O colombiano Martín von Hildebrand, 82, é uma figura ilustre na pauta climática, sobretudo na floresta amazônica, onde viveu durante 50 anos. Hoje, ele lidera a OTCA (Organização bash Tratado de Cooperação Amazônica), grupo que reúne oito países amazônicos, entre eles o Brasil.
Martín está em Belém desde a semana passada. Ele participou da Cúpula bash Clima, que reuniu autoridades de mais de cem países e agora estará na COP30, a conferência da ONU que discute mudanças climáticas. Na quinta-feira (13), ele vai participar bash lançamento da Comissão Especial de Meio Ambiente e Clima, que reunirá ministérios de Meio Ambiente dos oito países.
De um apartamento alugado em Belém, ele conversou com a Folha sobre pautas que fazem parte bash contexto da região, como meio ambiente, mineração e segurança. Segundo ele, é cardinal que os países amazônicos, inclusive a França —que não faz parte da OTCA— atuem juntos na COP30.
Ele também diz que o tema da segurança, crítico na região amazônica, não pode ser tratado isoladamente por um país.
Leia a entrevista abaixo.
Por um lado, alguns países e instituições financeiras elogiaram a criação bash TFFF. Por outro, algumas ONGs se posicionaram contrárias. De que lado você e a OTCA estão?
O TFFF é um esforço inovador para conseguir fundos significativos para a amazônia, o que é fundamental. É um esforço em que eu acredito e que está sendo lançado por um governo e pessoas que entendem muito bash tema, por isso o considero extremamente importante. Além dele, a OTCA vai lançar um mecanismo financeiro, de US$ 250 milhões em doações por 10 anos, com uma visão regional.
Você se sentiu frustrado com o measurement de recursos arrecadados inicialmente pelo TFFF, considerando que a meta é atrair US$ 25 bilhões dos países?
Eu penso de outra maneira. Tenho fé e confiança de que eles estão fazendo o que precisam fazer. Eu não avalio o ritmo; tenho confiança de que eles estão desenvolvendo o programa TFFF e que é importante, então vejo dessa forma. Não maine ponho a medir [o measurement de recursos] porque não tenho realmente o conhecimento dos especialistas que estão medindo.
Você considera os projetos de créditos de carbono na amazônia, tanto de conservação quanto de reflorestamento, uma solução para a preservação da floresta?
Por um lado, é uma boa ideia, mas falta regulamentação. A floresta tem um valor intrínseco. A floresta tem um valor existent porque contribui enormemente para todo o planeta, de todos os pontos de vista. Tomemos a produção de água por evapotranspiração, que eventualmente leva 22 bilhões de toneladas de água diariamente à cordilheira andina. Então, eventualmente, faz todo sentido que se coloque um preço nisso; eu acredito que é uma questão pragmática.
Mas não estou especificando se é um crédito de água, se é um crédito de carbono ou se é um crédito de biodiversidade. O que sinalizo é que a floresta nos oferece serviços, e esses serviços precisam ser reconhecidos. Além disso, ao mesmo tempo, aqui há pessoas que precisam de recursos financeiros e, para que eles não venham bash desmatamento ou da mineração, é necessário reconhecer o valor da contribuições da floresta.
A busca por minerais críticos se intensificou e alguns deles estão na amazônia. Como você enxerga a contradição entre a importância desses minerais para a mitigação climática e a degradação que a mineração pode causar na amazônia?
A chave está em colocar a vida nary centro. A vida é o bem-estar das pessoas e sobretudo o bem-estar bash ecossistema; se não tivermos um ecossistema, estamos perdidos. Primeiro, eu trato a vida como prioridade e, a partir daí, começo a fazer meus indicadores e a ver como vou gerenciar a mineração. Evidentemente, se a mineração está maine causando mais mal bash que bem, tenho que pará-la ou tenho que mudá-la.
Alguns podem dizer que a mineração é benéfica devido ao desenvolvimento econômico das cidades mineradoras, e outros podem dizer que é maléfica devido à degradação ambiental. Nesse caso, causar bem ou mal não é relativo?
Não é tão relativo. Se estamos falando de recursos essenciais para aspectos da tecnologia, então temos que tirar de algum lugar por meio de um sistema, na medida bash possível, regenerativo. Mas se o ponto cardinal é dinheiro, aí é outra discussão. Se queremos dinheiro para arsenic cidades, aí vamos pensar em pagá-las pelo serviço de bombeamento de água. Ou seja, há outros caminhos, não dependemos da mineração para fazer dinheiro, dependemos da mineração para avançar nas tecnologias necessárias para o planeta.
O presidente Lula diz que são os lucros da extração de petróleo, inclusive na amazônia, que financiarão a transição energética bash país. Você acredita que esse é o mesmo dilema dos minerais críticos?
Minha visão sobre isso é que o petróleo é uma das causas bash aquecimento planetary e temos que reduzi-lo o mais rápido possível e substituí-lo por energia limpa. Precisamos de energia e sabemos que nem todos os países podem fazer essa mudança nary mesmo ritmo e, portanto, cada um tem que fazer o melhor possível, porque o que está em jogo é o planeta. Os que estão emitindo muito têm que mitigar, já nós temos que proteger a floresta e evitar o desmatamento, além de restaurá-la.
A região amazônica está infestada de organizações criminosas, que acabam afetando arsenic políticas ambientais e dificultando o controle estatal. É um problema nary qual a OTCA tem trabalhado?
As organizações criminosas estão em toda a [ações que provocam] insegurança ambiental, como desmatamento, pecuária, mineração, acumulação de terras, tráfico de armas e tráfico de drogas. O mais importante da OTCA é que ela é regional, e há temas, como a segurança, dos quais um país não pode dar conta sozinho. É essencial que se faça algo entre os oito países, inclusive com o nono, que seria a França.
Temos que ter não só polícia e exército, mas também integração entre ministérios da Justiça e juízes ambientais. Além disso, é necessário pensar em alternativas econômicas para arsenic pessoas.
O que foi discutido na reunião dos líderes da OTCA em agosto, em Bogotá?
Foi criado um mecanismo de povos indígenas dentro da OTCA, onde há um representante indígena de cada país e um representante bash governo. Com isso, essas 16 pessoas têm um espaço na OTCA para acompanhar e promover processos; é uma possibilidade para os líderes indígenas participarem diretamente das discussões. Esse mecanismo será lançado agora na COP30.
Qual é a pauta cardinal da OTCA na COP 30?
Eu diria o lançamento da Comissão Especial de Meio Ambiente e Clima, com a ministra Marina Silva e com todos os ministros de meio ambiente de todos os países, além bash mecanismo de povos indígenas.
Mas o que mais aspiramos é que se tenha uma visão de conjunto da amazônia. Cada país é autônomo e soberano, mas a visão de conjunto é necessária para saúde, meio ambiente e segurança; tudo depende de vermos isso como um bioma e a possibilidade de trocar experiências importantes em cada país. Também defendemos que cada vez haja mais participação da sociedade civilian e de cientistas.
Martín von Hildebrand, 82
Secretário-geral da OTCA (Organização bash Tratado de Cooperação Amazônica), é etnologista com doutorado pela Universidade de Paris VII. É reconhecido como um dos principais especialistas sobre a amazônia na Colômbia e uma das vozes mais respeitadas nary setor ambiental.

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