Tarifa do café: promessa de Trump é positiva, mas setor cobra ação concreta

Desde o início da sobretaxa de 50% sobre o café brasileiro, em agosto, o país perdeu mais da metade do mercado americano, enquanto concorrentes como Colômbia e Vietnã (tributados em apenas 10%) avançam sobre os blends das grandes marcas, segundo dados de exportadores brasileiros.

Segundo o diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Marcos Matos, a fala de Trump é positiva, mas não resolve a crise. Os produtores brasileiros, responsáveis por 40% das exportações globais, ainda esperam uma medida concreta.

"O que pedimos é que Brasil e Estados Unidos anunciem [formalmente] ao mercado que a negociação efetivamente começou, com o exemplo da isenção de grandes e importantes produtos, como o café. Isso é factível, e ambos os países querem", afirmou.

O apelo, segundo ele, também já foi levado às autoridades brasileiras, como o vice-presidente Geraldo Alckmin e o chanceler Mauro Vieira.Matos admite preocupação com a lentidão das negociações: "O consumidor americano está se adaptando a novos padrões sensoriais, e se essa situação se prolongar, o Brasil dificilmente reconquistará o espaço perdido nos blends".

Desde 1º de agosto (primeiro pregão após o anúncio do tarifaço) a cotação dos contratos futuros de café arábica na ICE Futures U.S. subiu 43,3%, de 2,84 para 4,07 dólares por libra-peso (0,45 quilo), refletindo o nervosismo dos compradores com a volatilidade do mercado.