Película de privacidade pode fazer mal à visão? Veja os riscos do uso

Segundo a oftalmologista especialista em cirurgia refrativa LASIK / Presbyond Ana Vega, algumas pessoas podem ser mais sensíveis às mudanças provocadas pela película, especialmente quem já tem problemas oculares, como astigmatismo, hipermetropia ou presbiopia. O TechTudo conversou com a médica para entender em detalhes como o acessório pode afetar a visão. A seguir, entenda como a película de privacidade funciona e quais cuidados tomar para preservar a saúde ocular.

A película de privacidade é um tipo especial de proteção para a tela do celular que impede a visualização lateral do conteúdo exibido no display. O principal objetivo é garantir mais segurança e privacidade, evitando que outras pessoas vejam o que está na tela, principalmente quando o usuário está em locais públicos. Para isso, o acessório utiliza uma tecnologia de micro-louvers (microlâminas), pequenas estruturas ópticas que controlam a passagem da luz no painel.

A tecnologia cria um ângulo de visualização reduzido, de forma que apenas quem olha diretamente para a tela enxerga o conteúdo com clareza. Por outro lado, quem tenta visualizar o display de uma posição lateral verá apenas uma tela escurecida ou borrada. Porém, assim como acontece com terceiros, a película pode diminuir o campo de visão do usuário, ou, como abordamos neste texto, trazer alguns perigos à saúde ocular.

Como dito anteriormente, o uso prolongado da película pode trazer efeitos negativos à saúde ocular, conforme explica a oftalmologista Ana Vega. Entre os principais problemas estão fadiga ocular, dores de cabeça e dificuldades de foco. O TechTudo conversou com a profissional e lista a seguir as consequências do uso da película de privacidade para a visão.

A película de privacidade exige um maior esforço dos olhos para focar a tela, o que pode gerar cansaço visual. Esse efeito ocorre porque o acessório reduz o brilho e o contraste, fazendo com que os músculos oculares trabalhem mais para enxergar os detalhes com nitidez. Segundo Ana Vega, com o tempo, isso pode causar também espasmos oculares e dores de cabeça, especialmente em quem usa o celular por muitas horas.

Além disso, a película pode causar o efeito paralaxe, um fenômeno em que a profundidade e a nitidez da imagem parecem mudar conforme o movimento dos olhos ou a inclinação do smartphone. Esse ajuste constante pode sobrecarregar o cérebro e gerar dores de cabeça, especialmente em quem tem maior sensibilidade visual.

Outro problema apontado pela especialista é a redução da nitidez da tela, que pode levar ao desenvolvimento da pseudomiopia. Esse quadro ocorre quando o músculo ciliar, responsável pelo foco da visão, entra em estado de contração prolongada, o que dificulta a adaptação para enxergar de longe.

A pseudomiopia pode ser confundida com um aumento real do grau de miopia e levar algumas pessoas a acreditar que precisam de óculos mais fortes. No entanto, o problema pode ser revertido com pausas regulares no uso das telas e o acompanhamento oftalmológico adequado.

O escurecimento da tela e os reflexos internos causados pela película também podem ser gatilhos para crises de enxaqueca em pessoas predispostas. Isso ocorre porque o cérebro precisa processar mais informações visuais para compensar a perda de nitidez, o que pode gerar tensão ocular e desconforto.

Algumas películas também podem provocar um efeito conhecido como flicker – pequenas oscilações de luz imperceptíveis a olho nu, mas que podem ser registradas pelo cérebro. Esse fenômeno pode causar fadiga visual e aumentar o risco de cefaleias tensionais.

Para reduzir os impactos negativos do acessório na sua visão, Ana Vega recomenda algumas estratégias. Uma delas é escolher películas de melhor qualidade, com tecnologias que reduzem reflexos internos e minimizam a perda de brilho e contraste. Além disso, ajustar o brilho da tela pode compensar a perda de luminosidade, mas é importante evitar níveis excessivos para não aumentar a fadiga ocular.

Outra sugestão é usar fontes maiores e com alto contraste. Para isso, basta ajustar o tamanho das letras e ativar o modo de alto contraste, que facilita a leitura e reduz o esforço visual. A especialista também alerta para a necessidade de evitar olhar para a tela em ângulos laterais. Portanto, sempre que possível, é melhor manter o celular em uma posição frontal para minimizar a necessidade de ajuste ocular e pela própria característica do acessório.

Fazer pausas frequentes também é fundamental. Uma boa dica é seguir a regra 20-20-20, que consiste em olhar para algo a 20 pés de distância (aproximadamente 6 metros) por 20 segundos a cada 20 minutos de uso da tela. Caso os sintomas de desconforto persistam, pode ser um sinal de que a película não é adequada para você. Nesse caso, remova-a.

Além das recomendações específicas para usuários de películas de privacidade, a oftalmologista também destaca práticas importantes para preservar a saúde ocular no uso diário do smartphone. Uma das orientações principais é evitar a exposição prolongada a telas e fazer intervalos regulares para descanso.

Outra recomendação importante é piscar com frequência, pois o uso contínuo de telas reduz o ato de piscar, o que pode causar ressecamento ocular. A especialista também aconselha manter o celular a uma distância de pelo menos 30 centímetros dos olhos, para reduzir a sobrecarga ocular. Lembre-se ainda de evitar o uso de telas antes de dormir, uma vez que a luz azul emitida pelos celulares pode interferir na produção de melatonina e, assim, prejudicar a qualidade do sono.

Além disso, não hesite em consultar um oftalmologista caso sinta desconforto no uso do celular. Se você apresenta problemas de visão como astigmatismo, hipermetropia ou presbiopia, o uso das películas de privacidade pode ter um impacto ainda maior. Nesse caso, pode ser interessante optar por películas que minimizem a perda de nitidez ou até mesmo evitar esse tipo de acessório.