Perplexity AI vs. ChatGPT: qual chatbot é melhor? Compare as duas IAs

A interface dos chatbots é similar, com um design limpo que traz a janela de contexto ao centro, com uma mensagem no estilo “Como posso ajudá-lo”. Além disso, as IAs possuem poucos elementos de configuração distribuídos em pontos distintos da tela.

Por ter mais ferramentas avançadas, o ChatGPT traz uma série de sugestões de prompts abaixo da janela de contexto, como “crie uma imagem”, “resuma um texto” e "me ajude a escrever". Na janela em si, ainda traz um botão para anexar arquivos de imagem, texto e vídeo, um botão para ativar o modo GPT Search e a opção de ativar o modo voz - em fase de prévia na versão gratuita -, no qual o ChatGPT “conversa” com o usuário. Na parte superior da tela ficam localizadas as opções de criar um novo GPT, de exibir ou esconder a barra lateral com histórico de conversas, e, no canto superior direito, o acesso ao perfil do usuário.

No caso do Perplexity AI, a janela de contexto traz menos itens, com configurações avançadas condensadas em dois botões principais. O primeiro permite selecionar o tipo de interação desejada, como “pesquisas profunda”, mais detalhada, “pesquisa pro”, com consultas a mais fontes e dois modelos de raciocínio, um DeepSeek R1 adaptado e um GPT o3-mini da OpenAI. Já o segundo botão permite determinar quais os tipos de fontes serão utilizadas nas buscas para complementar as inferências do modelo PPLX. É possível optar por fontes gerais, fontes acadêmicas e redes sociais, com função de ativar ou desativar cada uma delas conforme necessário. A função de anexar arquivos também está disponível, mas é compatível somente com imagens e textos, sem suporte a vídeos ou áudio.

A primeira diferença real entre os chatbots está em seus modelos LLM e de raciocínio. Tecnicamente, a Perplexity AI não desenvolve modelos próprios, mas trabalha com modelos licenciados de outras empresas, refinados e adaptados para finalidades específicas. Enquanto isso, o ChatGPT sempre utiliza os modelos mais recentes da própria OpenAI.

A versão mais recente do chatbot da Perplexity AI utiliza os modelos LLM pplx-7b-online e pplx70b-online. Os dois são baseados no modelo LLM GPT-3.5, da OpenAI, com o componente online do PPXL ficando por conta do modelo Sonar Large, modelo de busca baseado no Llama 3.1, da Meta AI. O resultado dessa combinação é um arranjo de modelos refinados para entregar agilidade de respostas, sem comprometer a precisão, e que sempre trabalha com informações em tempo real. Ou seja, nenhuma inferência executada no Perplexity AI vai trabalhar exclusivamente com os conjuntos de dados do modelo, mas também irá recorrer a buscas online para complementar as respostas, inclusive com a possibilidade de definir o tipo de fonte da busca.

Uma vantagem dessa abordagem é que a empresa pode utilizar tranquilamente um modelo mais antigo - além de mais leve e barato -, já que o trabalho do modelo em si é interpretar os prompts em linguagem natural, filtrar os resultados das buscas e organizar uma resposta cruzando todas informações. Para os processos de raciocínio lógico, a plataforma conta tanto com o R1, da DeepSeek e o o3-mini, da OpenAI. Porém, modelos de difusão para geração de imagens só estão disponíveis na modalidade com assinatura. No plano Pro do chatbot, o usuário tem acesso a modelos mais robustos, como o GPT-4o, Claude.AI 3.7 Sonnet e Haiku, mas também preservando o elemento de pesquisa do Sonar Large e os modelos de difusão DALL-E 3, Stable Diffusion XL e Playground V2.5.

Por sua vez, o ChatGPT trabalha exclusivamente com modelos proprietários, no momento sendo GPT-4o e GPT-4o mini para inferências, o3-mini para raciocínio, e DALL-E 3 para geração de imagens. Apesar de dispor de usos diários limitados, o ChatGPT consegue realizar tarefas avançadas também na versão gratuita, como interpretar prompts com áudio e vídeo ou gerar imagens. Por outro lado, os usuários ficam restritos exclusivamente a própria OpenAI. Enquanto isso, no Perplexity AI, o chatbot consegue ajustar as configurações automaticamente conforme o prompt. Dessa forma, ele entrega sempre o resultado mais otimizado, combinando agilidade e precisão.

Inclusive, o quesito de respostas é o primeiro ponto que justifica o investimento da Perplexity em combinar diversos modelos. Ao considerar que ambos os chatbots trazem uma janela de contexto de 4 mil tokens (entre 1000 e 1500 palavras) na versão gratuita, se inserirmos um prompt grande e complexo, a resposta fica automaticamente limitada ao número de palavras restantes. No modo criativo, o Perplexity AI aproveita melhor essa margem. Para testar a funcionalidade utilizamos o seguinte comando - que de acordo com o ChatGPT equivale a 85 tokens:

“Crie um conto de terror inspirado no romantismo gótico do século XIX. O conto deve ter entre 1000 e 1500 palavras, ser desenvolvido em 5 capítulos bem estruturados, seguindo uma progressão narrativa que saia de uma situação cotidiana até desencadear em um desfecho sobrenatural, implícito ou explícito. Utilize como inspiração apenas conteúdo de romances disponíveis em domínio público, e nunca utilize elementos inspirados em produções audiovisuais, como cinema, TV ou cinema.”

A instrução é grande, possuí uma série de comandos subordinados e até um prompt negativo. Dessa forma, ela consegue cobrir boa parte dos mecanismos de interpretação, inferência, buscas, raciocínio e escrita criativa. Após inserir o prompt simultaneamente nos dois chatbots, o Perplexity AI imediatamente começou a produzir o conto solicitado e terminou o trabalho inteiro em menos de 10 segundos, enquanto o ChatGPT ainda processava a instrução.

Em termos de qualidade dos textos gerados, o resultado de ambos foi satisfatório. No quesito de aproveitamento de tokens, o Perplexity se saiu melhor, produziu um conto seguindo todas as instruções e com 932 palavras, bem perto do número mínimo estipulado, contra somente 722 palavras do ChatGPT. Ao questionar os chatbots sobre as referências utilizadas, ambas as IAs responderam prontamente, mas o ChatGPT replicou o conto inteiro, citando os contos que serviram de inspiração antes de cada capítulo.

Por sua vez, o Perplexity AI criou uma resposta mais complexa, identificou os capítulos e descreveu não apenas quais histórias serviram de base, mas também o contexto de cada inspiração, como ambientação, cenário, personagens, e assim por diante. Por outro lado, os dois modelos foram diversificados na seleção de referências, com ambos trabalhando obras famosas, como “O Castelo de Ortanto” (Horace Walpole), “A Queda da Casa de Usher” (Edgar Allan Poe), e “Drácula” (Bram Stoker), e literaturas mais obscuras como “A Volta do Parafuso” (Henry James) e “O Mistério de Udolpho” (Ann Radcliffe).

A capacidade de interpretação de documentos complexos é onde o ChatGPT apresenta uma leve vantagem. Não por conta das respostas, mas pelos recursos disponibilizados na versão gratuita. Ao solicitar que as IAs descrevam e identifiquem a origem de uma imagem retirada da análise do TechTudo de Monster Hunter Wilds, o resultado foi satisfatório para as duas IAs por motivos diferentes.

O Perplexity AI foi bem mais detalhista e conseguiu identificar que o jogo está “sendo comercializado para um público de língua portuguesa” graças a um trecho da legenda. A ferramenta ainda inferiu se tratar do novo lançamento da Capcom por conta do nome do arquivo “mon-hun-wilds-review-unidade-avis.jpg”. O ChatGPT descreveu a imagem em termos mais gerais e ressaltou alguns detalhes visuais mais característicos, mas sem se aprofundar. Por outro lado, identificou se tratar de Monster Hunter Wilds, não pelo arquivo enviado, mas ao traçar paralelos com referências externas.

Ao criar um novo prompt perguntando “por que você assumiu se tratar de Monster Hunter Wilds?”, as duas IAs refinaram as buscas, confirmaram as hipóteses iniciais e até identificaram o nome de cada uma das personagens e as respectivas funções no game. Porém, o Perplexity reforçou que partiu originalmente dessa premissa devido ao nome do arquivo.

Portanto, o desempenho geral em processamento de dados é bem satisfatório para os dois bots, mas é importante ressaltar que o ChatGPT também consegue processar arquivos de som e vídeo, e o Perplexity se limita a textos, imagens e outros documentos de produtividade, como planilhas do Excel.

A geração de imagens é a primeira categoria que o Perplexity AI perde inquestionavelmente, já que ele não oferece a funcionalidade no plano gratuito, apenas na versão paga. Não existe a opção de um período de teste para decidir se vale a pena assinar pelo recurso adicional. Mesmo com um diário extremamente limitado, o ChatGPT permite gerar duas imagens por dia ao utilizar o modelo de difusão DALL-E 3. É possível ao menos experimentar o recurso antes de optar pelo plano GPT-Plus, que oferece 50 gerações por dia.

Tanto o Perplexity AI quanto o ChatGPT oferecem bons recursos, como escrita criativa, tradução de idiomas, análise e depuração de dados em planilhas do Excel ou arquivos CSV e JSON, e até escrita de códigos de programação. Ao considerar a facilidade de uso, as duas plataformas também oferecem aplicativos para Android e iOS.

Por focar em ser mais detalhado, ao solicitar a escrita de um jogo exclusivamente em HTML, o Perplexity AI criou um código complexo que exigiu recursos externos, como Java e CSS, sendo preciso refinar o comando algumas vezes até conseguir um resultado executável. O ChatGPT entendeu a solicitação logo no primeiro prompt e criou um código que respeitou todos os parâmetros. A ferramenta escolheu uma tonalidade de fundo de alto contraste sem precisar explicar os motivos de isto ser interessante, algo que o Perplexity não fez por conta própria.

Apesar de ambos serem chatbots com modelos multimodais, o ChatGPT reconhece instruções com praticamente qualquer extensão multimídia, diferentemente do Perplexity AI que apresenta forte limitação no quesito de prompts avançados e entende somente documentos e imagens. Além disso, como já mencionado, o Perplexity AI não cria imagens na versão gratuita, apenas na assinatura Pro.

O Perplexity AI traz um plano Pro relativamente barato para o que oferece e custa os mesmos US$ 20 por mês do ChatGPT (cerca de R$ 115 em conversão direta). Porém, o Perplexity dá acesso a modelos GPT-4o e DALL-E 3 da OpenAI e também a recursos de outras plataformas de IA, como Claude.AI 3.7 e Stable Diffusion XL. Já em se tratando de limites, a oferta dos dois planos de assinatura é similar, mas vale lembrar que o ChatGPT Plus dá acesso ao modelo GPT-4 completo, recurso indisponível mesmo no Perplexity Pro.

Para usos específicos, como buscas contextualizadas ou tarefas um pouco mais complexas, o Perplexity AI é geralmente mais eficiente. No entanto, suas funcionalidades avançadas são limitadas a 5 usos diários. Dessa forma, pensando exclusivamente na versão grátis dos dois chatbots, o ChatGPT é mais completo. Mesmo quando as interações são inferiores às do Perplexity AI, elas não ficam tão atrás, sendo uma opção confiável para uso cotidiano.

No entanto, ao comparar os planos pagos, a situação muda de figura. Agora a resposta depende do objetivo do usuário para o uso da IA. Considerando somente a assinatura de US$ 20 mensais dos dois serviços, o Perplexity AI tem potencial para ser mais versátil, pois combina infraestruturas diversas, com modelos adaptados para entregar precisão e agilidade e com limites de uso generosos. Já o ChatGPT traz mais recursos avançados, inclusive acesso limitado ao modelo Sora para geração de vídeo, um tipo de ferramenta indisponível em praticamente todos os chatbots, à exceção por aplicações especializadas de produção de conteúdo.

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