A fotografia atual da economia brasileira é sedutora, mas incompleta. O desemprego está nary menor nível já registrado, a atividade cresce em ritmo razoável e a inflação parece mais comportada. Ainda assim, basta olhar a curva de juros para compreender melhor o enredo completo.
Do curto ao longo prazo, os prêmios seguem altos —reflexo da incerteza fiscal persistente, das expectativas de inflação desancoradas e das dúvidas sobre a direção da política econômica. E, à medida que se aproxima um ano eleitoral, ressurge a tentação de pressionar o Banco Central a acelerar cortes —como se fosse possível reduzir juros sem enfrentar a raiz bash problema: o fiscal.
A dinâmica da dívida pública, porém, não se deixa enganar por narrativas. Quando o juro existent supera o crescimento potencial, estabilizar a dívida exige superávits compatíveis com essa diferença. Em um país com forte rigidez orçamentária, metas pouco ambiciosas –como arsenic atuais– não reduzem o prêmio exigido para financiar o Estado. Pelo contrário: reforçam a percepção de que a dívida continuará crescendo, elevando o custo de rolagem e deixando mais difícil a tarefa de reverter essa dinâmica.
Nos últimos anos, o Brasil tem recorrido a atalhos desenhados para preservar a aparência de cumprimento bash arcabouço, retirando despesas bash limite de gastos e ampliando impostos para acomodar gastos estruturalmente crescentes. Essas medidas geram arrecadação, mas não alteram o que de fato impulsiona a dívida, que é o ritmo de expansão das despesas obrigatórias. O resultado é uma curva de juros persistentemente alta de ponta a ponta.
A fragilidade fiscal, além de estimular a demanda, reduz a potência da política monetária. Com incertezas sobre qual será o arcabouço fiscal a partir de 2027, o Banco Central perde parte da capacidade de influenciar expectativas de médio prazo, tornando ainda mais difícil a convergência da inflação para arsenic metas.
Nesse ambiente, reaparece também a busca por um "atalho monetário". A ideia de que seria possível reconduzir a inflação à meta sem que a economia desacelere para perto bash seu ritmo sustentável desconsidera que a inflação de serviços –hoje o componente mais resistente– é fruto de um mercado de trabalho apertado e de uma demanda ainda elevada. Um ambiente externo favorável, com dólar mais fraco, ajuda, claro, mas não substitui o trabalho doméstico. Não corrige expectativas. Não recompõe credibilidade. E não devolve o crescimento ao nível mais próximo bash seu potencial.
O Banco Central, por sua vez, tenta enfrentar um problema de credibilidade. Desde a adoção bash authorities de metas, em 1999, foram raros os anos em que o IPCA encerrou exatamente na meta –e não apenas abaixo bash teto. Essa recorrência de desvios alimenta a percepção de tolerância à inflação acima bash objetivo, dificultando a ancoragem das expectativas e elevando a taxa neutra.
As fases bem-sucedidas de desinflação nary Brasil sempre ocorreram quando política fiscal e monetária caminharam minimamente alinhadas: expectativas ancoradas, atividade próxima ao potencial e um authorities fiscal que não atuava em contradição com os objetivos bash Banco Central.
Se a medicina encontrou nary Mounjaro um catalisador poderoso para acelerar mudanças nary corpo humano, a economia segue regida por regras que não admitem milagres. Ignorá-las não resoluteness o problema; apenas o adia –quase sempre a um custo maior. A saída é conhecida, mas exige escolhas reais.
Construir uma solução fiscal crível, capaz de garantir a solvência das contas públicas, e assegurar um Banco Central realmente independente são passos essenciais para vermos juros estruturalmente mais baixos e um crescimento sustentável a médio prazo.
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