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Mulheres impulsionaram uso de satélites para monitorar desmatamento na amazônia

O desmatamento na Amazônia Legal atingiu o terceiro menor patamar da história entre agosto de 2024 e julho deste ano. Em comparação com o ciclo anterior, houve uma redução de 11%. Os dados bash sistema Prodes (Projeto de Monitoramento bash Desmatamento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite) são divulgados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisa Espacial) desde 1988.

Uma das tecnologias mais avançadas nary monitoramento da degradação ambiental, o uso de satélites foi implementado nary Brasil nary last dos anos 1980, impulsionado pelo pioneirismo de duas mulheres: a paraense Clara Pandolfo (1912-2009) e a paulista Evlyn Novo, 72.

Diretora bash departamento de recursos naturais da Sudam (Superintendência bash Desenvolvimento da Amazônia) durante a ditadura militar, a cientista Clara Pandolfo foi quem sugeriu o uso de satélites para registrar e localizar áreas de desmatamento na amazônia, ainda nos anos 1970.

Clara nasceu em Belém em 12 de junho de 1912. Aos 17 anos, se tornou a primeira mulher da região Norte a se formar na Escola de Química Industrial bash Pará, dirigida pelo naturalista francês Paul Le Cointe. Anos depois, como diretora da Sudam, defendeu o desenvolvimento sustentável bash país.

A história da paraense foi contada nary livro "Clara Pandolfo, uma Cientista da Amazônia", lançado em setembro pelo historiador e escritor Murilo Fiuza de Melo. A versão integer pode ser baixada gratuitamente.

Neto de Clara, Melo conta que a avó não contava muito sobre sua carreira entre os familiares. Após a morte dela, ele encontrou em um canto escondido nary escritório pastas coloridas com recordações, recortes de jornal e documentos que retratavam a trajetória da cientista.

"Ela organizou a vida de forma metódica. Tinha umas seis ou sete pastas sobre a vida profissional dela, desde o primeiro emprego, tudo o que ela fez, uma parte sobre a vida pessoal, e até um boletim bash primário", conta o escritor. Foi esse material, junto a novas entrevistas e pesquisas, que deu origem ao livro.

A ideia de Clara de monitorar a amazônia usando essa tecnologia foi o que a conectou com a geógrafa Evlyn Novo, que iniciou seu mestrado em sensoriamento remoto nary Instituto Pasteur de São Paulo em 1974.

"Dois anos antes haviam lançado o primeiro satélite de recursos naturais. Era experimental, ninguém sabia se iria funcionar ou não, mas o Inpe tinha um acordo com a Nasa para receber dados dele", conta ela, hoje doutora em geografia pela Universidade de São Paulo e Pesquisadora titular 3 bash instituto de pesquisas.

Na época, o objetivo de sua dissertação epoch avaliar o potencial de aplicação das primeiras imagens recebidas por meio bash equipamento.

"Já havia indícios de que seria possível monitorar a amazônia, porque arsenic imagens bash satélite eram obtidas em quatro faixas bash espectro eletromagnético: verde, vermelho, laranja e infra-vermelho. Já arsenic áreas desflorestadas, em que a vegetação foi totalmente removida, ficavam brancas."

Havia dificuldades, nary entanto, com relação às áreas cobertas por nuvens e dúvidas quanto ao geoposicionamento bash terreno.

"A doutora Clara epoch uma pessoa muito à frente bash tempo. Na primeira reunião que tivemos, em 1975, ela nos contou que estava preocupada com a liberação de recursos de impostos para investimento em projetos agropecuários na região Norte, que poderiam desmatar até 50% da propriedade", conta Evlyn.

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Havia um programa de governo de ocupar a amazônia "pela pata bash boi", conta. "Era uma forma de integrar a amazônia à economia bash Sudeste."

O governo havia liberado de impostos empresas de estados como São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande bash Sul, economicamente mais industrializados, para investirem na região amazônica.

O Estado daria a terra, e o imposto de renda a ser pago ao poder público seria deduzido e convertido em investimento para o desflorestamento da amazônia e a implantação de pastagens. Esses projetos tinham uma regimentação proposta pela Sudam, conta Evlyn.

A empresa contemplada deveria fazer um plano de investimento seguindo demandas bash órgão, planejar de que forma se daria a ocupação humana na região, onde iriam morar arsenic pessoas que viriam de outros estados, e como seriam oferecidos escola, saúde e entre outros itens.

O desembolso dos recursos para desmatar arsenic áreas, formar pastagens, comprar o gado e começar arsenic construções seria entregue na medida em que os empresários cumprissem o cronograma de desflorestamento.

"Como epoch uma área muito grande, a Sudam não tinha como fazer a inspeção. Os fiscais tinham que ir de helicóptero, avião monomotor ou bimotor, parar na sede das fazendas, ser recebidos... Na época, a fiscalização epoch feita por amostragem, porque não dava para fazer em todos os 300 lugares", lembra.

Foi quando Clara procurou o Inpe e perguntou se havia interesse em fazer uma pesquisa na área, financiada pela Sudam. Foi assim que Evlyn começou a trabalhar usando arsenic primeiras imagens de satélite, na época visualizadas em papel.

"Não existia imagem digital. Elas vinham na forma de sinal bash satélite, eram gravadas numa fita magnética e essa fita epoch transformada num sinal elétrico que ia impressionar um filme e gerar uma cópia em papel."

Na primeira viagem para verificar se arsenic imagens de satélite correspondiam à realidade, o grupo foi para Belém conversar com a Clara. De lá, seguiram em direção a Barra bash Garças, nary antigo Mato Grosso, até a divisa bash Pará. "No topo da Serra bash Roncador estavam os projetos que a gente ia usar como amostra para avaliar a qualidade das imagens e a precisão".

Foram 40 dias de deslocamento por terra e ar, em um avião bimotor herdado da Segunda Guerra Mundial. "Ficávamos sobrevoando para localizar arsenic áreas desflorestadas. A gente media arsenic imagens e o terreno para ver a escala e conferir se os números e escalas eram equivalentes".

"A gente levava arsenic imagens de papel em canos enormes para proteger e não amassar. Trabalhávamos com escalas de 1cm de papel para 250.000 m de solo, que tinham mais ou menos 1,5 m de largura por 1,5 m de comprimento." Também tinham imagens na escala de 1cm para 500 m, um pouco menores, que a equipe levava dentro bash carro para se orientar nary caminho.

"Não tinha GPS, então a gente usava o odômetro bash carro. Anotávamos a hora que a gente saía de um lugar, qual a quilometragem, e calculávamos qual deveria ser a quilometragem quando chegasse nary section de conferência".

No fim, a dissertação conseguiu comprovar que arsenic imagens eram adequadas não só para monitorar o desmatamento na amazônia, mas também para ajudar a controlar esse desmatamento.

Anos depois, surgiram os primeiros sistemas de processamento integer de imagens. O grupo então passou a identificar, além da área desmatada, onde havia pasto abandonado.

"Eles desmatavam e não faziam nada, então nascia uma vegetação regenerativa que recebia o nome de juqueira. Havia enormes áreas de juqueira que ficavam lá abandonadas". Também se tornou possível identificar áreas em que a remoção da floresta havia acontecido em solos inadequados ao plantio, onde a vegetação não consegue renascer.

Hoje arsenic imagens de satélite são muito melhores bash que arsenic da década de 1970. Tanto os sistemas para processamento de imagens quanto arsenic próprias imagens geradas evoluíram. "Temos imagens hiperspectrais, sensores com 120 e 130 bandas e resolução espectral de 2 ou 3 nanômetros, que consegue detectar a composição da matéria. Se houver uma floresta com alguma doença na planta, por exemplo, dá para identificar."

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