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O caos e a liderança: o que crise no Rio nos ensina sobre a coragem de agir

Quando a crise explode, a primeira reação de muitos é a crítica precipitada, o julgamento sem compreensão. É a liderança que prefere a polêmica à solução. Rotulam a operação de "chacina", ignorando o contexto de um confronto com um exército de criminosos armados com fuzis, vestidos com roupas de combate. É criticar antes de ajudar, uma marca registrada da liderança reativa.

O que aconteceu no dia 28 de outubro deve ser julgado pelo contexto histórico que o gerou, não apenas pelas cenas de violência que dominaram as manchetes. Porque a verdade é clara: aquele dia não começou com o primeiro tiro. Ele começou décadas antes, com cada decisão de não agir, cada barricada ignorada, cada família abandonada à própria sorte. A tragédia não está nas imagens chocantes daquele dia, mas nos anos de omissão da liderança que as tornaram inevitáveis.

A crise também expôs um problema crônico da liderança: a dificuldade em reconhecer suas limitações. Autoridades e formadores de opinião que nunca viveram o problema se sentem à vontade para criticar sem ouvir quem o enfrenta na prática. A verdadeira liderança exige a humildade de buscar quem sabe, para que a crítica se transforme em solução, não em obstáculo.

Essa cultura da crítica reativa tem consequências. Acuado e sentindo-se isolado, o governador Cláudio Castro proferiu a frase que resume o estado de espírito de um líder em uma situação limite: "Soma ou suma". É um grito por colaboração, uma exigência de que, na crise, ou se ajuda, ou se evita atrapalhar. Não é o ideal, mas é o sintoma de um sistema onde a confiança falhou.

A decisão do governador de ordenar uma operação dessa magnitude foi, no mínimo, corajosa. Décadas de omissão não resolveram o problema, que só cresceu. Desde o governo Brizola, quando a polícia foi proibida de subir o morro, passando por políticas como a ADPF das favelas, que na prática limitaram a ação policial, até as tentativas performáticas de aproximação simbólica com comunidades, sem enfrentar o problema de fato, nada funcionou. O que todas essas abordagens têm em comum? A ilusão de que é possível resolver um problema dessa magnitude sem enfrentá-lo de verdade, sem a coragem de tomar decisões difíceis e impopulares.

Especialistas como Rodrigo Pimentel, ex-capitão do Bope, argumentam que a operação foi taticamente bem-sucedida, mas pode ter se tornado uma derrota estratégica por falta de ocupação posterior do território. Do ponto de vista da liderança, isso nos ensina que uma ação corajosa, sem planejamento e recursos para consolidação, se torna apenas um evento traumático com pouco efeito duradouro.

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