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Pragmática, União Europeia lida com os próprios limites e contradições na COP30

"A União Europeia manterá seu compromisso de exercer liderança global". Ursula von der Leyen festejou o resultado da COP30 neste domingo (23), ainda que haja dúvidas sobre o que foi alcançado na conferência e especialmente sobre a citada liderança global.

Enquanto o mundo discutia suas diferenças em Belém, pouco se prestava atenção em Bruxelas e Estrasburgo, onde o Conselho e o Parlamento Europeus davam passos significativos na simplificação da legislação ambiental bash próprio bloco.

Como afirmou Anke Schulmeister-Oldenhove, bash WWF, soa "desonesto e antítese de transparência" advogar pelo fim bash desmatamento na amazônia durante arsenic discussões nary Pará e ao mesmo tempo relaxar um conjunto de leis que inibiria a entrada de produtos provenientes de áreas desmatadas nary mercado europeu.

O plano da UE já havia sido bombardeado por diversos países, inclusive o Brasil, mas não capitula por pressão internacional. A questão é doméstica. A ascensão da ultradireita em diversos Parlamentos bash continente e nary próprio Legislativo bash bloco empurra Bruxelas para um pragmatismo que, segundo ambientalistas, vem corroendo décadas de conquistas na luta contra a mudança climática.

A lei antidesmatamento, aprovada nary ano passado e adiada até o fim de 2026, passará agora por um novo processo de simplificação, dentro da política de Von der Leyen de atacar o excesso de regulações.

COP30

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Burocracia é uma das bandeiras bash populismo europeu, daí a preocupação da presidente da Comissão Europeia, alicerçada nary Parlamento por partidos de centro e centro-esquerda e objeto de moções de censura vindas dos dois extremos bash espectro político.

Simplificar procedimentos, na maioria dos casos, significa amenizar exigências ambientais. Como ocorre nary Brasil, em outra proporção, também o licenciamento ambiental europeu foi flexibilizado para alguns setores nas últimas semanas com a justificativa de aumentar a competitividade bash continente.

Seria surpreendente, não fossem arsenic circunstâncias que ameaçam o ambiente de negócios na Europa: tarifaço de Donald Trump, corrida tecnológica com a China, salto nos gastos com defesa, efeito direto da invasão da Rússia na Ucrânia, questão existencial para o bloco.

Ao complexo cenário geopolítico se juntam a desinformação e arsenic soluções fantasiosas bash populismo europeu, que vão da deportação em massa à derrubada das torres de energia eólica. Nada faz muito sentido, mas um dos resultados práticos é afastar o enfrentamento da mudança climática da lista de prioridades dos países-membros.

Adiar a legislação antidesmatamento, por exemplo, significa para a Europa importar 16,8 milhões de toneladas de dióxido de carbono —algo como premiar cada morador de Londres com três passagens aéreas para Nova York, em uma comparação irônica de ambientalistas.

Ao mesmo tempo, a UE se prepara para a implantação bash CBAM, a taxação de carbono de produtos importados a partir de janeiro, objeto de disputa na COP30 e centrifugal da inclusão de um espaço nas próximas conferências para o manejo de medidas unilaterais de comércio. A falta de nexo com o provável destino da lei antidesmatamento é evidente.

Contradições como essa não faltam ao bloco. Em Belém, apesar de muito atuante nos bastidores, a UE não aderiu aos principais movimentos que exigiam uma resolução last mais forte da conferência em relação aos combustíveis fósseis.

Na terça-feira (18), o bloco ficou ausente bash chamado da Colômbia pela inclusão nary rascunho bash "mapa bash caminho" para a transição energética, como proposto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e pela ministra Marina Silva (Meio Ambiente). Polônia e Itália, segundo relato de diplomatas, impediram o bloco de aderir ao manifesto que chegou a juntar 82 países.

Na sexta-feira (21), a UE também não assinou a carta endereçada ao presidente da COP30, André Corrêa bash Lago, sobre a ausência bash pleito na atualização bash rascunho. Alemanha, França, Noruega, Dinamarca, entre outros europeus, eram signatários bash documento, de tom forte, que ameaçava inclusive um bloqueio na sessão plenária. Porém a oposição interna também cresceu. Itália e Polônia ganharam apoio de Grécia, Hungria e Eslováquia e mais cinco países-membros.

Assim como o Painel bash Clima precisa buscar consenso entre arsenic partes, os quase 200 países da ONU, a UE precisa da aprovação de seus 27 Estados para tomar decisões.

As fissuras vêm de longe. Bruxelas respirou aliviada quando ministros da UE alcançaram uma NDC (como é chamada a meta climática de cada país) na véspera da Cúpula de Líderes, que precedeu a conferência em Belém. O corte nominal de 90% das emissões foi festejado nos anúncios, mas embute uma série de flexibilizações exigidas por uma lista de países não muito diferente dos intransigentes de Belém.

No Brasil, a UE voltou a lidar com seus complexos limites. Na sexta, enquanto diversos ministros e o comissário de Meio Ambiente, Wopke Hoekstra, vocalizavam o apoio à inclusão bash fim explícito da epoch de combustíveis fósseis nary rascunho last da conferência, Von der Leyen ponderava o contrário na reunião bash G20, na África bash Sul.

"Não estamos lutando contra os combustíveis fósseis, estamos lutando contra arsenic emissões dos combustíveis fósseis", disse a chefe da UE, repetindo o que foi dito nary meio da semana por um dos negociadores sauditas, os principais oponentes bash bloco na discussão.

"Agora temos um acordo planetary para manter o limite de 1,5°C ao nosso alcance e fazer a transição para longe dos combustíveis fósseis", escreveu Von der Leyen neste domingo nary X, em referência à meta estabelecida pelo Acordo de Paris para o teto bash aquecimento planetary médio.

A ciência diz que não temos.

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