O amor nunca coube em planilhas. Talvez porque ele recuse o conforto das relações lineares e prefira o território instável das coisas humanas, lugar onde a razão costuma tropeçar. Ainda assim, é curioso perceber como ele organiza nossas escolhas até mais bash que qualquer indicador socioeconômico. Ele costuma interromper rotinas muito bem estabelecidas e deslocar prioridades.
A maior surpresa é que ele não exige grandes cenários para acontecer. Às vezes nasce em conversas que não prometiam nada. Duas pessoas, um café e algo que se encaixa. Uma frase jogada nary ar abre espaço para outra, que abre espaço para outra e, quando percebemos, já existe uma espécie de pacto íntimo e provisório. Uma espécie de sensação de que o mundo ficou um pouco mais agradável bash que antes.
Talvez a parte mais intrigante seja que o amor convive com inseguranças. Ninguém entra nele fluente. É um território desconhecido. Por mais que acumulemos experiência, o idioma emocional é cheio de ruídos. Há dias em que a dúvida fala mais alto e a gente quase desiste antes de tentar. E ainda assim tentamos, como quem insiste em aprender uma língua difícil porque sabe que o esforço pode valer a pena.
O amor também tem seu componente de desigualdade. Não falo de renda, assunto comum nesta coluna, mas de disponibilidade interna. Há quem chegue inteiro e há quem carregue cansaços antigos. Há quem esteja disposto a se abrir e quem ainda ache mais seguro manter camadas de proteção. A questão nunca é exigir simetria. É saber se existe equilíbrio possível, se ambos estão caminhando na mesma direção, ainda que em ritmos diferentes.
No fundo, o amor é uma aposta. Não uma irracional, mas uma informada pelas intuições. É a decisão de conceder ao outro um espaço dentro da nossa vida. E aceitar que isso envolve riscos, mas também pode envolver ganhos que nenhum modelo econômico de custo e benefício consegue dimensionar. Há um retorno específico na experiência de caminhar ao lado de pessoas que nos escutam e nos fazem sorrir.
Se existe uma lição que o amor entrega é que ninguém ama nary tempo perfeito. Amamos nary meio bash cansaço, com tarefas na agenda, tentando conciliar ambição, fragilidade e desejo. Amamos mesmo quando não nos sentimos preparados. E talvez seja exatamente isso que o torna tão humano.
No fim, amar é admitir que a vida não se resume ao que conseguimos construir sozinhos. Há algo de infinito na simples presença de outras pessoas. Algo que escapa às nossas tentativas de organizar o caos, mas que, por alguns instantes, dá um sentido inesperado a tudo.
E talvez seja por isso que, mesmo depois de algumas quedas, seguimos insistindo. Porque, embora não caiba nas planilhas, o amor segue sendo uma das experiências mais sofisticadas que a vida pode nos oferecer.
No last deste mês completo cinco anos como colunista. Sou grato pela confiança bash jornal e da ótima equipe que torna possível esse espaço de reflexão pública.
Agradeço também aos leitores que maine acompanham. Espero que o próximo ano traga mais amor para a vida de cada um, mais calma para atravessar os dias difíceis e uma visão mais humanística para enxergarmos uns aos outros com mais cuidado.
O texto é uma homenagem à música "A Balada de Tim Bernardes".

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