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'SAF não é para todos os clubes do futebol brasileiro', afirma especialista

Criada pelo Congresso Federal no dia 6 de agosto de 2021 por meio da lei Nº 14.193/2021, a Sociedade Anônima de Futebol (SAF) tem roubado as pautas das discussões do futebol brasileiro. Conforme divulgado nesta terça-feira (30) pelo Instituto Brasileiro de Estudos e Desenvolvimento da Sociedade Anônima do Futebol, o número de clubes que adquiriram o modelo é de 117 espalhados pelo País - o total apresentou evolução de 18 equipes desde a última atualização da pesquisa, em fevereiro. Este aumento no acúmulo de SAFs reflete uma tendência no esporte nacional, ao mesmo tempo exige-se um olhar estratégico por partes dos clubes que pretendem aderi-lo.

A CEO da Universidade do Futebol, Heloisa Rios explica que tornar-se SAF é uma decisão estratégica e que não cabe para todos os clubes, pois aumenta-se a responsabilidade de uma boa organização e nem todos estão preparados para lidar com o processo . “A finalidade em si de uma escolha estratégica não é a SAF. A SAF tem que servir a alguns objetivos estratégicos. A pergunta que os times deveriam fazer é: ‘por que quero ser uma SAF e quais são os benefícios?’ E se fizer estrategicamente sentido ser uma SAF, inicia-se o processo burocrático”, esclarece. 

Heloisa, entretanto, afirma que a primeira questão não é frequentemente respondida nos debates iniciais nos conselhos esportivos, o que dificulta a realização de maneira ideal do modelo. A especialista ainda reforça que o risco de tomar a decisão sem a estratégia necessária aumenta a probabilidade de ocorrer problemas.

“É necessário lembrar que existe um comprador e entender a intenção dele. Ele pode estar interessado no patrimônio do clube e deixar o futebol de lado. Ou desenvolver atletas e escantear a marca e os resultados dentro de campo. Se você não conhece com quem você vai casar, você corre um sério risco. Além disso, você adiciona a questão de paixão. Então o comprador está adquirindo uma coisa muito viva”, pontua Heloisa.

Paralelamente, a CEO relembra o início das primeiras SAF’S da elite do futebol brasileiro em 2022. Vasco, Cruzeiro e Botafogo foram os pioneiros e estão dentro da chamada "primeira onda" do modelo clube-empresa, na qual é composta pelas equipes que obtinham uma grande dívida financeira.

Diante disso, foi feita a troca do modelo associativo com a esperança de reestruturar o endividamento que estava insustentável, mesmo que feito a transição para a SAF sem a estratégia correta. Entretanto, neste momento, Heloísa explica que está ocorrendo uma troca de pensamento nos clubes sobre a maneira de virar uma sociedade anônima.

“Estamos em uma fase em que é possível essa decisão estratégica. Acho que é aqui que entra um grande diferencial, que é os clubes possam parar e pensar de uma forma mais sistêmica”, elucida.

Recentemente, o empresário e pré-candidato à presidência do Grêmio, Marcelo Marques, doou a gestão da Arena ao Tricolor sem custos após adquiri-la por R$ 130 milhões de reais - valor pago de verba pessoal. Sobre a diferença deste tipo de investimento para o modo realizado por uma sócio de SAF, Heloisa encara com receio e aponta questões de responsabilidade necessárias de serem levadas em consideração.

“Ele não pode misturar o patrimônio pessoal com o profissional. Tem um arcabouço neste caso que eu acho que o detalhamento é perigoso, porque depende não só da legislação geral, mas sim do que o clube permite, do que o estatuto do clube permite”, aponta a CEO.

Dentro do traçamento estratégico, Heloisa pontua com relevância a paixão envolvendo o torcedor - que por vezes é confundido com a participação dos apaixonados na tomada de decisão envolvendo o tema. Ela afirma que o torcedor é o principal cliente, mas existe instâncias numa associação de representantes nas tomadas de decisões dos times de futebol.

“As soluções de gestão têm que ser tomadas pela gestão. Por mais influência que se tenha o torcedor, ele está para torcer. O que é melhor para o clube, ele não é da galera. A paixão cega”, entende ela.

A especialista reforça que a montagem ideal do processo tem de seguir a busca por sustentabilidade econômica, social e ambiental. “Os princípios que ela carrega, de profissionalização, de governança, de transparência, de prestação de contas, de não depender tanto de uma eleição, de uma composição política, essa independência, ao meu ver, tem muitos pontos de força”, conclui.

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