'Não se trata de vitória política, visão deve ser de Estado', diz Tarcísio

O governo cantou vitória e abriu caminho para a votação hoje na Câmara dos Deputados. Em entrevista coletiva ontem, o líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) disse que era "vitória da racionalidade" e que "bastava ir no projeto original (do governo), que era justamente aquilo, um novo tipo penal".

O relator, Guilherme Derrite, tem visão oposta. Em conversa com a coluna, avalia que "criou projeto duríssimo" e a vitória é da oposição: "O marco legal é a reforma penal mais dura dos últimos 30, 40 anos. A Lei antiterrorismo previa pena de 12 a 30 anos. O meu projeto prevê pena de 20 a 40 anos. E pode chegar a 66 anos de cadeia para os líderes, com 85% da pena cumprida em regime fechado".

Derrite não encara as mudanças no seu projeto de lei original como recuos. Ele conta que foi uma estratégia para não ter contestação no Supremo Tribunal Federal e passar no Senado. "Tirei da Lei Antiterrorismo para não ter contestação constitucional, não ser engavetado no Senado. Acabou discurso. Encontrei um meio-termo".

Nos últimos dias, Derrite conversou sobre o projeto com os senadores Sérgio Moro (União -PR) e Alessandro Vieira (MDB-SE). Hugo Motta esteve em contato com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP) e ministros do Supremo. Tudo azeitado, o Marco Legal do Combate ao Crime Organizado deve ir à votação hoje com todos os lados comemorando vitória.

Derrite, pré-candidato ao Senado, será o pai da criança e acenará ao seu eleitorado. O PT dirá que derrubou os pontos mais críticos que desfiguravam o PL Antifacção original. E Hugo Motta vai comemorar o marco para sua presidência, avaliada por muitos congressistas como fraca.