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Pessoas preferem ficar sem café ou banho a largar o celular, diz estudo

Você abriria mão de café ou até do banho para não ficar longe do celular? Um estudo feito pela organização britânica de reciclagem de eletrônicos Compare and Recycle indica que os entrevistados preferem abandonar hábitos cotidianos a ficar sete dias sem o aparelho. Segundo a pesquisa, 40% dos entrevistados estariam dispostos a abrir mão da cafeína, 14% escolheriam raspar uma sobrancelha e 18% ficariam sem tomar banho. O dado mais alarmante, no entanto, mostra que 7% prefeririam lamber uma calçada — um comportamento curioso e, ao mesmo tempo, preocupante. O fenômeno é mais frequente entre jovens da geração Z e aponta para a dependência do celular.

Além do levantamento mais recente, uma pesquisa realizada nos Estados Unidos em 2021 pela organização Reviews.org apontou que usuários checavam o celular, em média, 262 vezes por dia — o equivalente a uma verificação a cada 5,5 minutos. Esse comportamento compulsivo, aliado à ansiedade de ficar desconectado, ganhou um nome em 2024: nomofobia, segundo Lee Elliott, diretor de produtos da Compare and Recycle.

Uso excessivo do celular e sinais de dependência

Especialistas apontam que a dependência do celular pode se manifestar por meio de ansiedade, agitação e desorientação quando o aparelho não está por perto. Segundo o Addiction Center, site de orientação sobre vícios, em 2024, cerca de 6,3% dos usuários globais de smartphones estavam em situação de adicção — uma doença crônica caracterizada pelo uso excessivo do smartphone. Um dos fatores que explicam esse aumento é o crescimento no volume de notificações.

Esse aumento expressivo no uso de dispositivos móveis ajuda a explicar a intensificação do vício em celular. O tema ganhou ainda mais atenção no último ano: as buscas por “dependência de celular” cresceram 461% no Google, enquanto as pesquisas por sintomas associados a esse comportamento avançaram 200%, de acordo com especialistas da Compare and Recycle.

O cenário é resultado também de estratégias de engajamento desenvolvidas por designers e engenheiros de software para manter as pessoas por mais tempo diante das telas, como a conhecida ação de “puxar para atualizar”. Essas técnicas se inspiram em mecanismos usados em jogos de azar, como caça-níqueis e cassinos, segundo Tristan Harris, ex-especialista em ética de design do Google. Com o uso contínuo, esse modelo de interação pode levar, a longo prazo, a sintomas semelhantes aos do vício em jogos de aposta.

Tratamento e bons hábitos de uso

Para usuários já em situação de adicção, os tratamentos recomendados incluem a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), terapia em grupo, grupos de apoio especializados em vícios em tecnologia e, quando necessário, o uso de medicação sob recomendação médica feita por um profissional especializado em psiquiatria.

Para casos menos graves ou para quem deseja apenas reduzir a influência do celular no dia a dia, há alternativas simples e viáveis, como a função Bem-Estar Digital do Android, que monitora o tempo de tela para conscientizar sobre o uso. O iPhone (iOS) tem um recurso semelhante, chamado “Tempo de Uso”, que funciona de maneira parecida.

Além disso, existem aplicativos que bloqueiam determinadas funções e tornam o celular menos atrativo. Limitar notificações de redes sociais ou de aplicativos menos importantes também é um bom caminho para reduzir a euforia causada pelos estímulos dos dispositivos móveis.