Warner à venda: a batalha por Harry Potter e o futuro da mídia

A interferência política em decisões regulatórias não é incomum, mas raramente acontece de forma tão explícita. Como observou um analista: "A decisão de um negócio de US$ 100 bilhões pode depender do humor, da agenda política ou até de um tweet de uma única pessoa."

Desde novembro de 2025, o mercado já acompanhava as negociações entre Netflix e Warner Bros. Discovery. Os rumores eram de um acordo bilionário, e a expectativa era de que a gigante do streaming fechasse a compra dos estúdios da Warner por US$ 82,7 bilhões. Na primeira semana de dezembro, o acordo foi formalizado. Parecia o fim do jogo.

Mas a Paramount Skydance mudou completamente o rumo da história nesta segunda-feira (08/12): lançou uma oferta hostil diretamente aos acionistas de US$ 108,4 bilhões para comprar não apenas os estúdios, mas toda a Warner Bros. Discovery, incluindo canais de TV a cabo como CNN e TNT que a Netflix havia deixado de fora. Qual a diferença? Mais de US$ 25 bilhões. E em dinheiro vivo.

A oferta da Paramount é apoiada pela família de Larry Ellison, fundador da Oracle, pela RedBird Capital, e por um consórcio que inclui Bank of America, Citi, Apollo, além de fundos soberanos da Arábia Saudita, Catar e Abu Dhabi, e da Affinity Partners, de Jared Kushner. Casado com Ivanka Trump, Kushner foi conselheiro sênior no primeiro mandato de Trump.

O que está em jogo é uma batalha pelo futuro o consumo de mídia, pelo controle das histórias que moldam a cultura popular e pelo tempo e dinheiro do consumidor.

O mercado de streaming, que parecia uma mina de ouro há poucos anos, chegou ao seu limite de crescimento. A Netflix, que já soma 302 milhões de assinantes globais, sabe que não conseguirá chegar organicamente a 1 bilhão de usuários. O crescimento estagnou. Ao absorver os 128 milhões de assinantes da HBO Max, a Netflix criaria uma base combinada de 430 milhões, abrindo uma vantagem sobre a concorrência.