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PF ouve hoje dono do Master, ex-presidente do BRB e BC e avalia acareação

Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, será ouvido hoje pela PF
Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, será ouvido hoje pela PF Imagem: Reprodução/Facebook

A Polícia Federal colherá hoje a partir das 14h os depoimentos do presidente do Banco Master, Daniel Vorcaro, do ex-presidente do BRB (Banco de Brasília) Paulo Henrique Costa e do diretor de Fiscalização do BC (Banco Central), Ailton de Aquino Santos, para checar as condições e os motivos que levaram o órgão regulador do sistema financeiro a negar a venda do banco Master para o BRB.

Caso a PF considere necessário, haverá acareação entre os três.

O que aconteceu

Ministro do STF Dias Toffoli havia convocado acareação antes que cada um fosse ouvido individualmente. Ele também manteve a acareação mesmo após BC entrar com recurso. Ontem, no entanto, foi comunicado que a PF colherá os depoimentos de cada um separadamente, e a acareação ficará a critério da delegada.

Daniel Vorcaro será ouvido presencialmente. O ex-presidente do BRB e o diretor de Fiscalização do BC falarão a distância. Tudo será acompanhado por um juiz auxiliar do gabinete do ministro Dias Toffoli e por um membro do Ministério Público.

Convocação de diretor do BC por Toffoli gerou controvérsia

Banco Central entrou com recurso questionando se o diretor do órgão seria ouvido como testemunha, acusado ou ofendido. Toffoli afirmou que nem o Banco Central nem o diretor de Fiscalização são investigados. A convocação gerou indignação no corpo técnico da instituição.

Toffoli quer checar versões que seriam contraditórias. Segundo o ministro do STF, a participação do diretor do Banco Central é de "especial relevância" para esclarecimento dos fatos. A investigação busca apurar as negociações que trataram da tentativa de venda do Master para o BRB.

Caso estava na Justiça Federal de Brasília, antes de ir para o STF. Toffoli decidiu que os próximos atos da investigação ficarão provisoriamente com o Supremo, após pedido da defesa de Vorcaro. O ministro afirmou ainda que decidiu manter o sigilo do caso para não atrapalhar o trabalho dos policiais.

Há ministros do STF que veem conduta de Toffoli como chance de o ministro anular liquidação do Master. Segundo a colunista do UOL Carla Araújo a aparente pressa de Toffoli em realizar a acareação e a determinação de avocar o caso para si foram citados por um integrante da Corte como a demonstração de que o ministro poderia, "na canetada", usar uma medida extrema, com potencial de abalar a independência do BC. Colegas da Corte, entretanto, discordam dessa versão, aponta a jornalista.

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Ex-diretores do BC dizem que a liquidação do Master seria algo irreversível. No entanto, eles avaliam que no "vale tudo institucional que estamos vivendo no país, qualquer coisa pode acontecer", segundo mostrou a colunista do UOL Mariana Barbosa.

Entidades que representam bancos, financeiras e fintechs soltaram nota conjunta em defesa da atuação do BC no caso da liquidação do Banco Master. Uma nota assinada por ABBC (Associação Brasileira de Bancos), Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito), Febraban (Federação Brasileira de Bancos) e Zetta, do setor financeiro e de meios de pagamentos, pede a preservação da autoridade técnica e da independência institucional do regulador, em meio a questionamentos sobre as decisões adotadas no processo.

PF prendeu presidente do banco Master no mês passado

Investigação da Polícia Federal diz que Master usou empresa de fachada para criar créditos. O banco de Vorcaro teria recebido R$ 12,2 bilhões do BRB a partir desses ativos inexistentes e ainda teria usado os canais do banco de Brasília para distribuir produtos de forma irregular.

Vorcaro foi preso em novembro e solto dias depois. A detenção pela PF ocorreu na saída do Aeroporto de Guarulhos (SP), quando o banqueiro embarcava para os Emirados Árabes Unidos. A Justiça depois determinou a soltura e a aplicação de medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica.

BRB injetou R$ 16,7 bilhões no Banco Master em pouco mais de um ano, segundo o MPF (Ministério Público Federal). As operações foram realizadas entre julho de 2024 e 3 de outubro de 2025.

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Valor foi usado como base para o bloqueio de contas em nome de pessoas e empresas apontadas como envolvidas na operação. O Banco Central deve reforçar as justificativas para decretar a liquidação extrajudicial do Banco Master.

TCU (Tribunal de Contas da União) também investiga se liquidação foi precipitada. O ministro do TCU Jhonatan de Jesus busca respostas para três pontos: se o BC teria ignorado alternativas; por que a liquidação foi decretada exatamente no mesmo dia em que a PF prendeu Vorcaro e outros executivos; se não haveria uma solução de menor impacto ao sistema financeiro e clientes.

BC enviou ontem as respostas aos questionamentos do TCU. O conteúdo está sob sigilo.

Durante todo o processo de liquidação, BC defendeu tirar o Master do mercado por causa do tamanho e da frequência das fraudes. De acordo com o órgão regulador e fiscalizador do sistema financeiro nacional, o Master usava carteiras de crédito fictícias para esconder suas dificuldades financeiras. O esquema poderia colocar todo o sistema financeiro em perigo.

Investigações continuam. A PF ainda está interrogando executivos do Master e técnicos do Banco Central sobre as carteiras supostamente fictícias.

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