
Crédito, Getty Images
- Author, Ian Aikman
Há 37 minutos
Ele acusa a BBC de difamação devido a uma edição de seu discurso antes dos protestos no Capitólio, em um documentário do programa Panorama.
O processo, apresentado na Flórida, pede US$ 5 bilhões (cerca de R$ 27 bilhões) em indenização e acusa a BBC de "manipular intencionalmente, maliciosamente, e de forma enganosa" o discurso de Trump.
A BBC afirmou que se defenderá do caso.
Anteriormente, a BBC pediu desculpas a Trump pela edição, mas discordou que houvesse qualquer "fundamento para uma ação por difamação".
O que havia no documentário da BBC?
O documentário do Panorama, Trump: uma segunda chance?, foi transmitido em 28 de outubro de 2024, dias antes da eleição presidencial nos EUA.
Em seu discurso em 6 de janeiro de 2021, Trump disse à uma multidão em Washington DC: "Vamos caminhar até o Capitólio e vamos aplaudir nossos bravos senadores e congressistas."
Mais de 50 minutos depois, no mesmo discurso, ele disse: "E lutaremos. Lutaremos com todas as nossas forças."
No Panorama, um trecho o mostrou dizendo: "Vamos caminhar até o Capitólio... e eu estarei lá com vocês. E lutaremos. Lutaremos com todas as nossas forças".
Críticas à edição surgiram mais de um ano depois, quando um memorando interno vazado foi publicado pelo jornal britânico Telegraph.
Isso levou o diretor-geral da BBC, Tim Davie, e a diretora da divisão de notícias da BBC News, Deborah Turness, a renunciar aos cargos.
O presidente da BBC, Samir Shah, pediu desculpas pela edição, que ele descreveu como "um erro de julgamento".
O que diz o processo de Trump?
Em novembro, os advogados de Trump enviaram uma carta à BBC, exigindo retratação imediata do documentário, um pedido de desculpas e uma indenização.
Foi dado um prazo à BBC até o dia 14 de novembro para resposta.
A carta acrescentava que se a BBC não cumprisse o que foi pedido, o presidente poderia entrar com uma ação judicial.
Antes do prazo, a BBC pediu desculpas a Trump e confirmou que o programa não estava programado para ser retransmitido e não seria transmitido novamente naquele formato em nenhuma plataforma da BBC, mas rejeitou os pedidos de indenização.
Um mês depois, em 15 de dezembro, a equipe jurídica de Trump entrou com um ação judicial na Flórida.
O processo alega que a BBC:
- difamou Trump "intencionalmente, com dolo" ao editar seu discurso para o documentário do Panorama;
- violou uma lei de práticas comerciais da Flórida ao se envolvre em "atos enganosos" na edição do discurso.
A parte inicial do processo diz que a edição do Panorama foi uma "tentativa descarada de interferir e influenciar o resultado das eleições [2024] em detrimento do presidente Trump".
Ele está pedindo uma indenização de US$ 5 bilhões (cerca de R$ 27 bilhões).
Qual foi a resposta da BBC?
Depois que Trump entrou com o processo, um porta-voz da BBC disse:
"Como já deixamos claro anteriormente, nós nos defenderemos neste caso. Não faremos mais comentários sobre processos judiciais em andamento."
Em seu pedido de desculpas a Trump em novembro, a BBC disse que a edição resultou em uma "impressão equivocada de que o presidente Trump fez um apelo direto à atos violentos".
O presidente da BBC, Samir Shah, enviou separadamente uma carta pessoal à Casa Branca deixando claro a Trump que ele e a empresa sentiam muito pelo ocorrido.
No entanto, a BBC rejeitou as exigências de Trump para uma indenização e apresentou cinco argumentos principais do por que não acreditava ter um caso para responder.
Os argumenos foram:
- A BBC não detinha os direitos de distribuição e não distribuiu o episódio do Panorama em seus canais nos EUA, e a exibição foi restrita geograficamente a telespectadores do Reino Unido quando foi disponibilizado no iPlayer;
- O documentário não prejudicou Trump e ele foi reeleito;
- O trecho não foi editado para enganar, apenas para encurtar um longo discurso, e a edição não foi feita com malícia;
- O trecho nunca deveria ter sido considerado isoladamente; tratava-se de 12 segundos dentro de um programa de uma hora, que também continha muitas vozes em apoio a Trump;
- Uma opinião sobre um assunto de interesse público e discurso político é fortemente protegida pelas leis de difamação dos EUA.
Como o caso pode se desenrolar?
A BBC disse que se defenderá no processo.
Algumas organizações de notícia americana que foram processadas por Trump recentemente pagaram indenizações milionárias a ele.
Antes do caso ir a julgamento, ele pode ser arquivado por um juiz. Em setembro, um juiz federal rejeitou um processo de difamação de US$ 15 bilhões movido por Trump contra o New York Times porque foi apresentado em um formato "impróprio e inadmissível", mas permitiu que Trump reapresentasse uma queixa mais curta.
Especialistas jurídicos afirmaram que os argumetnos sobre a jurisdição podem desempenhar um papel central no caso, se alguém na Flórida tiver assistido ao documentário.
O processo alega que o episódio pode ter sido visto por telespectadores na Flória usando um VPN ou por meio do serviço de streaming BritBox.
Se o caso for a julgamento, a Primeira Emenda da Constituição Americana oferece proteção significativa à liberdade de expressão e à liberdade de imprensa.
Trump precisaria provar três componentes principais: que o conteúdo publicado era factualmente falso de uma forma difamatória; que ele sofreu prejuízo devido a cobertura falsa e defamatória; e que a empresa de mídia sabia que o conteúdo era falso e agiu com "malícia".
Chris Ruddy, fundador do veículo de mídia conservador Newsmax, e aliado de Trump, disse ao programa Today, da BBC Radio Four, que era difícil vencer um processo de difamação nos EUA porque "o nível de exigência é muito alto".
Mas ele disse que o processo judicial pode ser prejudicial à reputação da BBC e caro, com custos possivelmente chegando a alcançar algo entre US$ 50 milhões (R$ 273 milhões) e US$ 100 milhões (R$ 546 milhões).
Não está claro quando, ou se, o caso poderá ir a julgamento, e quanto isso poderá custar à BBC.
O ex-diretor da BBC Radio, Mark Damazer, disse que seria "extremamente prejudicial à reputação da BBC não contestar o caso", argumentando que o caso era "sobre a independência da BBC".

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