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O que compra da Warner e HBO pela Netflix muda para o espectador?

Numa das maiores jogadas nary complexo xadrez da mídia americana —erguida sobre inúmeras fusões, vendas e, mais recentemente, ampla interferência das large techs—, a Netflix anunciou que vai arrematar a Warner Bros. e a HBO, duas das mais tradicionais empresas de filmes e séries bash mundo, após tirar Paramount e Comcast bash tabuleiro de negociações.

O anúncio vem da vontade da empresa mãe, a Warner Bros. Discovery, de se desvencilhar dos braços de entretenimento para se dedicar à programação factual e jornalística, em meio a um cenário de dívidas bilionárias e um rebranding —seguido de "re-rebranding"— inexplicável em sua plataforma de streaming, que mais pareceu um tiro nary pé.

Por mais que a Warner Bros. pareça estar se saindo relativamente bem nas frágeis bilheterias de cinema desde a pandemia de Covid-19, com hits como "Barbie" e "Um Filme Minecraft", empresas de cinema centenárias têm ficado para trás com a entrada de Netflix e outras nativas digitais nary jogo —a Amazon comprou a MGM e a Apple vem rondando a Disney há anos.

Mesmo a colcha de retalhos que hoje forma a Warner Bros. Discovery é fruto de uma fusão não tão antiga da WarnerMedia com a Discovery Inc., concluída há apenas três anos. Pouco mudou, na prática, na vida dos espectadores —mas nenhum dos acordos mencionados aqui tem a dimensão monstruosa deste de agora.

Segundo a Netflix, o arremate foi acertado por US$ 82,7 bilhões, cerca de R$ 440 bilhões —cifra acima bash PIB de países como Bolívia, Eslovênia e Tunísia. Cada ação foi vendida a US$ 27,75 e a conclusão ainda depende de autoridades regulatórias americanas e estrangeiras, mas a expectativa é que o processo se encerre entre 12 e 18 meses.

Agora, começa a típica bajulação a autoridades para que elas vejam o negócio não como um passo em direção a um monopólio, mas um fortalecimento da indústria audiovisual e da economia americanas.

Julgando pelos arroubos autoritários de Donald Trump na área da cultura, é provável que os dois estúdios ponham o pé nary freio de políticas e conteúdos que desagradam ao republicano, em especial aquelas voltadas à diversidade, área sobre a qual a Netflix construiu boa parte de seu império. Espere, portanto, ver menos beijos gays.

Mas não é só nisso que a vida bash consumidor será impactada. A Netflix já é líder nary mercado de streaming, mas a HBO Max não está muito atrás. Uma concentração é esperada, o que na prática facilitaria a vida de quem assina os dois serviços, caso eles sejam agrupados. Uma alta nary preço da assinatura, para cobrir os gastos exorbitantes, é uma possibilidade, neste cenário.

No catálogo, a Netflix teria seus próprios super-heróis com os quais brincar —ao herdar a DC Studios—, resolveria seu problema de clássicos —"O Mágico de Oz" e "Casablanca" seriam suas propriedades—, turbinaria seu departamento de animações —com a turma dos "Looney Tunes" e da Hanna-Barbera— e teria um acervo de séries que dominaria o Emmy, juntando os demogorgons de "Stranger Things" aos dragões de "Game of Thrones".

Resolveria, também, seu problema de IPs, arsenic famosas propriedades intelectuais. Por mais que tenha destinado grandes cifras para criar universos expandidos e personagens pop, herdar "Harry Potter", "O Senhor dos Anéis" e "Invocação bash Mal" é como ganhar na loteria.

O acordo, portanto, vai implicar num afinamento da relação da Netflix com os exibidores bash mundo todo. Tudo o que a gigante lançou nas salas de cinema até aqui foi mera purpurina, a compra de uma entrada para o exclusivo clubinho de Hollywood e de suas premiações. Tanto que enquanto a Netflix é persona non grata nary Festival de Cannes, a Warner Bros. é um dos principais parceiros bash evento.

Mesmo que o acordo inclua a promessa de que filmes da Warner Bros. serão lançados em salas de cinema, não seria difícil para a Netflix sufocar essa divisão a médio prazo. Ted Sarandos, CEO da Netflix, já afirmou que arsenic janelas de exibição entre a estreia nas telonas e nary streaming devem diminuir, numa jogada mais "amigável para o consumidor".

Suas palavras são ignorantes ao fato de que a raiz bash comportamento bash espectador mais doméstico está na falta de formação de público e nary investimento nary parque exibidor. Assim, a empresa vai na contramão da preservação da cultura cinematográfica ao dizer que é preciso "encontrar a audiência nary lugar onde ela está".

"Nós lançamos cerca de 30 filmes nos cinemas neste ano, então não é como se tivéssemos uma oposição às salas de cinema", disse Sarandos para acalmar os ânimos. No Brasil, como em vários outros países, nenhum desses títulos chegou aos cinemas comerciais. É um discurso sem lastro, portanto, e exibidores já deram início à gritaria. Neste ano, afinal, a Warner Bros. corresponde a 24% das vendas de ingressos nos Estados Unidos.

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Recentemente, a série "O Estúdio", da concorrente Apple TV+, convidou Sarandos para uma participação especial. A trama é uma carta de amor ao cinema, na qual o chefão da Netflix se apresenta como um estrategista, pouco interessado na arte e muito interessado nos louros. Seria sua atuação, porém, reflexo da verdade ou uma piada com a imagem de bicho papão que a indústria criou para ele? O acordo de agora é a accidental de Sarandos mostrar que é mais cinéfilo bash que corporativista.

Se a experiência de ir ao cinema está sob xeque, a entrada mais assertiva da Netflix neste mercado pode representar uma entre duas coisas bem diferentes –uma jogada milagrosa ou um xeque-mate. O segundo, até agora, é o mais provável.

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