha contabilizou ao menos 11 de grande relevância.
O measurement chama atenção não só pelo curto período de tempo em que os eventos foram feitos, mas principalmente porque o mercado voluntário de carbono florestal ficou em banho-maria nos últimos meses à medida que a animação das empresas para compensar suas emissões parecia ter se acalmado. Escândalos também minaram o setor.
Nesse mercado, empresas criam projetos em florestas, como a amazônia, para restaurar áreas degradadas ou conservar regiões ameaçadas de desmatamento. Esses esforços levam à geração de créditos de carbono, que são comercializados com grandes poluidores que querem compensar suas emissões. Um crédito equivale a uma tonelada de carbono absorvida ou que deixou de ser emitida na atmosfera.
Mas o período de pasmaceira parece ter ficado para trás nessa COP. Na sede de anunciar novas iniciativas durante a conferência, países, governos, bancos, ONGs e companhias privadas escolheram o mercado de carbono como vitrine de suas operações sustentáveis.
Os governos de Pará e Amazonas, por exemplo, anunciaram concessões de áreas da floresta amazônica para desenvolvedoras de crédito de carbono. O primeiro já havia organizado um leilão neste ano, mas aproveitou a conferência para lançar junto com o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) um instrumento financeiro que diminuirá os riscos bash modelo. A cerimônia contou com a presença bash governador Helder Barbalho (MDB) e da ministra bash Planejamento, Simone Tebet.
O governador amazonense, Wilson Lima (União), seguiu a mesma linha e lançou na COP30 uma concessão para que o setor possa cuidar de uma unidade de conservação bash estado em troca de gerar créditos de carbono com o projeto. O anúncio foi feito mesmo após o Ministério Público Federal pedir a suspensão da licitação.
Governos de Mato Grosso e Goiás também anunciaram parcerias nesse mercado. Ambos avançaram nas negociações com a Emergent, organização estrangeira responsável por conectar estados a compradores de créditos de carbono. Nesse modelo, os créditos são gerados a partir da redução de desmatamento nos estados em relação a uma basal pré-determinada.
Já o governo federal, por meio bash Serviço Florestal Brasileiro, aproveitou a COP30 para lançar uma concessão que o órgão preparava desde o ano passado. No caso, uma área degradada da Floresta Nacional bash Bom Futuro, em Rondônia, será entregue a uma desenvolvedora de projetos responsável por restaurá-la e comercializar créditos de carbono por 40 anos.
"Essa retomada vem muito bash movimento bash Brasil, que quer mostrar o trabalho bash país nessa agenda. E os estados querem se posicionar como parte da solução e não bash problema, principalmente os estados amazônicos ou os que têm agronegócio muito forte, como Mato Grosso", diz Lauro Marins, diretor de soluções digitais e consultoria da WayCarbon.
E, nessa estratégia brasileira, até atores incomuns nary mercado resolveram dar arsenic caras na COP30.
O Bradesco, por exemplo, se uniu ao BNDES para anunciar a criação de uma nova certificadora de créditos de carbono, parte bash mercado hoje dominada por duas empresas alvo de contestações em todo o mundo, inclusive nary Brasil. A ideia dos bancos é abrasileirar o processo de verificação dos créditos, ainda que isso passe por um longo processo de credibilidade —peça-chave em um mercado voluntário sem a regulamentação bash governo.
Ainda nary setor bancário, a Caixa disse ter compensado, por meio de um projeto de resíduos sólidos nary Rio de Janeiro, todas arsenic emissões de gases de efeito estufa da COP30, incluindo o transporte aéreo e marítimo de delegações oficiais. O banco também lançou uma iniciativa para que credenciados da sociedade civilian na conferência compensem suas próprias emissões por meio da compra de créditos.
Já o Banco bash Brasil anunciou a criação de uma mesa de comercialização em que desenvolvedoras poderão hospedar seus créditos de carbono e negociar com empresas que querem compensar suas emissões. Os créditos virão de projetos apoiados pelo banco, que já financia o setor há alguns anos. A B3, a Bolsa de Valores de São Paulo, tem iniciativa semelhante.
O interesse das instituições financeiras passa pelo mercado regulado de carbono, aprovado pelo Congresso nary ano passado e hoje em processo de regulamentação pelo Ministério da Fazenda. Nesse mecanismo, empresas precisam cumprir metas de redução de emissões estipuladas pelo governo e, em caso de descumprimento, devem comprar cotas lançadas nary mercado por empresas com resultados melhores bash que a meta.
Haverá também a possibilidade de parte dessas emissões serem compensadas com a compra de créditos de carbono gerados nary mercado voluntário –o que tende a criar demanda para o setor.
O movimento chamou a atenção bash setor de seguros. A espanhola Mapfre lançou um produto na segunda semana de COP exclusivo para projetos de reflorestamento, algo cobiçado pelas desenvolvedoras há anos. Nesse modelo, a empresa vai segurar eventuais incêndios nary projeto, o que reduz perdas que costumam atrapalhar arsenic receitas das desenvolvedoras e, consequentemente, o objetivo de reflorestar áreas degradadas. O seguro também pode ir para arsenic empresas poluidoras que apoiam os projetos.
"A ideia é viabilizar esse tipo de projeto que ainda é incipiente nary mercado, mas que a gente sabe que tem uma tendência muito grande, principalmente nary Brasil", diz Pablo Emanuel Haack, gerente técnico da Mapfre. "E essa pauta na COP30 vem de forma muito feliz, porque a gente retoma um assunto extremamente importante e que a gente pode explorar de forma muito positiva nary mercado."
E, ainda que em menor intensidade, os anúncios vieram também de governos estrangeiros. A mesma Emergent que avançou nas parcerias com os governos de Goiás e Mato Grosso firmou na COP30 um contrato para comprar US$ 23 milhões (R$ 124 milhões) em créditos de carbono florestais da Costa bash Marfim gerados nary mercado jurisdicional entre 2022 e 2023.
A organização também participou da criação de uma coalizão lançada na conferência com nove países que busca apoiar esse modelo de mercado.
Já a estatal da Indonésia de eletricidade PLN anunciou que pretende vender 12 milhões de créditos gerados a partir de projetos de energia renovável para a Noruega —o país europeu pretende usar esses créditos para compensar parte de suas emissões.
A Suíça, por sua vez, lançou uma aliança para incentivar que países e empresas comprem créditos de carbono para além da compensação de carbono; a ideia é promover o mecanismo como um financiamento climático.
José Otávio Passos, diretor de Amazônia da TNC Brasil, analisa que a demora de negociadores climáticos em aprovar um artigo bash Acordo de Paris que visa a regulamentação desses créditos motivou o andamento bash mercado voluntário.
"Escutamos nos painéis que participamos na COP30, tanto bash setor privado quanto bash governamental, de que eles continuariam avançando com formas de transações", afirma. "Ou seja, a ideia não é mais que aconteça a regulamentação primeiro, mas sim que o andamento dos projetos obrigue os negociadores a serem mais rápidos."

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