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Agapan cobra retorno de estudos sobre alterações no Código Estadual de Meio Ambiente do RS

A Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) cobrou, em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (5), um posicionamento do governo do Estado sobre estudos enviados pela entidade e por professores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Os documentos tratam das alterações no Código Estadual de Meio Ambiente e no Código Florestal promovidas em 2020, consideradas pela entidade um retrocesso ambiental.

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A Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) cobrou, em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (5), um posicionamento do governo do Estado sobre estudos enviados pela entidade e por professores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Os documentos tratam das alterações no Código Estadual de Meio Ambiente e no Código Florestal promovidas em 2020, consideradas pela entidade um retrocesso ambiental.

“Foram alterados pontos importantíssimos para a proteção dos biomas Pampa e Mata Atlântica. Participamos de reuniões com o governador, a secretária do Meio Ambiente, Marjorie Kauffmann, e técnicos da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), entregamos o estudo e não tivemos resposta”, afirmou o presidente da Agapan, Heverton Lacerda. No total, os estudos apontam que de 246 artigos dos anos 2000, agora restam 233. Foram 59 eliminados, 46 novos, 159 alterados e 87 iguais. Os estudos foram entregues em agosto.

O professor Gonçalo Ferraz, do Departamento de Ecologia da UFRGS, destacou três pilares das mudanças em relação ao código de 2000: supressão de artigos essenciais, enfraquecimento e distorções conceituais. “O conceito de desenvolvimento sustentável não opõe economia e meio ambiente. Não existe desenvolvimento que não seja sustentável. O que vemos é um retrocesso de 50 anos”, afirmou. Ele destacou que a flexibilização do licenciamento ambiental, com criação de modalidades automáticas e retroativas, enfraquece o controle e compromete o rigor técnico.

O advogado e ex-secretário do Meio Ambiente de Porto Alegre, Beto Moesch, pontuou a exclusão de artigos como o que exigia planejamento territorial e a resolução de impasses com comunidades antes da concessão de licenças de instalação. Ele também criticou a permissão para supressão de mata nativa em áreas que não sejam de preservação permanente ou reserva legal, sem necessidade de plano de manejo. “ Isso constava no código anterior. As espécies ameaçadas de extinção também deixaram de ter proteção específica. Isso é parte de um movimento nacional de retrocesso ambiental. Os códigos estaduais servem para suplementar o federal, para ser mais restritivo, não o contrário”, alertou.

Em nota, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) informou que representantes da Agapan serão chamados para uma reunião técnica ainda em dezembro. A Sema também disse que "reafirma a sua convicção de que as alterações promovidas no Código do Meio Ambiente (Lei n° 15.434/2020) não fragilizaram a proteção ambiental."

Francisco Milanez, diretor técnico e científico da Agapan, criticou o impacto das mudanças, inclusive, para o setor empresarial local. “Essas modificações só favorecem especuladores, que estão longe daqui, que quando der problema, não irão estar aqui. Para os empresários de verdade, a fiscalização é importante para evitar passivos ambientais que podem anular os lucros obtidos”, disse. Ele e outros especialistas destacaram que, em um contexto de mudanças climáticas, o enfraquecimento das normas ambientais compromete o solo, a água, a biodiversidade e agrava eventos extremos.

 A Sema informou, ainda, sobre os "auto licenciamentos" que das mais de "500 atividades licenciadas pela Fepam, apenas 49 atividades são licenciadas via Licenciamento Ambiental por Compromisso. De cerca de 20 mil documentos licenciatórios emitidos pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental desde 2021, ano em que a LAC foi regulamentada pelo Consema, apenas 187 licenças foram emitidas nesta modalidade. Cerca de 90% delas são renovações de licenças já emitidas pelos processos trifásicos", complementou.

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