Testei Uber e 99 por 7 dias e te conto qual deles é realmente melhor

Me mudei para Goiânia em 2015, sozinha, para fazer faculdade. Sem minha família por perto, nunca tive quem me levasse aos lugares e também não tinha um carro para dirigir. Em qualquer situação que exigisse locomoção, a opção era andar de ônibus, já que uma estudante completamente “quebrada” não tinha condições de pagar por táxis. Foi nesse cenário que os aplicativos de transporte entraram na minha vida, tornando tudo mais prático. Os preços eram mais acessíveis e a facilidade de chamar um motorista pelo app, acompanhando onde ele estava e quanto tempo faltava para chegar, trouxe uma sensação até então desconhecida: ter controle sobre cada viagem.

No começo, a Uber era praticamente a única opção disponível, e foi com ela que me acostumei a me deslocar. Então, quando a 99 chegou a Goiânia, eu já tinha uma “relação” bem estabelecida com a concorrente. Ainda assim, lembro que as corridas no novo app custavam valores baixíssimos, uma jogada de marketing que chamou atenção de muita gente — inclusive a minha. Fiz algumas viagens e, se não me falha a memória, em algumas cheguei a pagar apenas R$ 1. Era um “território” novo, a sensação de conforto não era a mesma, mas aproveitei bastante a promoção de lançamento. E foi assim que começou meu contato com a amarelinha.

No entanto, muitas vezes me vi em situações desconfortáveis usando a novidade: alguns motoristas eram grosseiros (o que, sendo mulher, me deixava apreensiva), outros dirigiam de forma perigosa e os veículos nem sempre estavam em boas condições. Embora esse último ponto não fosse um grande problema para mim, ele com certeza tornava a experiência inferior à oferecida pela Uber. O tempo de espera também podia ser longo, por conta da fase de implementação. Diante de tudo isso, acabei desenvolvendo um certo estigma em relação à plataforma — era como se ela tivesse uma “régua” mais baixa para tudo. Assim, segui usando apenas a Uber e abandonei o 99 por muito tempo.

Durante esse período de “abandono”, percebi que meus amigos continuavam usando o 99 para comparar os preços com os da Uber. Ao sair de algum lugar no fim de semana, por exemplo, eles sempre abriam os dois apps para ver em qual valia mais a pena confirmar a corrida, e, muitas vezes, escolhiam o 99 pelos valores mais baixos. Em algumas ocasiões, cheguei a compartilhar corridas com eles pelo 99, mas nunca era a dona da conta, já que nem tinha o aplicativo instalado no celular. Nesses momentos, dava para perceber que a experiência já estava mais próxima da oferecida pela Uber, mas eu ainda tinha um certo receio, principalmente nas viagens com paradas: o carro deixava meus amigos primeiro, e eu seguia sozinha com o motorista (o que sempre me deixava um pouco paranoica).

Em 2025, porém, resolvi abraçar a proposta do TechTudo e passar uma semana testando os dois apps para entender qual deles é melhor atualmente. Apesar dos meus receios, achei que seria uma boa hora de me livrar dessas “barreiras mentais” criadas por experiências antigas — problemas que, possivelmente, já nem existem mais. Afinal, hoje o 99 é extremamente popular e, sem dúvida, passou por uma grande evolução. Quebrar esse estigma também poderia me ajudar a economizar, já que eu finalmente poderia comparar preços como todo mundo faz.

Durante o teste, observei tudo: desde o design da plataforma até o comportamento dos motoristas. Optei por sempre iniciar trajetos com um aplicativo e finalizar com o outro, para avaliar as duas opções de forma justa.

Disponíveis para Android e iPhone (iOS), os dois aplicativos têm uma interface simples e quase idêntica: basta inserir o destino, conferir o valor, confirmar a corrida e aguardar o tempo exibido na tela. Nenhum deles exige esforço. Ambos permitem enviar mensagens ao motorista enquanto ele não chega, caso surja alguma dúvida, além de possibilitarem salvar endereços favoritos e oferecerem diferentes formas de pagamento, como cartão de débito, crédito, Pix e até dinheiro. Eles também trazem um botão de emergência, que faz contato direto com a polícia em segundos, e a opção de compartilhar a rota em tempo real com amigos ou familiares (algo essencial para quem, como eu, costuma andar sozinha e quer se sentir mais segura).

Com relação às avaliações dos motoristas, notei que elas eram sempre altas. Em sete dias, não tive nenhuma experiência ruim nesse sentido. A princípio, achei que isso acontecia porque também tenho boas avaliações nos dois apps. Mas, pesquisando melhor para entender essas regras, descobri que nem sempre é assim: se a plataforma estiver com alta demanda, ela enviará o motorista mais próximo, independentemente da nota. Ou seja, tive sorte nesse quesito.

Os preços também chamaram minha atenção. Em horários tranquilos, foi possível encontrar corridas mais baratas no 99; já em momentos de pico, a plataforma tende a cobrar mais. Percebi ainda uma novidade interessante no app: o recurso “Negocia”, que permite sugerir um valor numa faixa mínima e aguardar que algum motorista aceite. Uma função semelhante existe na Uber, chamada “Seu Preço”, mas ela não apareceu para mim. Na plataforma, a única opção disponível foi a “Espere e economize”, na qual o usuário pode aguardar um pouco mais em troca de um preço reduzido.

Além disso, o 99 agora conta com a categoria 99Plus, que reúne carros mais novos e motoristas bem avaliados, com um preço um pouco maior por corrida, elevando o padrão do serviço em Goiânia. A Uber também tem uma opção parecida: o Comfort, que custa um pouco mais do que a modalidade tradicional.

Além disso, durante a semana de testes nas duas plataformas, encontrei, na maioria das vezes, motoristas educados e veículos em boas condições — uma percepção bem diferente das experiências negativas que tive anos atrás. Pesquisando sobre as políticas do 99 atualmente, descobri que, em 2021, a plataforma atualizou suas regras e passou a exigir carros mais novos, o que elevou bastante a qualidade do serviço. Isso, no entanto, não significa que todas as experiências serão perfeitas: ainda é possível ter problemas com veículos ou motoristas em ambos os apps, mas a incidência diminuiu bastante.

Em geral, as viagens foram tranquilas e o tempo de espera foi parecido, normalmente de dois a três minutos, ótimo para uma capital. No fim das contas, percebi que o estigma que eu tinha com o 99 ficou no passado. A empresa reforçou a segurança e modernizou sua frota. Ainda assim, a Uber continua sendo a melhor escolha para mim pela sensação de estabilidade e confiança que transmite, resultado de anos de uso e familiaridade com o app.

Depois do teste, decidi que vou usar os dois conforme o momento. Se a Uber estiver com tarifa dinâmica, por exemplo, abro a 99. Se for uma corrida mais longa ou à noite, prefiro continuar com a Uber. Em qualquer uma das opções, sigo sempre atenta ao trajeto e a qualquer sinal de que algo possa estar fora do normal.